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H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 6. Lingüística
A RELEVÂNCIA DOS EFEITOS FACIAIS NA CONVERSAÇÃO FACE A FACE EM SALA DE AULA.
Cristiano Lessa de Oliveira 1   (autor)   lessacristiano@hotmail.com
Maria Francisca Oliveira Santos 1   (orientador)   mfos@fapeal.br
1. Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas/ Universidade Federal de Alagoas/ UFAL
INTRODUÇÃO:
A elaboração da presente pesquisa tem como objetivo investigar a relevância dos efeitos faciais na conversação face a face no ambiente de sala de aula. Apresenta um estudo sobre como se efetua a interação entre os interactantes do discurso escolar (professor/alunos) e como se dá a construção de sentido nos momentos interativos no ambiente destacado. Esse trabalho insere-se no projeto intitulado “A importância dos elementos não-verbais e verbais no discurso interativo de sala de aula”, aprovado pelo PIBIC/CNPq/2003-04, sob a orientação da Profª Drª Maria Francisca Oliveira Santos, fazendo parte do Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüística da UFAL. Nossos estudos tomam como base não somente a interação humana, mas também a organização do discurso conversacional. Assim, segundo Fávero et aliae (1999, p. 16), “é possível detectar-se um caráter interativo em toda atividade conversacional”. Isso torna fundamental que a interação seja entendida como um componente não somente do processo de comunicação e de significação, mas também da construção de sentido, fazendo parte de todo ato de linguagem (Brait, 1993). Nessa linha de raciocínio, a conversação é compreendida como a troca dos papéis entre falante e ouvinte, para a sustentação da díade afirmação/resposta, sendo a palavra um direito do falante atual, tendo como reconhecidos não somente seu direito de falar, mas também seu dever em trocar seu papel de falante para ouvinte (Ribeiro & Garcez, 1998).
METODOLOGIA:
A nossa pesquisa está inserida numa linha de caráter qualitativo, que realiza a análise do objeto teórico em seu processo e não no produto, tendo como foco a interpretação, em vez da quantificação. Uma observação interessante é o fato de o nosso corpus ser constituído por aulas filmadas, o que nos permite uma melhor visualização dos elementos não-verbais e verbais utilizados pela professora em momentos interativos no ambiente conversacional de sala de aula. Os sujeitos dessa interatividade que, em nosso trabalho, são professor e alunos, relacionam-se, estabelecendo uma relação de poder. Segundo Santos (2002, p. 30), essas relações são aquelas “que têm o ambiente de sala de aula como espaço ideológico para a transmissão do saber, e, várias vezes, para a ação do poder daquele que pode (o professor) sobre o outro que não pode (o aluno)”.
RESULTADOS:
Com o estudo dos elementos não-verbais e verbais, foi possível observar a forma contínua em que tais elementos se imbricam nas conversações face a face. Tais elementos, chamados paralingüísticos, uma vez ativados, garantem uma melhor negociação em quaisquer situações textuais, possibilitando, assim, que o sentido do texto seja apreendido pelos interlocutores discursivos. Pelo estudo da conversação face a face em sala de aula, identificamos como fator importante para a efetivação da interatividade não somente o que dizem os olhos (comportamento ocular), mas também o que o sorriso expressa, uma vez que tais expressões faciais muito contribuem para a transmissão de mensagens no contexto escolar, bem como para a fixação dos conteúdos pelos alunos.
CONCLUSÕES:
Uma importante contribuição dos não-verbais é que eles nos permitem fazer uma leitura do verbal. Essa funcionalidade nos possibilita um melhor estudo dos processos interativos no discurso de sala de aula, uma vez que o comportamento do professor revela a presença de gestos que acompanham a sua produção lingüística. Neste trabalho, tomamos uma postura que considera os referidos elementos um continuum, sendo possível considerar que a devida utilização desses signos lingüísticos – representados aqui pelos efeitos faciais - por parte daqueles que fazem parte do discurso escolar, contribui não somente para que a interatividade se efetive, mas também aconteça a construção de sentido no contexto de sala de aula.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Elementos não-verbais e verbais; Efeitos faciais; Sala de aula.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004