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F. Ciências Sociais Aplicadas - 11. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
AMPLITUDE DE MOVIMENTO DE FLEXÃO DO QUADRIL E DA COLUNA VERTEBRAL E SUA RELAÇÃO COM A POSTURA EM PÉ E SENTADA
Laura Eichenberg Surita 1   (autor)   lasurita@terra.com.br
Alexandre Luís da Silva Ritter 3   (colaborador)   alexandre.ritter@terra.com.br
Jorge Luiz de Souza 2   (orientador)   jlsouza@esef.ufrgs.br
1. Graduanda de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS
2. Prof. Dr. do Depto. de Educação Física, Univ. Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS
3. Mestre, Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS
INTRODUÇÃO:
A flexibilidade é uma das qualidades físicas determinantes da aptidão física e é principalmente influenciada pela idade e sexo (NORKIN & WHITE, 1997). A literatura apresenta que as meninas são mais flexíveis que os meninos (ALTER, 1999, GAYA, 2002), entretanto, os estudos geralmente utilizam testes que avaliam a flexibilidade geral da criança. Um estudo preliminar (SURITA & SOUZA, 2002) que avaliou a flexibilidade da coluna vertebral mostrou que os meninos de 7 a 8 anos possuíam médias maiores que as meninas.
Durante o período da infância e adolescência, ocorrem alterações significativas na flexibilidade. Os ossos crescem mais rapidamente que o alongamento da musculatura e encurtamentos musculares podem ser provocados. De acordo com Souza (1996), esses encurtamentos podem ocasionar desvios posturais.
A literatura que fala sobre flexibilidade e postura corporal (STRUYF, 1995; DUFFOUR, 1989), mostra que é importante preservar a amplitude das articulações do quadril e da coluna vertebral, para a manutenção da postura e realização das atividades diárias. Como a criança é mais flexível que o adulto, a formação de más atitudes posturais como a sua correção, ficam facilitadas nesta fase.
Diante disso, resolveu-se realizar um estudo descritivo que objetiva apresentar a amplitude articular de flexão do quadril e da coluna vertebral de crianças de 7 a 14 anos, considerando a idade e o sexo e verificar a relação entre estas amplitudes e a postura corporal nas posições em pé e sentada.
METODOLOGIA:
Depois do contato com a direção da Escola Estadual Otávio de Souza, em Porto Alegre e a sua autorização para realização da pesquisa, encaminhou-se um Termo de Consentimento Informado para os pais das crianças selecionadas. Após o consentimento, iniciou-se a coleta de dados. Inicialmente, foi mensurada, na própria Escola, a amplitude de flexão do quadril através da goniometria (NORKIN & WHITE, 1997) e a amplitude de flexão da coluna vertebral através do Teste de Schober (DUFFOUR, 1989). Em seguida, as crianças foram levadas até o Laboratório de Pesquisa do Exercício da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde foram fotografadas em trajes de banho, nas posturas em pé e sentada. Na postura em pé, as crianças foram posicionadas diante de um posturógrafo e fotografadas de perfil. Na postura sentada, foram realizadas duas fotografias: na primeira foi solicitado apenas para a criança sentar no banco, e na segunda a criança foi orientada a sentar sobre os ísquios.
A amostra desse estudo foi composta por 100 escolares de ambos os sexos, divididos em quatro grupos: 7 a 8 anos, 9 a 10 anos, 11 a 12 anos e 13 a 14 anos.
O tratamento estatístico foi realizado através do Pacote Estatístico SPSS 8.0 for Windows. Para a comparação entre os sexos foi utilizado o Teste T de Student para variáveis independentes. Para a comparação entre as faixas etárias foi utilizado ANOVA ONE WAY (teste post-hoc Bonferroni). O nível de significância adotado foi p<0,05.
RESULTADOS:
A análise estatística mostrou que, comparando as crianças por faixa etária, na flexão do quadril, não houve diferença significativa entre o grupo de 9 a 10 anos e o de 11 a 12 anos, assim como entre o grupo de 11 a 12 anos e o de 13 a 14 anos. Na flexão da coluna vertebral, não houve diferença significativa apenas entre o grupo de 7 a 8 anos e o de 9 a 10 anos na flexão da coluna total e não houve diferença significativa entre todas as faixas etárias na flexão da coluna lombar.
Comparando meninos e meninas, houve diferença significativa na flexão do quadril e na flexão da coluna lombar entre as crianças de 11 a 12 anos e entre as de 13 a 14 anos. Em relação à flexão da coluna vertebral não houve diferença significativa entre meninos e meninas em todas as faixas etárias.
Comparando as fotografias na postura em pé, podemos perceber que há uma prevalência, principalmente nos mais jovens, de possuir anteversão do quadril, hiperlordose lombar e protusão abdominal. Todas estas, características da faixa etária, não sendo desvios estruturais.
Analisando as fotografias na postura sentada, a maioria das crianças apresentou cifose dorsal associada à retroversão do quadril, mas a maioria delas conseguiu sentar sobre os ísquios quando orientadas para o mesmo.
Dessa forma, é importante considerar que as crianças apresentaram posturas funcionais (flexíveis) características da faixa etária, o que justifica, em alguma medida, a não interferência das mesmas na sua flexibilidade.
CONCLUSÕES:
Os resultados obtidos permitem inferir que as meninas investigadas apresentaram maior amplitude de flexão do quadril que os meninos em todas as faixas etárias e possuem maior amplitude na coluna lombar apenas entre 11 e 14 anos. Entretanto, essas diferenças são significativas apenas dos 11 aos 14 anos, no momento em que as crianças estão se aproximando da puberdade. Na flexão total da coluna, os meninos apresentaram médias maiores que as meninas até os 10 anos, mas essas diferenças não foram significativas. Em relação à postura em pé, nota-se que a acentuação de alguns desvios posturais estruturais associada com a pouca flexibilidade impediu que algumas crianças sentassem sobre os ísquios. Entretanto, não foi possível relacionar a postura em pé com a amplitude das articulações, uma vez que alguns dos desvios posturais eram funcionais e não estruturais. Em relação à postura sentada, constatou-se que a maioria das crianças possui amplitude suficiente para sentar sobre os ísquios, mas só adotam essa postura quando solicitadas.
Sendo assim, percebe-se a importância de estimular a atividade física no período escolar, enfatizando exercícios de flexibilidade, pois através desses dados constatou-se que as crianças não são tão flexíveis como a literatura aponta. Pretende-se num estudo futuro avaliar as questões dessa pesquisa relacionando-as com a maturação sexual, prática de atividade física e atividades realizadas no tempo livre, uma vez que as crianças estão mais inativas atualmente.
Instituição de fomento: MEC/DEPEN/SESu/PET
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  flexibilidade de crianças e adolescentes; postura em pé; postura sentada.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004