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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 7. Psicologia do Ensino e da Aprendizagem
PRÉ-ESCOLARES REFERIDOS POR PROBLEMAS COMPORTAMENTAIS: UMA ANÁLISE DO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DAS HABILIDADES BÁSICAS
Elissa Orlandi 1, 3   (autor)   elissaorlandi@terra.com.br
Rafaela Feijó dos Santos 1, 4   (autor)   kkfe@bol.com.br
João Paulo Guidoni 2   (colaborador)   pauloguidoni@bol.com.br
Cibele M. C. de Medeiros Cazelli 2   (colaborador)   cibelemarques@ebrnet.com.br
Mylena Pinto Lima Ribeiro 5, 6   (colaborador)   mylenalima@bol.com.br
Sônia Regina Fiorim Enumo 7, 8, 9   (orientador)   soniaenumo@terra.com.br
1. Graduanda em Psicologia – UFES
2. Graduando(a) em Psicologia, Centro Universitário de Vila Velha- UVV
3. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica/CNPq - UFES
4. Bolsista de Iniciação Científica – CNPq – UFES
5. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia – UFES
6. Profª.do Depto. de Psicologia, Centro Universitário de Vila Velha – UVV
7. Profa. Dra. do Depto. Psicologia Social e do Desenvolvimento – UFES
8. Profa. Dra. do Programa de Pós-Graduação em Psicologia – UFES
9. Pesquisadora CNPq
INTRODUÇÃO:
A identificação e caracterização precoce de dificuldades que possam ocorrer durante a aquisição de um repertório básico de leitura, de escrita e de comportamento matemático aparecem como uma alternativa para viabilizar programas de ensino que promovam o desenvolvimento de crianças em situação de risco social. Dessa forma, a aprendizagem de um repertório comportamental básico para o desenvolvimento do processo de alfabetização e o efeito dessa história de aquisição no curso da vida escolar pode ser enfatizada como uma importante área de pesquisa. Ressalta-se, ainda, a importância da avaliação de aspectos não-cognitivos que possam influenciar o comportamento de crianças no contexto da pré-escola. Tais aspectos correspondem à síntese da história de vida do pré-escolar, delineada a partir da dinâmica relação entre o indivíduo e as condições sócio-econômico-culturais em que está inserido. O objetivo desta pesquisa foi identificar e descrever relações entre o repertório comportamental, acadêmico e cognitivo de crianças pré-escolares, referidas por seus professores, e algumas variáveis da história de vida das crianças, como estratégia para avaliar a necessidade de reorganização do contexto de aprendizagem escolar, tendo em vista sua relevância para seu desenvolvimento infantil e o desempenho acadêmico.
METODOLOGIA:
Foram estudados, inicialmente, 32 alunos pré-escolares (média: 5,1 anos) que freqüentavam um Centro Municipal de Educação Infantil de Vitória/ES, encaminhados por duas professoras por apresentarem dificuldades na realização de tarefas escolares, na interação social ou por problemas de adaptação escolar. Foi feita uma entrevista de anamnese com os pais, coletando-se dados da história de vida da criança desde a concepção. Estes também preencheram a Escala Comportamental Infantil A2 de Rutter, adaptada no país por Graminha em 1994, que avalia problemas emocionais e comportamentais em crianças. Cerca de um terço dos alunos tiveram escores nesta escala indicativo de encaminhamento para atendimento psicológico (19-32 pontos), sendo selecionados, então, 10 alunos para compor a amostra da pesquisa. Foi aplicada nesta amostra a Escala de Maturidade Mental Columbia, que tem normas brasileiras, para avaliação da aptidão geral, básica, de raciocínio por classificação. E aplicou-se o Instrumento de Avaliação do Repertório Básico para Alfabetização – IAR, elaborada por Leite em 1984, como parâmetro para avaliar o desempenho de alunos pré-escolares em tarefas que envolvem noções de lateralidade, posição, direção, espaço, tamanho, quantidade, forma, discriminação visual, discriminação auditiva, verbalização de palavras, análise-síntese e coordenação motora fina. Estas são consideradas habilidades básicas para o início da escolarização. Decorridos 10 meses, o IAR foi reaplicado.
RESULTADOS:
A análise dos dados da anamnese dos 10 alunos revelou a influência de fatores, como: alto índice de gravidez indesejada (proporção de 0,9 dos casos); problemas de saúde durante o desenvolvimento (0,6); hábitos alimentares inadequados (0,5); problemas de saúde na gravidez (0,4); falta de assertividade ou agressividade da criança (0,4); e conflitos familiares (0,4). A maioria das crianças vivia em famílias de classe média-baixa, com pais que estavam empregados e as mães desempregadas, sendo que ambos tinham baixa escolaridade. O índice médio de QI dos 10 alunos, obtido pelo Columbia, foi de 83,7 (amplitude de variação de 67,2 a 118). Os dados da Escala A2 de Rutter foram identificados a partir de queixas como dor de estomago ou vômito (proporção de 0,2), dificuldade ou recusa em ir para escola (0,3) e distúrbios do sono (0,6), além de comportamentos e respondentes correlatos, tais como ficar excessivamente preocupado (0,7); apresentar manias e peculiaridades (0,5); destruir suas coisas ou as dos outros (0,8); desobedecer (0,9), mentir (0,7), pegar coisas dos outros (0,1), maltratar outras crianças (0,4). A primeira aplicação do IAR mostrou uma média de 70,8% de acertos, com dificuldades nas áreas de discriminação visual e auditiva, forma, análise-síntese e coordenação motora fina. A segunda aplicação do IAR registrou uma média de 78,1% de acertos, com maiores dificuldades em a lateralidade, a discriminação auditiva, a análise e síntese, e a coordenação motora fina.
CONCLUSÕES:
Segundo os dados obtidos, pode-se verificar que os chamados fatores não-cognitivos, que nortearam o encaminhamento dos alunos para a avaliação por seus professores, baseado em observação assistemática em sala de aula, aparecem como aspectos importantes na caracterização de seu repertório comportamental, tendo sido confirmados com a aplicação de instrumentos psicométricos e entrevista com os pais para um terço dos alunos referidos. A identificação de práticas educativas familiares inadequadas e fatores do contexto social parecem estar correlacionados com os problemas emocionais e de comportamento apresentados pelos alunos na escola. Esses mesmos fatores podem estar relacionados ao baixo desempenho médio na prova cognitiva. Os resultados da segunda avaliação do IAR apontam para os efeitos da aquisição de novas habilidades sobre o repertorio básico para a alfabetização. Apesar da melhoria em algumas habilidades, boa parte dos alunos ainda apresentou baixo desempenho em alguns itens avaliados pelo IAR, dados estes que indicam a necessidade de uma atenção especial por parte dos educadores para essas áreas. A caracterização das dificuldades apresentadas pelos alunos no desenvolvimento das habilidades básicas sugere a necessidade de um programa de ensino que considere suas necessidades educativas, ao mesmo tempo em que confirma o importante papel desempenhado pela escola neste processo de aquisição.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Pré-escola; Avaliação; Habilidades básicas.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004