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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
BIOMASSA DA COMUNIDADE DE ARTRÓPODES ASSOCIADA À COPA DE Attalea phalerata MART. (ARECACEAE) DURANTE O PERÍODO DE CHEIA NO PANTANAL DE MATO GROSSO, BRASIL.
Marinêz Isaac Marques 1   (autor)   m.marque@terra.com.br
Leandro Dênis Battirola 2   (autor)   ldbattirola@uol.com.br
Joachim Adis 3   (autor)   adis@mpil-ploen.mpg.de
1. Profa. Dra. Depto. Biologia e Zoologia - UFMT
2. Doutorando em Entomologia - UFPR
3. Pesquisador Instituto Max-Planck for Limnology – Plön - Alemanha
INTRODUÇÃO:
O estudo da biomassa é um instrumento que permite inferir sobre aspectos estruturais e organizacionais da comunidade de artrópodes, abordando os grupos dominantes, além do fluxo energético dentro das cadeias tróficas. Segundo Basset (2001), a biomassa é melhor avaliada em grupos de artrópodes que possuam corpos mais volumosos, justificando a dominância de táxons como Coleoptera, Blattodea, Orthoptera e Hymenoptera, principalmente Formicidae. Poucos são os estudos que abordam a biomassa de comunidades de artrópodes. No Pantanal pode-se citar apenas Santos et al. (2003) que analisaram a biomassa da comunidade de artrópodes em copas de Attalea phalerata Mart. (Arecaceae), durante o período de seca. Dessa maneira, esse trabalho objetivou avaliar a biomassa da comunidade de artrópodes associada à copa de Attalea phalerata, durante o período de cheia e comparar os resultados obtidos aos de Santos et al. (2003), avaliando a influência da sazonalidade.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado na Fazenda Retiro Novo, Nossa Senhora do Livramento-MT, entre os paralelos 16º15’24”e 17º54’32” de latitude sul e 56º36’24” e 57º36’24” de longitude oeste. Para as amostragens durante o período de cheia, foram utilizados três exemplares de A. phalerata empregando-se o método de “canopy fogging”, que consiste em nebulizar copas de árvores utilizando-se piretróides sintéticos, seguindo-se os critérios propostos por Adis et al. (1998). O inseticida utilizado, Lambdacialotrina a 0,5%, foi diluído em óleo diesel, associado ao sinergista (DDVP). A nebulização ocorreu às 6:00 horas da manhã de cada dia, horário escolhido pela baixa intensidade da circulação do ar. Em cada árvore amostrada realizou-se uma fumigação e três subseqüentes coletas. A primeira coleta realizada duas horas após a aplicação do inseticida, tempo recomendável para sua ocorrência e a segunda, duas horas após a copa ter sido sacudida com ajuda de cordas amarradas a suas folhas e a terceira, após o corte e lavagem de todas as folhas das palmeiras. Em laboratório o material coletado foi identificado ao nível taxonômico de Ordem e Coleoptera em família. O material separado por árvore, coleta e funil foi seco a 60°C em estufa até que o peso se estabilizasse e pesado em balança analítica de precisão e posteriormente conservado em álcool a 92%.
RESULTADOS:
A biomassa obtida em uma área amostral de 50m2 correspondeu a 8,86g de peso seco e 0,18 mg/m2. Os táxons que apresentaram maior biomassa foram Coleoptera (0,770 mg/m2; 43,5%), Blattodea e Orthoptera, ambos com 0,0329 mg/m2 (18,6%), Araneae (0,0123 mg/m2; 7,0%) e Hymenoptera (0,0120 mg/m2; 6,8%), a maioria Formicidae (0,0113 mg/m2; 93,9%). Esses grupos representam 94,3% da biomassa total. Santos et al. (2003), obtiveram 15,5g de peso seco, correspondendo a uma biomassa de 0,4 mg/m2 durante o período de seca, demonstrando a variação entre os períodos sazonais, atribuída à influência do regime hídrico sobre esse ecossistema, bem como as diferentes dominâncias em cada uma dessas fases. Durante a seca, Coleoptera e Formicidae contribuíram com 70% da biomassa total e durante a cheia, Acari e Coleoptera representaram apenas 43,9% da biomassa. Com relação às famílias de Coleoptera, Scarabaeidae (0,0349 mg/m2; 45,9%), Tenebrionidae (0,0237 mg/m2; 31,1 %), Alleculidae (0,0077 mg/m2; 10,1%), Nitidulidae (0,0014 mg/m2; 1,8%) e Curculionidae (0,0012 mg/m2; 1,5%), foram as dominantes. Das 47 famílias avaliadas, 17 apresentaram valores abaixo de 0,1%.
CONCLUSÕES:
A biomassa foi mais representativa nos táxons de corpos mais volumosos como Coleoptera, Blattodea, Orthoptera e Hymenoptera, como abordado por Basset (2001). Com relação à variação encontrada entre os períodos de seca e cheia, pode-se inferir que a maior riqueza de organismos encontrada durante a cheia, influencia os valores de biomassa. Para Southwood et al. (1982), este fator contribui para a diminuição do tamanho médio dos artrópodes, pois comunidades com maior diversidade apresentam indivíduos menores, principalmente devido a competição pelo habitat onde indivíduos pequenos associam-se a pequenos nichos com maior facilidade. Alguns grupos como Isoptera que geralmente são citados em trabalhos como dominantes em biomassa, podem ser subestimados em estudos de copas empregando-se a nebulização, por localizarem-se em galerias, impedindo a ação do inseticida. Verifica-se dessa maneira que ocorre uma variação representativa entre os períodos sazonais, demonstrando a influência das inundações periódicas sobre essas comunidades.
Instituição de fomento: Projeto Ecologia do Gran Pantanal - Cooperação Científica Brasil-Alemanha (UFMT-MPIL)
Palavras-chave:  Artrópodes; Attalea phalerata; Biomassa.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004