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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
LEVANTAMENTO RÁPIDO DA DIVERSIDADE FLORÍSTICA EM DUAS MATAS SAZONALMENTE ALAGÁVEIS, DO SISTEMA DE BAÍAS CHACORORÉ-SINHÁ MARIANA, PANTANAL NORTE, MUNICÍPIO BARÃO DE MELGAÇO/MT.
Luciana Ferraz 1   (autor)   lucianaferraz1@ibest.com.br
Luciana Rebellato 1   (autor)   lurebellato@hotmail.com
Cássia Helena Gonçalves 1   (autor)   
Ivanete B. Moura 1   (autor)   
Solange Ikeda Castrillon 2   (co-orientador)   
Carolina Joana da Silva 2   (orientador)   ecopanta@terra.com.br
1. Depto. de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT
2. Depto. de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Mato Grosso- UNEMAT-Cáceres
INTRODUÇÃO:
O Pantanal Mato-grossense ocupa uma área aproximada de 140.000 Km2 e é parte integrante da bacia do rio Paraguai. Localizada entre os paralelos 16 a 22° de latitude sul e os meridianos de 55 a 58° de longitude oeste, nos estados de Mato grosso e Mato Grosso do Sul. Prance & Schaller (1982) realizaram um dos mais importantes estudos da flora e fitofisionomias do Pantanal. Entre as diversas fisionomias estão: pântanos, florestas de galeria, formações aluviais, florestas decíduas e diversas formas de cerrado. As matas de galeria caracterizam-se por se associarem aos cursos d´água atuando como barreira física regulando os processos de troca entre os sistemas terrestres e aquáticos, desenvolvendo condições propícias a infiltração. Estes ecossistemas impõem a vegetação adaptações para tolerarem solos encharcados ou a inundações temporárias e algumas condições locais favorecem o estabelecimento de hegemonias na vegetação por meio de espécies que exibem dominância local. Diversas intervenções antrópicas têm acarretado sérios danos a essa planície inundável, como exemplo, a fragmentação das matas de galeria, ocasionando a perda de habitat e o seu isolamento. Essa fragmentação afeta várias espécies alterando a diversidade da flora e fauna. O objetivo deste trabalho foi avaliar a diversidade florística de dois remanecentes de mata alagável do sistema de baías Chacororé-Sinhá Mariana, Barão de Melgaço- MT, comparando-as, utilizando o método proposto por Stholgrent (1997).
METODOLOGIA:
Este estudo foi realizado em duas áreas de mata sazonalmente alagáveis, estando a primeira à margem esquerda da Baía de Sinhá Mariana, próximo a pousada FOAD (parcela1), e a segunda, à margem esquerda do Rio Mutum ao lado da pousada Mutum (parcela 2), sendo a primeira um fragmento. A distância das parcelas em relação ao curso d'água diferiram, estando a parcela 1 mais próxima ao curso d'água. Aplicou-se a metodologia proposta por Whittaker (1975), modificada por Stohlgrent (1997), que consiste na determinação de uma parcela amostral de 1000m2, subdividido em 14 subparcelas: 10 subparcelas (A) de 2,0 x 0,5m (amostrando todas as espécies presentes, desde plântulas), 2 subparcelas (B) de 2,0 x 5,0m (idem ao subparcela (A)), 1 subparcela (C) de 5,0 x 20m (considerando somente espécies acima de 2,0m), 1 subparcela (D) composto pela área total de 1000m2, subtraindo as demais subparcelas anteriormente mencionadas (considerando todas as espécies não encontradas nas parcelas anteriores). Foram feitas coletas do material vegetal para exsicatas contendo o código da parcela e o número dos indivíduos, posteriormente colocadas em estufa e identificadas no Herbário da UFMT/IB. A partir dos dados coletados em campo realizou-se o tratamento estatístico dos mesmos, aplicando os índices de diversidade de Shannon-Wienner e medidas de Equitabilidade. O índice de similaridade de Jaccard também foi aplicado para comparação entre as parcelas das duas áreas.
RESULTADOS:
O levantamento rápido na mata alagável da parcela 1 totalizou 98 indivíduos, distribuídos em 7 espécies. Eugenia sp. apresentou o maior número de indivíduos (53), seguida de Licania minutiflora (27) e Trichilia catigua (13). O índice de diversidade de Shannon-wiennner foi de H = 1,69 e equitabilidade de E = 0,60. O levantamento rápido na mata da parcela 2 totalizou 52 indivíduios, distribuídos por 11 espécies. Mabea fistulifera apresentou o maior número de indivíduos (17), seguida de Mouriri guinensis (12) e Vochysia divergens (7). O índice de diversidade de Shannon-wiennner foi de H = 2,79 e equitabilidade de E = 0,81. A similaridade entre as parcelas das duas áreas foi baixa, Sj= 20%. Os índices utilizados neste trabalho expressaram diferenças entre as áreas amostrais. Podendo estes resultados estarem relacionados a diversos aspectos do ambiente em que se encontram: saturação do solo diferenciada, constantes alagamentos, com intensidade e duração diferenciadas, condição topográfica e o tipo de solo diferenciados. As diferenças entre as áreas também podem estar relacionados à elevada freqüência de alterações que ocorrem na zona ripária: fragmentação e/ou formação de uma floresta cultural da parcela 1, por esta conter alta dominância de Eugenia sp., que é utilizado como um recurso alimentar atrativo para peixes, os quais suprem as necessidades protéicas da população local.
CONCLUSÕES:
O método proposto demonstrou-se eficaz por abranger todas as sinúsias da comunidade estudada, possibilitando constatações sobre o estágio sucessional. Do ponto de vista ecológico, as matas alagáveis têm sido consideradas como corredores extremamente importantes para o desenvolvimento da fauna ao longo da paisagem, assim como para a dispersão vegetal, estas funções ecológicas, sem dúvidas são razão suficiente para justificar a necessidade da conservação das matas alagáveis, sugerindo estudos mais aprofundados nessa bacia hidrográfica para que possa ser elaborada uma política conservacionista mais efetiva.
Instituição de fomento: PPG/ Ecologia e Conservação da Biodiversidade /UFMT
Palavras-chave:  Levantamento rápido; Diversidade; Mata de galeria.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004