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G. Ciências Humanas - 5. História - 2. História do Brasil
DITADURA, IGREJA E COTIDIANO: O OPERARIADO DA FÁBRICA DE TECIDOS DE CAMARAGIBE - PERNAMBUCO
Marcelo Cavalcanti dos Santos Chagas 1   (autor)   mcc1492@hotmail.com
Marcos Antônio Gonçalves Inácio 2   (autor)   mcc1492@hotmail.com
Mirtes Lemos da Silva 3   (autor)   mcc1492@hotmail.com
Tereza Cristina Alves dos Santos 4   (autor)   mcc1492@hotmail.com
Mirian Marinho Pereira 5   (autor)   mcc1492@hotmail.com
Isabele Michele de Andrade Carneiro 6   (autor)   mcc1492@hotmail.com
Marina Zuleide Batista da Silva 7   (autor)   mcc1492@hotmail.com
Maria da Graça Ataíde de Almeida 8   (orientador)   ataíde@hotlink.com.br
1. Pós-Grad. Depto Letras e Ciências Humanas, Univ. Fed. Rural de Pernambuco-UFRPE
2. Pós-Grad. Depto Letras e Ciências Humanas, Univ. Fed. Rural de Pernambuco-UFRPE
3. Pós-Grad. Depto Letras e Ciências Humanas, Univ. Fed. Rural de Pernambuco-UFRPE
4. Pós-Grad. Depto Letras e Ciências Humanas, Univ. Fed. Rural de Pernambuco-UFRPE
5. Pós-Grad. Depto Letras e Ciências Humanas, Univ. Fed. Rural de Pernambuco-UFRPE
6. Pós-Grad. Depto Letras e Ciências Humanas, Univ. Fed. Rural de Pernambuco-UFRPE
7. Pós-Grad. Depto Letras e Ciências Humanas, Univ. Fed. Rural de Pernambuco-UFRPE
8. Profª.Drª. Depto Letras e Ciências Humanas, Univ. Fed. Rural de Pernambuco-UFRPE
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa faz parte de uma pesquisa maior, que se volta para o mapeamento das fábricas que funcionavam em Pernambuco, quando da implantação do Estado Novo em 1937. O papel da igreja católica, buscando o consenso e paz social entre os operários tornou-se um tema relevante para o entendimento do “cotidiano controlado” construído pela fusão do poder político com o poder religioso. As imbricações entre estes dois poderes ajudaram a construir um universo simbólico, onde o medo ao comunismo foi um dos mitos alimentados para a consolidação da ditadura varguista, na qual o operariado representou “a menina dos olhos” de Getúlio Vargas. O objetivo desta pesquisa voltou-se para através do estudo de caso da Companhia Industrial Pernambucana – CIPER (também conhecida como Fábrica de Tecidos Collier e posteriormente Fábrica Braspérola), que se situava no município de Camaragibe, Pernambuco, estudar o cotidiano operário, no sentido de entender como este se processava e quais os papéis do empresário, da Igreja e do Estado naquela conjuntura.
METODOLOGIA:
O primeiro passo para a metodologia deste trabalho se voltou para uma análise da bibliografia pertinente ao tema. Em seguida, trabalhamos com entrevistas de operários remanescentes, através do aporte metodológico da História Oral. Nos utilizamos ainda do trabalho de Ecléa Bosi (1999) e da produção de textos organizada por pesquisadores do CPDOC. Num outro momento, realizamos a pesquisa iconográfica, no acervo da Fundação Joaquim Nabuco, onde foram obtidas imagens as quais, através de uma metodologia específica de desconstrução do discurso imagético (KOSSOY,1992), permitiram uma maior compreensão do cotidiano da vila operária.
RESULTADOS:
Levado por sua formação intelectual e concepção de mundo, o empresário Carlos Menezes busca, além do empreendimento, criar uma organização operária cristã. Esse processo de fomento tem início com a busca de um padre para a capela da fábrica, paralelamente à aquisição do maquinário, e se consolida com a fundação da Corporação Operária de Camaragibe, em 10 de março de 1901. Essa corporação fundamenta-se na discussão sobre o prisma católico da questão social, se enquadrando na nova trajetória canalizada pelos ensinamentos da Igreja, do que decorria a iniciativa de oferecer condições sociais, voltando-se as ações para a habitação, a escola e o próprio círculo operário. A construção da Vila Operária obedeceu aos critérios de saneamento e drenagem consoantes com as determinações da Saúde Pública da época, tendo o próprio Carlos Menezes como arquiteto. Trata-se da vila operária mais antiga da América Latina. Nas entrevistas realizadas ficou nítida a construção do imaginário operário em torno da figura de Carlos Menezes e da Igreja, onde o sagrado e o secular se mesclam, numa simbiose que ajuda no processo de acatamento às leis impostas pela fábrica, uma vez que estas eram assimiladas como obrigações sagradas.
CONCLUSÕES:
A pesquisa mostrou a profunda imbricação entre o empresário Carlos Menezes, a Igreja e o Estado na consolidação da fábrica de Camaragibe. A influência da concepção social da Igreja, através das Encíclicas Rerum Novarum e Quadragésimo Ano se fazem presente no cotidiano da vila operária e contribuem para a “paz social” num momento de efervescência da classe operária, quando as greves ameaçam o poder empresarial. As entrevistas permitiram um novo olhar sobre aquele cotidiano, através da voz dos seus atores principais: os operários.
Instituição de fomento: CNPq
Palavras-chave:  Estado Novo; operariado; igreja.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004