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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 2. Geografia Regional
MATO GROSSO E OS EIXOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL NO CENTRO OESTE SUL-AMERICANO
Serafim Carvalho Melo 1   (autor)   sermelo@terra.com.br
1. Departamento de Geoghrafia, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
INTRODUÇÃO:
A partir da década de 1990 a temática Integração Regional, sob a perspectiva sul-americana, passou, de forma mais intensa, a fazer parte das discussões políticas, econômicas e acadêmicas, no seio da sociedade brasileira. Esta década foi marcada pela intensificação da abertura da economia do país mediante o incremento do comércio internacional, encerrando o modelo econômico de substituição de importação, adotado em anos anteriores. Ressalta-se que as tentativas de integração latino-americana e, estritamente sul-americana e brasileira, remontam à década de 1950 com o Pacto de Santiago, envolvendo, Argentina, Brasil e Chile; com a criação da Associação Latino-americana de Livre comércio – ALALC, a criação do Pacto Andino, ambos na década de 1960, a transformação da ALALC em ALADI – Associação Latino-americana de Integração na década de 1980, e, finalmente, a criação do MERCOSUL em 1991, definido pelo Tratado de Assunção, marco histórico nas relações internacionais do Brasil e no processo de Integração Regional. Neste contexto, Mato Grosso, ocupa uma posição geográfica estratégica, como ponto intermediário entre as duas costas oceânicas do Atlântico e do Pacífico, distante 2.000 km de cada uma.
A busca dos meios necessários à consolidação do comércio intra-regional no centro oeste sul-americano, o acesso aos portos do Pacífico e a integração física continental, a partir dos Eixos de Integração e Desenvolvimento, constitui-se nos objetivos maiores deste trabalho.
METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado com base em intensa pesquisa bibliográfica e atividades de campo, que incluiu uma missão de estudos intitulada “Viagem pela Integração Sul-americana”, na qual participaram vários pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, objetivando levantar subsídios sobre as potencialidades e condições operacionais de efetiva integração entre os países e sub-regiões do centro-oeste sul-americano. Assim foram feitas visitas e entrevistas junto à empresas privadas e instituições governamentais, as quais possibilitaram não só definir as principais vertentes de complementaridade entre regiões de países do centro-oeste sul-americano, como também realizar minucioso levantamento sobre as dificuldades impostas à sua otimização, sobretudo relacionadas à infraestrutura viária.
Para os propósitos deste trabalho a área estudada foi o centro oeste sul-americano formado pelo noroeste do Paraguai, norte da Argentina, norte do Chile, sul do Peru, centro oeste e noroeste do Brasil e toda a Bolívia.
RESULTADOS:
Apesar do interesse brasileiro e dos países vizinhos na consolidação do processo de integração sul-americana, há ainda imensas barreiras a serem vencidas, destacando-se entre elas a de infra-estrutura de comunicação. Assim, constata-se a forte concentração das operações aéreas, nas cidades de São Paulo, Buenos Aires, Santiago e Lima, e a deficiência e mesmo inexistência de linhas regulares entre importantes cidades do centro oeste sul-americano, o que propicia a utilização de rotas mais extensas, cansativas e onerosas.
Dificuldades ainda maiores, que provocam grandes estrangulamentos, são sentidas no âmbito da infraestrutura rodoviária, o que levou os 12 Presidentes sul-americanos, em agosto de 2000, a estabelecerem um Plano de Ação, para a Integração da Infra-estrutura Sul-americana cognominado de Iniciativa IIRSA, que definiu doze Eixos de Integração e Desenvolvimento: Eixo Mercosul - Chile; Eixo Andino; Eixo Brasil – Bolívia – Paraguai – Chile - Peru; Eixo Venezuela – Brasil – Guyana - Suriname; Eixo Multimodal Orenoco – Amazonas - Prata; Eixo Multimodal do Amazonas; Eixo Marítimo do Atlântico; Eixo Marítimo do Pacífico; Eixo Nequén - Concepción; Eixo Porto Alegre – Jujuy - Antofagasta; Eixo Bolívia – Paraguai - Brasil e Eixo Peru - Brasil. Para Mato Grosso, o grande interesse recai sobre o eixo Brasil-Bolívia-Chile-Paraguai-Peru, embora os demais apresentem importância complementar.
CONCLUSÕES:
No momento em que se negocia acordos comerciais entre o MERCOSUL e a CAN- Comunidade Andina de Nações é imprescindível que a infra-estrutura de transportes rodoviário pelo centro da América do Sul, esteja em condições de atender a demanda de forma competitiva em relação ao mesmo modal de transporte, a partir do sul-sudeste brasileiro, via Buenos Aires, Santiago e Lima. Afinal de contas, o que se deve considerar não são as distâncias físicas, mas as distâncias econômicas, sob pena da região central do continente ficar isolada, agora, do ponto de vista continental. É importante ressaltar que, nesta perspectiva, Mato Grosso, tem amplas condições de participar, efetivamente, do processo de Integração Regional, especialmente do ponto de vista econômico, setor este em que se destaca pela oferta de produtos como: soja (grãos, farelo e óleo); milho; arroz; algodão; açúcar; álcool; carne bovina; couro; carne suína; aves; pescado de água doce; bebidas; frutas; ração animal; madeira e seus subprodutos; artesanato e pontos turísticos no pantanal, no cerrado e na amazônia mato-grossense. Por outro lado, também é grande a demanda de Mato Grosso, por produtos dos países vizinhos, como: Fertilizantes; sal; farinha de peixe; salmon; frutos do mar; peixes do mar; cobre; zinco; vinhos; alho; cebola; azeitonas; azeite; orégano; aspargo; artesanato; entreposto comercial das zonas francas; serviços especializados portuários e pontos turísticos de cidades históricas.
Palavras-chave:  Eixos; Integração Regional; Centro Oeste Sul-americano.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004