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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
CONTROLE DE ESCORPIÕES Tityus serrulatus E Tityus bahiensis COM BIOCIDAS NATURAIS
Maria Izabel de Andrade Plazzi 2   (autor)   
Lívia Prudente de Morais 1   (autor)   liprudente@yahoo.com.br
Neire Moura de Gouveia 1   (autor)   neyregouveia@bol.com.br
Rosy Iara Maciel de A Ribeiro 1   (orientador)   rosy@ituiutaba.uemg.br
1. Curso de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Minas Gerais - FEIT/UEMG
2. Centro de Controle de Zoonoses de Ituiutaba, CCZAAP/MG
INTRODUÇÃO:
A avaliação do escorpionismo é de grande importância para a cidade de Ituiutaba-MG.pois ocorrem com freqüência.
Diante da reclamação de moradores, medidas são tomadas pelo Centro de Controle de Zoonoses, Agravos e Animais Peçonhentos (CCZAAP), que conta com programa próprio de controle de aracnídeos.
A presente pesquisa baseia-se em estudo epidemiológico importante para a saúde pública local, já que acidentes com escorpiões geram grande número de pronto-atendimento no município.
O estudo se restringe a duas espécies de interesse sanitário Tityus serrulatus e T. bahiensis. Por se tratar de indivíduos partenogênicos, o Tityus serrulatus é encontrado em maior número. A preocupação não é apenas a presença, mas a sua reprodução, ocorrendo em ambientes co-habitados por seres humanos.
Em Ituiutaba, de dez a quinze pessoas estão sujeitas a transtornos fisiológicos todos os meses, devido a acidentes provocados pela picada de escorpiões, o que demonstra ser o escorpionismo fator relevante na preocupação sanitária local (CCZAAP).
Plantas são usadas desde a antiguidade no combate a artrópodes. O Ricinus communis L., mamona, apresenta em suas sementes violento veneno, a “ricina”.O mecanismo de ação da ricina manifesta-se por distúrbios gastroentéricos e neuromusculares. O tabaco Nicotiniana tabacum apresenta substância tóxica, a nicotina, que é excelente inseticida. 24 horas depois de pulverizada, torna-se inativa. Atua sobre o sistema nervoso central.
METODOLOGIA:
Os escorpiões Tityus serrulatus e T. bahiensis foram obtidos através de vistorias rotineiras do CCZAAP. No primeiro teste foram selecionados aleatoriamente, 18 escorpiões, Tityus serrulatus e 18 T. bahiensis, e direcionados a um controle e dois tratamentos. As duas espécies foram distribuídas em terrários de plástico (viveiro) com 21 cm de diâmetro forrados com papel microondulado.
Nos viveiros do grupo controle, foi colocado algodão embebido com água de torneira. Nos viveiros com o tratamento 1, foi colocado algodão embebido de infusão composta por água e folhas secas de tabaco . Nos viveiros com o tratamento 2, foram colocados algodão com água de torneira e folhas secas de tabaco esfareladas e espalhadas no viveiro.
No segundo teste, foram selecionados 36 escorpiões da espécie Tityus serrulatus, que foram direcionados a um controle, e dois tratamentos. Nos viveiros do grupo controle foi colocado algodão embebido em água de torneira e pingou-se uma gota da mesma água sobre o dorso do animal. No tratamento 1, foi colocado algodão embebido de infusão composta por água e folhas secas de tabaco, pingou-se uma gota da infusão no dorso do animal. No tratamento 2, foi colocado algodão embebido em solução feita com água e sementes de mamona e pingou-se uma gota da solução no dorso do animal.
Os animais receberam os tratamentos no período da manhã e, foram realizadas, de hora em hora, observações da 8:00 às 22:00 hs, por cinco dias consecutivos.
RESULTADOS:
1º Teste
Tratamento 1- Ambas espécies apresentaram-se irritadas ao contato com a infusão: movimentos descoordenados dos membros, tremores intensos e constantes de pedipalpos e télson.
Todos os seis exemplares de Tityus serrulatus ficaram expressiva e gravemente intoxicados. Na manhã seguinte, quatro dos exemplares já haviam mostrado alta capacidade de recuperação e dois morreram.
Todos os seis exemplares de T. bahiensis estavam mortos no 2º dia.
Tratamento 2- Não houve reação de irritabilidade nas espécies.
2º Teste
No início do tratamento os animais dos dois tratamentos apresentaram-se irritadiços. Ao final do 2º dia de observações, os animais tratados com infusão de tabaco apresentaram-se intoxicados; 2 mortos, 4 com tremores no télson, 4 com caudas distendidas, sem tremores, e 2 letárgicos sem apresentar distensão do télson.
Os animais tratados com mamona apresentaram-se letárgicos, mas não com tremores.
No 3º dia, os animais tratados com tabaco estavam piores, com 2 mortos e todos os outros com mais tremores. No tratamento com mamona, 4 ainda estavam letárgicos e outros começaram a apresentar sinais de intoxicação.
No 4º dia, todos animais tratados com mamona morreram ao fim do dia. Seis estavam severamente intoxicados, 4 apresentaram melhoras.
No 5º dia, os 6 animais com severos sintomas estavam mortos, e os 4 restantes, como estavam na véspera.
Dez dias depois estavam bem, sendo que um indivíduo pariu 16 filhotes no segundo dia de tratamento.
CONCLUSÕES:
Os resultados deste bioensaio com escorpiões das espécies Tityus serrulatus e T. bahiensis estão de acordo com os relatos obtidos na literatura científica, quanto ao efeito tóxico da mamona e do tabaco em outros animais. Assim como venenos industriais, a eficácia maior foi observada quando houve contato do animal com a substância ativa presente nestas plantas. Ensaio em condições que reproduzam o meio ambiente em que estes animais vivem deverá ser realizado para elucidar formas de utilização das infusões preparadas com as plantas utilizadas neste trabalho.
A utilização destas plantas não causa danos ao meio ambiente, pois sua vida útil é curta. Além de serem biodegradáveis, a mamona e o tabaco são de fácil cultivo. Outras plantas deverão ser testadas na busca de substâncias que sejam tóxicas ao escorpião, sem, no entanto, causar efeitos colaterais em outros animais que convivem no mesmo meio ambiente. Além disso, produtos podem ser produzidos com base nas substâncias tóxicas e ativas destas plantas para serem utilizados em escala comercial.
Instituição de fomento: Fundação Educacional de Ituiutaba
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Escorpiões; Biocida; Plantas tóxicas.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004