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C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 3. Toxicologia
AVALIAÇÃO DA TOXIDEZ E DA ATIVIDADE ANTI-HELMÍNTICA DE EXTRATOS BRUTOS DE Hymenaea courbaril
Janaina Silva Vettorazzi 1   (autor)   Vettorazzi@@ufrrj.br
Ronald Bastos Freire 1   (orientador)   rbfreire@ufrrj.br
Barbara Cruz Tavares de Macedo Fernandes 1   (colaborador)   
Vívian Assunção Nogueira 1   (colaborador)   
Eline Simões Gonçalves 1   (colaborador)   
Mônica Rosa Oliveira 1   (colaborador)   
Leonardo Azevedo da Silva Rosadas 1   (colaborador)   
Paulo Vítor da Silva e Souza 1   (colaborador)   
Felipe Baggio Vianna 1   (colaborador)   
1. Instituto de Biologia-Área de Biologia,Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro-UFRRJ
INTRODUÇÃO:
Hymenea coubaril, árvore de grande porte, com florescência nos meses de março, possui fruto tipo vagem rígida com aproximadamente 24 cm de comprimento, contendo de 4 à 5 sementes. É também conhecida popularmente por dedo-de-pé, jataí, copal-do-brasil e jatobá. Planta que tem um longo histórico de utilização, por tribos indígenas amazônicas, fazendo parte de sua medicina. Ao jatobá, são atribuídas algumas indicações terapêuticas, destacando-se, a forte indicação vermífuga; sendo o extrato bruto da casca do cerne, preparado por decocção, indicado como anti-helmíntico (Balbach, 1971; Ducke, 1985).
Atualmente, Hymenaea courbaril ,está em uma lista oficial, ocupando o 10o lugar entre as espécies em perigo de extinção da flora brasileira (Rizzini & Moraes, 1976; IUNC, 1993; Mendonça & Lins, 2000).
O respectivo trabalho teve por objetivos investigar a toxidez e a atividade anti-helmíntica de extratos brutos de Hymenaea courbaril, como indicado pela cultura popular, utilizando camundongos albinos (SW), infectados naturalmente com Vampirolepis nana, e Aspiculuris tetraptera, como modelos biológicos. Os possíveis efeitos tóxicos sobre os animais tratados, bem como sobre células da linhagem MDBK e sobre os parasitos, foram observados.
METODOLOGIA:
Hymenaea courbaril foi obtida no horto florestal da UFRRJ e depositada no herbário do Dept. de Botânica com o registro RBR-4615.
Extratos brutos aquosos, nas concentrações de 10 e 20%, foram preparados por infusão das folhas e cocção para a casca do cerne e casca da raiz.
Nos ensaios de atividade anti-helmíntica, foram utilizados lotes contendo dez camundongos albinos, naturalmente infectados por Vampirolepis nana eAspiculuris tetráptera Cada ensaio foi realizado em um período de 5 dias, onde nos três primeiros administrou-se o extrato vegetal, no quarto dia procedeu-se intervalo, seguido de sacrifício (ao quinto dia), quando os animais foram necropsiados, para avaliação e quantificação de parasitos remanescentes nas mucosas intestinais. A cada período de 24 horas, durante todo o experimento, amostras de fezes dos animais, foram examinados em lupa estereoscópica (400x). Após o sacrifício avaliou-se a presença de parasitos remanescentes no intestino. A avaliação do perfil hepático dos animais foi comparado com os padrões descritos para camundongos conforme Kaneko (1989).
Para os testes de citotoxidez os extratos preparados foram aliquotados e armazenados a -20°c até o momento de uso. Os parasitos utilizados nos testes para avaliar o efeito dos extratos de H. courbaril, após sua obtenção, foram transferidos para placas de petri contendo os extratos e o grupo controle para solução fisiológica de Locke.
RESULTADOS:
Nas avaliações com os extratos brutos aquosos de H. courbaril, sobre a eliminação de V. nana, observou-se que nos tratamentos com o extrato das folhas a 20%, somente 30% dos animais responderam, e 10%, não houve eliminação. Com extrato da casca do cerne (20%), a maior resposta de eliminação foi de 87,5% em 10% dos animais testados. Ao que parece, a melhor resposta de eliminação se deu com os extratos preparados com a casca da raiz (20%), que apesar dos baixos percentuais de eliminação para a maioria dos animais tratados, foi o único tratamento onde houve resposta de 100% dos animais.
Em todos os tratamentos realizados, a menor resposta quanto a eliminação de V. nana apresentou-se abaixo do controle não tratado, e para as maiores respostas, a eficácia dos tratamentos ficou abaixo do desejado, dada a alta toxidez produzida aos animais.
Sobre o nematóide A. tetráptera, os extratos brutos aquosos das folhas, casca do cerne e casca do caule de H. courbaril nas mesmas concentrações testadas sobre V. nana, não produziram efeitos sobre a eliminação desse parasito, exceto para o tratamento com o extrato da folha a 10%, onde se observou, que 30% dos animais eliminaram 100%.
Os efeitos tóxicos produzidos pelos tratamentos, constituíram-se em alteração do comportamento dos animais; perda de pêlos e presença de pontos hemorrágicos em toda a extensão do intestino; alterações no perfil hepatobiliar; efeitos citotóxicos sobre células MDBK e diretamente sobre V. nana
CONCLUSÕES:
Os extratos testados mostraram-se ineficazes em todos os tratamentos realizados, não O extratos produziram efeitos tóxicos aos animais, sobre células “in vitro” e diretamente sobre V. nanasobre os animais houve a geração de hepatotoxidez e síndrome hemorrágica ao nível intestinal
Dessa forma, a utilização de extratos brutos aquosos do jatobá, é contra-indicado conforme a utilização popular.
Esses estudos reforçam a breve necessidade em se rever a utilização do jatobá como recurso medicinal, não só pela provável ocorrência de quadros de intoxicação, não relacionados com a sua ingestão, mas, pelo fato de estar a espécie vegetal citada como ameaçada de extinção. a coleta predatória do vegetal ficou evidenciada nesse estudo, caracterizando o seu uso indiscriminado, contribuindo dessa forma, com a desnecessária agressão a biodiversidade vegetal.
Palavras-chave:  Hymenaea courbaril; toxidez; atividade anti-helmíntica.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004