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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social
HISTÓRIAS DE VIDAS: UM ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE MULHERES PANTANEIRAS.
Ekelis Cris Pires Sales 1   (autor)   ekelis@ibest.com.br
Eudes Fernando Leite 2   (orientador)   eudesfernando@aol.com
1. Graduanda em Psicologia / Campus do Pantanal - UFMS
2. Prof. Dr. do Depto. de Ciências Humanas / Campus de Dourados - UFMS
INTRODUÇÃO:
Através do estudo das representações sociais de mulheres pantaneiras, buscamos conhecer todo seu contexto sóciocultural. Nesse sentido, tentamos analisar a memória de algumas pessoas, em relação a aspectos religiosos e culturais de uma região.
Investigamos as representações sociais de mulheres pantaneiras através do relato de suas histórias de vida. Partimos do objetivo de conhecermos amplamente o universo religioso, e qual seu significado para a mulher pantaneira.
Dessa forma, identificamos as representações sociais de mulheres pantaneiras em relação aos aspectos religiosos de sua sociedade, como elas se vêem no contexto local.
Identificamos também a complexidade e riqueza do universo feminino pantaneiro, detectando a ideologia e outros componentes fundamentais para compreensão de sua cultura.
METODOLOGIA:
A priori, foi realizado levantamento bibliográfico em relação ao tema a ser trabalhado. Em seguida ocorreu o mapeamento e posteriormente aproximação com os sujeitos. Foram entrevistadas sete (07) mulheres com idade entre 35 e 70 anos. Todas residentes na região ribeirinha de Corumbá-MS.
O próximo passo foi à realização das entrevistas, utilizando o método de história oral para a produção das mesmas. Logo após, realizamos as transcrições das entrevistas e conseqüentemente a análise qualitativa dos dados obtidos.
Por meio das narrativas utilizamos a linguagem como instrumento objetivador das experiências de mulheres pantaneiras, empregando conceitos que permitem entender as relações sócio-culturais em situação de diálogo.
RESULTADOS:
Os resultados obtidos informam que a religiosidade é um processo contínuo na vida das mulheres. Ensinada pelos pais, e transmitida aos filhos como necessária para viver, tornando-se algo presente na vida das mulheres pantaneiras.
No decorrer de suas vidas internalizam esta convicção como fundamental para buscar respostas para as dificuldades que estão vivendo no momento. A devoção ao sagrado é uma presença fluente no cotidiano dessas mulheres, aparecendo nas mais significantes atividades do dia-a-dia.
A religião se configura como componente cultural indispensável para sobrevivência e para alcançar seus objetivos, manifestando-se de diferentes formas em cada grupo familiar. Nos discursos foram encontradas referências a religiões  ou práticas religiosas - distintas: evangélicas, católicas e espíritas.
Percebemos, que quando as mulheres pantaneiras narram elementos do seu cotidiano, elas demonstram um saber diferenciado, constituído-se nas relações familiares.
Cada família tem sua própria organização, seus aspectos e costumes que adquiriram no decorrer do tempo no Pantanal, os quais são transmitidos para as gerações seguintes. Dentre estes aspectos e costumes, a religiosidade se destaca como sendo extremamente importante para a formação de moral e juízos. Isso faz com que muitos valores sejam mantidos e respeitados no decorrer das gerações.
CONCLUSÕES:
As relações da mulher pantaneira com o mundo religioso se mantêm como uma habilidade necessária para sobrevivência, pois Deus é uma presença familiar em seus relatos que se misturam em situações do cotidiano (se Deus quiser eu consigo, Deus vai me ajudar).
A mulher pantaneira também é responsável pela educação religiosa dos filhos. Desde cedo ensinam a eles a devoção ao sagrado. Portanto, ao repassarem uma prática religiosa aos filhos, estão transmitindo conhecimentos que articulam práticas de vida.
A religião é vista como fundamental e essencial para vida, pois este conjunto de práticas e princípios intermediam as relações das mulheres pantaneiras.
As mulheres pantaneiras demonstraram um saber religioso que foi constituído no núcleo familiar e transmitido para seus filhos como essencial para vida. Assim, percebemos que ocorre toda uma construção do processo religioso através de uma graça alcançada, formando nesse sentido, o imaginário religioso da mulher pantaneira.
A representação que ela elabora em relação à religião origina do grupo social ao qual está inserida, construindo dessa forma, sua identidade social.
Instituição de fomento: CNPQ
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Mulher; Religiosidade; Cultura.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004