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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
AS RELAÇOES INTERPESSOAIS NUMA ESCOLA DE FORMAÇÃO DOCENTE
Laís Akemi Nishiyama 1, 2   (autor)   laisakemi@uol.com.br
1. Centro Universitário Sant´Anna
2. Faculdades Integradas Campos Salles
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho é uma síntese da tese de doutorado da autora que teve objetivo de apresentar ao público leitor como as relações interpessoais se manifestam numa escola de formação, em contexto de mudança. O problema era verificar os impactos causados pelo contexto econômico, social e educacional sobre as ações pedagógicas dos sujeitos daquela escola. A pergunta norteadora da pesquisa foi: como as relações interpessoais se manifestam numa escola de formação?
Com base nos estudos de desenvolvimento pessoal de Carl Rogers, e da teoria de Santiago de Maturana, biólogo que explica as formas da interação estrutural interna do homem com o meio, e de autores brasileiros: Placco, Almeida, Carvalho, Mahoney, Nóvoa, Silva J. e Silva M, a pesquisadora realizou observações atentas centradas nas relações sociais dos sujeitos em ação.
O trabalho de tese está estruturado em cinco partes, sendo a primeira, uma introdução na qual há apresentação do tema, a história da pesquisadora e a origem dos estudos. Na segunda, há a apresentação do alicerce do conhecimento. A terceira, “Tecendo passo a passo o conhecimento”, descreve a trilha metodológica. A quarta parte, “O conhecimento revelado: uma descrição analítico-reflexiva” analisa os cinco episódios. A quinta parte, “Fechando as cortinas: um final provisório” encerra o trabalho com algumas evidências das interações interpessoais e uma possibilidade de mudança pela via das interações humanas.
METODOLOGIA:
A metodologia utilizada foi a investigação qualitativa do tipo etnográfico de Marli André.Privilegiou-se a coleta de dados num ambiente escolar, com destaque no processo e nas interações dos sujeitos da escola.
Os recursos utilizados nessa pesquisa foram quatro: primeiro, a observação atenta dos fatos.Segundo, a descrição detalhada de todas as formas de expressão. O material utilizado foi o diário de campo e um gravador. Terceiro, a entrevista não estruturada para livre expressão do entrevistado.Quarto, o estudo dos documentos: o Plano Diretor: 1998 e 1999, legislações sobre o Centro de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério - CEFAM - e documentos da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo.
De posse dos dados coletados com esses recursos, passou-se a organização de episódios, abrangendo cenas e cenários do cotidiano documentado. Foram cinco episódios elaborados: 1-A dispensa da coordenadora; 2-Observando os alunos no pátio; 3-O diretor preparando os professores para uma reunião de pais; 4- a atuação do diretor; 5-Professores construindo um projeto pedagógico.
Szymanski, Almeida e Prandini (2002) contribuíram com sua proposta de análise de entrevistas para a compreensão dos episódios.A análise crítica de dados, com os autores referendados na introdução, foi a última etapa.
RESULTADOS:
A análise dos 5 episódios, a verificação da freqüência e constância dos significados, o cuidado na percepção dos movimentos das falas e sentimentos permitiu apreensão dos sentidos englobados nas seguintes categorias: valorização do CEFAM, da função da coordenadora, da função do diretor, das relações sociais de solidariedade X desinteresse dos alunos.
O diálogo com os autores referendados permitiu afirmar que a as relações interpessoais apresentam muitas ondulações, com picos altos e baixos, nas aproximações entre as pessoas. A contradição dos sentimentos é uma constante nas interações.
De verdadeiros momentos de encontros entre pessoas e grupos e diálogos sinceros passava-se para um clima carregado de tensão em que o grupo de professores não se entendia, e levava dias para resolução de um problema. As reuniões entre professores, pais e diretor, eram por vezes repletas de compreensão, de discussão de posicionamentos dos professores, e outras vezes irredutíveis exigindo a intervenção do gestor que propunha leitura de textos reflexivos sobre a “vida”, a “troca” e outros.
As ondulações eram motivadas por um estímulo externo tanto do contexto sócio-econômico educacional mais amplo como pelos contextos internos da escola, gerados pelos incidentes criados na interação.
CONCLUSÕES:
Os sujeitos da escola que se revelaram ambíguos em seu agir, são antes de tudo, seres relacionais que, guiados pela emoção configuraram um espaço e um tempo de ação, diferentes em cada operação relacional.E o viver ambíguo deve-se à condição do ser vivo que possui as características do humano com a consciência, o amor, a responsabilidade, que se ampliam na medida em que ele se relaciona com o outro ser e toma consciência de suas possibilidades e limitações..
O sentido humano dos sujeitos da escola estava na expressão dos confrontos de idéias e de sentimentos. O fluir dos sentimentos contraditórios faz parte do “viver e conhecer” entre diferentes grupos de pessoas, pois as relações sociais não são lineares e sim ondulares.
A comunicação deve ser estimulada por todos, mantendo-se a continuidade para garantir a congruência e recursividade entre os comunicadores e também para formar um coletivo de professores.
A escola pesquisada teve vários momentos de crescimento e desenvolvimento humanos porque tinha no líder uma pessoa voltada tanto para a pessoa como para a instituição e com a preocupação de desenvolver relações interpessoais pautadas na “ leveza”, no “escutar” e no “falar” .
Instituição de fomento: PUCSP - tese de doutorado
Palavras-chave:  relações interpessoais-interação-grupo; formação docente-projeto pedagógico; liderança-cultura-cotidiano escolar.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004