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C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 5. Fisiologia
EFEITO DA DIETA HIPERCALÓRICA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE OBESIDADE E INTOLERÂNCIA À GLICOSE EM RATOS WISTAR COM 2 E 4 MESES DE IDADE.
Hugo Henrique Hirata 1   (autor)   hugohenrique@yahoo.com
Denise Rangel da Silva Sartori 1   (orientador)   dsartori@ibb.unesp.br
1. Depto. de Fisiologia– IB/UNESP/Botucatu
INTRODUÇÃO:
Introdução: A obesidade é uma séria doença metabólica cuja prevalência tem aumentado em proporções epidêmicas no mundo. Em geral, a obesidade é acompanhada por doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, dislipidemia, entre outra desordens, fatores que aumentam a mortalidade e morbidade. Nos últimos anos tem crescido a incidência de obesidade em crianças e adolescentes tornando a problemática mais preocupante. A obesidade promove uma redução na sensitividade da insulina em alguns tecidos como: fígado, músculo esquelético e tecido adiposo. Vários estudos vêm sendo realizados para se conhecer melhor as causas e conseqüências da obesidade. Entre os modelos experimentais de indução da obesidade descritos na literatura, a dieta hipercalórica tem sido utilizada devido à similaridade com desenvolvimento de obesidade humana. O presente trabalho tem por objetivo verificar se a ingestão de uma dieta de hipercalórica leva à obesidade e/ou a intolerância à glicose em ratos Wistar machos.
METODOLOGIA:
Metodologia: Ratas Wistar virgens foram acasaladas. Após o nascimento, foram selecionados os filhotes machos (8 filhotes/lactante). As ratas lactantes foram aleatoriamente divididas em 4 grupos (C2, C4, D2 e D4). C2 e C4 receberam ração comercial (3000kcal) e D2 e D4 receberam um rodízio semanal de três dietas hipercalóricas (4500kcal), garantindo um consumo sem grandes oscilações. A dieta, na forma de pelete, foi feita misturando-se ingredientes altamente energéticos (chocolate em pó, amendoim torrado, bolacha maisena e manteiga) à ração comercial. Aos 21 dias de idade os animais foram desmamados, e acondicionados em caixas de polipropileno. A temperatura ambiente (22±3ºC) e o fotoperíodo (12h claro/escuro) foram controlados. Água e alimento foram oferecidos à vontade. O consumo foi medido três vezes por semana e a massa corpórea uma vez por semana. No dia do experimento, ratos jejuados por 6h receberam uma sobrecarga de glicose (solução a 25%) por gavage para a realização do teste de tolerância à glicose (GTT). As glicemias foram determinadas em 0, 30, 60 e 120 minutos após a sobrecarga. Em seguida, os animais foram sacrificados por decapitação; a gordura periepididimal retirada e pesada. Os experimentos foram realizados em ratos com 2 meses (C2 e D2) e 4 meses de idade (C4 e D4). Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e para a comparação entre as médias dos grupos foi utilizado o teste T (P<0,05).
RESULTADOS:
Resultados: A massa corporal dos ratos, cujas mães foram alimentadas com dieta hipercalórica durante a lactação, foi significativamente menor ao desmame e aos 2 meses de idade. Aos 4 meses de idade, no entanto, não foi observado efeito da dieta sobre a massa corporal. O consumo de alimento foi significativamente menor nos animais tratados com dieta hipercalórica (D2 e D4). O peso da gordura periepididimal não diferiu nos grupos C2 e D2, mas foi significativamente maior nos animais tratados com dieta hipercalórica por 4 meses (D4). Os resultados do teste de GTT mostraram que a glicemia tanto dos animais controle C2 e C4 quanto dos animais tratados com dieta hipercalórica (D2 e D4) retornaram aos níveis iniciais após 120 minutos de sobrecarga de glicose. No grupo D4, no entanto, os níveis glicêmicos ainda se encontravam elevados após 60 minutos da sobrecarga de glicose.
CONCLUSÕES:
Conclusões: Nossos estudos mostraram que ratos alimentados com dieta hipercalórica, por 2 meses (D2) e 4 meses (D4) ingeriram menos alimento e não se tornaram obesos. A menor ingestão de alimentos pode ser explicada pelo fato das dietas terem um alto teor de lipídeos, levando a aumento da saciedade e conseqüente redução da fome, como já verificado por outros pesquisadores. A maior quantidade de gordura periepididimal encontrada no grupo D4, reflete uma diferença na distribuição da adiposidade, e deve estar contribuindo para que nesses animais, mesmo ingerindo menos alimento, não apresentem diferença de peso corporal quando comparado ao grupo C4. Os dados do teste de GTT mostraram que apesar da glicemia do grupo D4 ter voltado ao nível basal aos 120 minutos, essa ainda estava elevada aos 60 minutos, diferente do observado para os outros grupos, cuja glicemia já havia retornado ao basal. Esta demora do retorno da glicemia ao basal pode estar refletindo alterações na captação de glicose nos tecidos periféricos. Embora nossos estudos mostraram que a ingestão de dieta hipercalórica por 2 e 4 meses não induziu a obesidade, é provável que ratos alimentados com essa dieta por um tempo maior devam se tornar obesos e apresentar as alterações metabólicas associadas à obesidade.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  obesidade; GTT; Dieta hipercalórica.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004