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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO DA MICROBACIA HIDROGRÁFICA CÓRREGO FUNDO NO MUNICÍPIO DE NOVO SÃO JOAQUIM, MATO GROSSO.
Amintas Nazareth Rossete 1   (orientador)   amnrote@uol.com.br
Silvestre Peris de Amorim 1   (autor)   
1. Depto. de Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
INTRODUÇÃO:
Os cerrados constituem o segundo maior bioma / domínio morfoclimático do Brasil e da América do Sul, ocupando mais de 200 000. 000 de hectares e abrigando um rico patrimônio de recursos naturais e renováveis adaptados as duas condições climáticas, edáfica e hídricas que determina sua própria existência, os cerrados se transformaram nas ultimas duas décadas na nova fronteira agrícola do país, a ponto de o cerrado já ser hoje uma das maiores regiões produtoras de grãos do Brasil e ser reconhecido como a última grande fronteira agrícola do mundo. A crescente necessidade de alimentos tem exigindo o incremento rápido da produção agrícola, seja pela expansão da área agricultável ou pelo aumento da produtividade das culturas. Este incremento tem como um dos fatores limitantes a falta de capacidade de suporte do solo devido a sua degradação acelerada. Este trabalho será realizado na microbacia hidrográfica do córrego fundo no município de Novo São Joaquim – MT, com o objetivo de obter informações sobre praticas do uso e manejo do solo, incluindo informações sobre o uso e ocupação humana (pioneira e atual), também como saber a evolução do uso de recursos naturais. Quando possível verificar o conhecimento de maneiras para recuperação de áreas degradadas.
METODOLOGIA:
O município de Novo São Joaquim localiza-se a cerca de 550 km de Cuiabá capital do Estado de Mato Grosso. Está situado no Centro- Leste do Estado, região do Médio Araguaia. As principais atividades econômicas destacam-se a pecuária intensiva, com sistema de cria , recria e corte, e a agricultura desenvolvida nas propriedades de grande extensão territorial. A microbacia do Córrego Fundo está localizada na região Centro Oeste, do município de Novo São Joaquim, região onde predomina o cerrado. Estabeleceu o limite da microbacia para estudo, a área rural, delimitada a partir do km 14 da estrada Novo São Joaquim no sentido Barra do Garças nos limites com a serra do Roncador. A área rural da microbacia hidrográfica do córrego Fundo é de aproximadamente 4.433,73 hectares. As estradas da microbacia foram percorridas em doze etapas de visitas mensais, para poder ter noção dos processos sazonais da degradação. Neste etapa foram tiradas fotografias onde se destacava em algum processo de degradação ou situação de risco, observando nas margens das estradas as influências das ações antrópicas na formação de processos erosivos. Foram feitas ainda excursões margeando o Córrego Fundo em todo seu percurso dentro da microbacia estudada, para observar a situação da mata ciliar. Para obter as características sócio–econômicas e o perfil de uso ocupação agrícola (histórica e atual) da bacia hidrográfica do córrego Fundo, foi utilizada um questionário semi-estruturado.
RESULTADOS:
A área estudada possui 33 propriedades, sendo que 24 dessas têm em médio de 56,02 ha e as outras 9 com uma média de 343,25 ha. Moram na área de estudo 198 pessoas. O nível de escolaridade dos moradores é de 18,18% sem instrução e 39,39% com primeiro grau incompleto, 18,18% com o primeiro grau completo e 15,15% com segundo grau incompleto e apenas 6,06% concluíram o ensino médio. Todos os moradores da área em estudo da microbacia têm na agropecuária sua atividade principal. A grande maioria dos moradores (60,60%) trabalhou ou trabalham em outras fazendas. Das moradias dos habitantes da microbacia 20 delas são de alvenaria, 7 de tabua e 6 de adobe. As águas utilizadas para beber em 57,57% são de cisternas, 9,09% poços artesianos, 9,09% de nascente, ficando apenas 6,06 % que usam água do rio. Os lixos dos moradores são na maioria queimados (60,60%) ou jogados nos terrenos baldio e apenas 9,09% do lixo enterrado. A microbacia está servida de rede elétrica atendendo 66,66% da população. Os restantes usam geradores (24,24%), lamparinas e /ou velas (9,09%). O extrativismo é praticado por todos os proprietários da microbacia, tanto a utilização de plantas ou ervas medicinais com a madeira. A prática de culturas permanente aparece com destaque em todas as propriedades, variando pouco de uma para outra na produção. As hortaliças são cultivadas em 81,81% das propriedades e apenas 9,09% comercializa seus produtos.
CONCLUSÕES:
O uso e ocupação pioneira da microbacia do Córrego Fundo foi feita por pessoas simples (meeiro ou arrendatário) em busca de melhores condições de vida e fugindo das atividades cansativas de garimpeiro e pouco lucrativas. Suas principais atividades foram às lavouras (feijão e arroz) cultivadas em roça de toco. A atividade de mais importância na microbacia do Córrego Fundo atualmente é a pecuária, embora seja considerada de baixo rendimento, mas tem a compensação de ser segura com pouco risco. No entanto como não está tendo um controle com o uso do solo poderá com o passar dos anos tornar-se inviável, a má cobertura do solo pelas pastagens degradadas e formação de trilhas de gado no sentido do declive, favorece a ocorrência de erosão. Na microbacia do Córrego Fundo a pratica de culturas permanentes, está presente em todas as propriedades, porém sem visão lucrativas com o objetivo somente ao consumo familiar. Quase que na totalidade, os produtores da microbacia não respeitam as áreas de preservação permanente no tocante a mata ciliar. A população da microbacia do Córrego Fundo apresenta um baixo índice de escolaridade e isso trás prejuízo direto aos produtores por falta de informações suficiente para conseguir realizar suas atividades econômicas, de uma forma correta e dentro da legalidade. O solo da microbacia está sofrendo processo de degradação, e não há nenhum programa do governo, de recuperação do ecossistema (cerrado, solo, mata ciliar) nesta microbacia.
Palavras-chave:  microbacia hidrográfica; uso e ocupação; Mato Grosso.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004