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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 7. Psicologia do Ensino e da Aprendizagem
CATEGORIAS COMPORTAMENTAIS DE PRÉ-ESCOLARES RELACIONADAS A FATORES AFETIVO-MOTIVACIONAIS, EM SITUAÇÃO DE AVALIAÇÃO DE HABILIDADES ARITMÉTICAS ENSINADAS EM CONTEXTO INFORMATIZADO.
Elissa Orlandi 4, 6   (autor)   elissaorlandi@terra.com.br
Erika da Silva Ferrão 1, 5   (autor)   erikadsf@terra.com.br
Sônia Regina Fiorim Enumo 2, 3, 7   (orientador)   soniaenumo@terra.com.br
Maria Margarida Pereira Rodrigues 2, 3   (co-orientador)   mariampr@terra.com.br
Lidiane Leite 4, 6   (colaborador)   lidianepsi@yahoo.com.br
Mylena Pinto Lima Ribeiro 1   (colaborador)   mylenalima@escelsa.com.br
Rafaela Feijó dos Santos 4, 8   (colaborador)   kkfe@bol.com.br
1. Doutoranda em Psicologia – UFES
2. Profa. Dra. do Depto. Psicologia Social e do Desenvolvimento – UFES
3. Profa. Dra. do Programa de Pós-Graduação em Psicologia – UFES
4. Graduanda em Psicologia – UFES
5. Bolsista de Demanda Social – CAPES
6. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica/CNPq - UFES
7. Pesquisadora CNPq
8. Bolsista de Iniciação Científica – CNPq – UFES
INTRODUÇÃO:
Busca-se entender a relação entre os processos de aprendizagem, desempenho escolar, mudanças cognitivas e fatores afetivo-motivacionais ou não-intelectuais do desempenho da criança em interação com o adulto, analisando-se comportamentos como a necessidade da criança realizar o trabalho independentemente, sua confiança na resposta correta, a acessibilidade à mediação do adulto, não ter atitude defensiva, entre outros. Estes comportamentos têm sido determinantes à compreensão dos problemas de aprendizagem desde a idade precoce, afetando o desempenho tanto quanto as variáveis cognitivas. No contexto da aprendizagem, a criança vivencia situações de avaliação, que agravam a influência desses aspectos, podendo afetar sua auto-imagem, a expectativa de sucesso, gerando ansiedade. Há, porém, dificuldades na investigação dos fatores não-intelectuais, como a falta de consenso na definição dos conceitos, de objetividade dos mesmos e de um método de pesquisa preciso para identificá-los em situação de interação, seja de ensino ou avaliação, lembrando que a maior parte dessas variáveis não é exibida como comportamentos manifestos, levando a poucas tentativas de operacionalização. Considerando importante identificar e analisar esses fatores, esta pesquisa visou elaborar um conjunto de categorias comportamentais relacionado aos fatores não-intelectuais em crianças referidas com problemas de aprendizagem, durante a avaliação de habilidades aritméticas ensinadas em contexto informatizado.
METODOLOGIA:
Participaram 14 crianças pré-escolares (8 meninas e 6 meninos), com idade entre 5 e 6 anos (média=5), matriculadas em um Centro Municipal de Educação Infantil de Vitória, ES, onde os dados foram coletados. A situação de observação e registro de comportamento das crianças ocorreu durante a fase de avaliação do programa de ensino– Sistema Computadorizado para o Ensino de Leitura e de Relações Condicionais e Seqüenciais – REL 3.0, com tarefas de ordenação de estímulos e de discriminação condicional realizadas pela criança, monitorada por um de 4 examinadores disponíveis. O procedimento apresenta diferentes arranjos (4 conjuntos de estímulos) e tem 21 fases de ensino (examinador ensina a tarefa) e testes em que a criança executa sem ajuda. A criança só avança para a fase de teste quando bem treinada. Os comportamentos da criança relacionados ao computador, ao examinador, e vice-versa, foram registrados de modo cursivo, durante 25 sessões (média=15 min./sessão) na fase de teste, durante 6 dias, por 4 semanas, totalizando 389 min de observação. Posteriormente, listou-se as unidades comportamentais da criança em interação relacionadas aos fatores afetivos-motivacionais do seu desempenho. Com isso, foi definido um conjunto de 27 categorias descritivas do comportamento da criança, que foram aplicadas na mesma situação, com teste de concordância, contagem de freqüência de ocorrência e cálculo de porcentagem.
RESULTADOS:
As categorias descritivas obtidas foram: 1-Aceita prosseguir; 2-Obedece instruções; 3-Realiza tarefa independentemente; 4-Realiza tarefa pelo computador; 5-Verbaliza que quer realizar a tarefa; 6-Faz comentário que demonstra domínio da tarefa; 7-Dá feedback; 8-Atende ordem; 9-Pede orientação; 10-Demonstra afeto; 11-Confirma resposta dada; 12-Modifica resposta espontaneamente; 13-Modifica resposta quando questionado; 14-Protesta contra repreensão; 15-Não segue instrução; 16-Distrai-se com o ambiente; 17-Manipula incorretamente o computador; 18-Inicia outros assuntos; 19-Ignora ordem; 20-Não dá feedback; 21-Não obedece às instruções; 22-Exibe comportamento perturbador; 23-Chama atenção; 24-Demonstra querer o término da tarefa; 25-Demonstra cansaço; 26-Demonstra timidez; 27-Demonstra inquietude. Considerando-se o desempenho esperado em tarefas, avaliativas ou não, foram identificadas as 13 primeiras categorias como facilitadoras do desempenho de crianças, e como não-facilitadoras, as outras 14 restantes, de acordo a literatura. As categorias mais freqüentes foram as facilitadoras, com destaque para “obedece instruções do mediador” (48,9%). As duas outras categorias mais freqüentes foram “distrai-se com o ambiente” (10,3%) e “não obedece às instruções” (7,7%).
CONCLUSÕES:
As categorias propostas possibilitaram uma análise mais objetiva da situação de resolução de tarefa pela criança no computador, permitindo identificar aspectos mais qualitativos do seu desempenho. Possivelmente, o fato de a tarefa ser computadorizada e, portanto, mais motivadora segundo pesquisas recentes, justifique a participação ativa das crianças, obedecendo às instruções. Entretanto, o alto índice, discrepante, obtido nesta categoria se deve, provavelmente, à tarefa ser composta de vários arranjos, apresentados em intervalos curtos, gerando um grande número de ocorrência de respostas ao longo da atividade. As categorias não-facilitadoras mais freqüentes já citadas e outras, como “Inicia outros assuntos”, devem ser analisadas cuidadosamente, devido às diferenças comportamentais típicas dessa idade (menor tempo de atenção e concentração, interesses mais difusos, por exemplo), quando comparadas com crianças em idade escolar. Mesmo assim, considerou-se que essas crianças já haviam passado por uma situação de ensino, cujo modelo do comportamento esperado lhes foi oferecido indiretamente pelo examinador. Pretendeu-se construir categorias que preenchessem os critérios definidores dos chamados fatores não-intelectuais, de forma a colaborar na investigação e análise desses fatores em questão. Espera-se, assim, contribuir para uma melhor compreensão do desempenho de crianças desde a idade pré-escolar, na área de prevenção ou intervenção precoce de problemas de aprendizagem.
Instituição de fomento: CAPES, CNPq, PIBIC/CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Construção de categorias; Fatores afetivo-motivacionais; Problemas de aprendizagem.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004