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F. Ciências Sociais Aplicadas - 11. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
Estudo de Variáveis Fisiológicas e Biomecânicas de Nadadores
Roberta Gabriela Oliveira Gatti 1   (autor)   robertagatti@lycos.com
Oscar Amauri Erichsen 2   (autor)   amaurios@yahoo.com.br
Jansen Atier Estrázulas 1   (autor)   jansenef@pop.com.br
Sebastião Iberes Lopes Melo 1, 2   (orientador)   d2silm@udesc.br
1. MESTRADO EM CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO, SUB-ÁREA BIOMECÂNICA - UDESC
2. CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA E DESPORTOS, UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDES
INTRODUÇÃO:
Desde muito se procura entender e utilizar em beneficio do atleta, a causa e o efeito dos aspectos fisiológicos e biomecânicos em atletas de natação. Quando se objetiva performance é comum nadar a uma intensidade relativamente alta (80-100% do VO2 máx.), sendo o percentual de VO2 máx. um bom indicativo da capacidade aeróbica do nadador, que demonstra a condição do atleta em mantê-lo durante um período de tempo prolongado, sem acumular grandes quantidades de ácido láctico nos músculos e no sangue. Além das respostas fisiológicas que determinam a condição de performance do atleta, é conveniente analisar simultaneamente os aspectos biomecânicos. Face às considerações anteriores realizou-se este estudo com o objetivo de analisar as respostas fisiológicas e biomecânicas de nadadores em diferentes intensidades de nado. Mais especificamente buscou verificar e comparar: 1) a concentração de lactato sanguíneo, a freqüência de braçada (FB) e a comprimento de braçada (CB) nas diferentes intensidades; 2) a relação entre freqüência e comprimento de braçada e também 3) estabelecer as velocidades mais adequadas para se trabalhar as fontes energéticas específicas no treinamento de nadadores.
METODOLOGIA:
Neste estudo descritivo de inter-relação, do tipo correlacional, participaram 7 atletas (uma mulher e seis homens) de natação da categoria junior e senior, integrantes de um programa de treinamento de alto rendimento. Estes foram selecionados de forma intencional, tendo como critério o nível atlético, escolhendo-se os que tinham índices para participarem de campeonato brasileiro absoluto. Foi utilizado neste estudo uma série de 8x200 metros nado livre com velocidade crescentes nas intensidades de 80%, 85%, 90%, 95% e 100% do percentual de esforço de cada nadador. A rotina de execução das repetições foram adaptadas da proposta de MAGLISCHO (1999). Para análise do lactato utilizou-se do lactímetro da Accusport mMol e, para avaliar a mecânica de nado (FB e CB) e a velocidade média, os atletas foram filmados nadando a distância pré-estabelecida de 200 metros, utilizando-se de uma filmadora JVC Compact VHS Intelligent GR-AX417 (60 Hz). Para análise dos dados utilizou-se de estatística descritiva ( X, s, e CV%) e para comparar as respostas fisiológicas e biomecânicas entre as repetições, utilizou-se a análise de variância (ANOVA) e “post-hoc” Tukey, considerando as variáveis: lactato sanguíneo, FB e CB nas diferentes intensidades bem como a correlação de Spearman para veridficar a interrelação das variáveis. Em todas as análises utilizou-se p < 0,05.
RESULTADOS:
Constatou-se que o grupo nadou abaixo do limiar anaeróbico nas intensidades de 80% (2,4mmol/l±0,4) e 85% (3,3 mmol/l±0,5), apresentando respostas metabólicas condizentes às intensidades testadas. À 95% o grupo atingiu 7,6mmol/l±1,6 apresentando variabilidade de 22,37% nas respostas fisiológicas, influenciadas pela intensidade. Situação semelhante verificou-se nas respostas biomecânicas, porém com menores variabilidades nas mesmas intensidades de esforço quando comprados com as variações do lactato (FB-9,62% e CB-11,03 %). Estes resultados apontam que o grupo sofreu menor interferência nas respostas biomecânicas. Comparando as variáveis entre as intensidades constatou-se diferenças estatisticamente significantes para todas elas. A concentração de lactato aumentou com o esforço, mas não houve diferenças nas passagens de 80 a 85% e de 85 a 90%, a FB também aumentou, não apresentando diferenças nas mesmas passagens que o lactato e também na passagem de 90 a 95%, a CB decresceu com o aumento do esforço e demonstrou mais passagens de esforço sem diferenças estatísticas (80 a 85%, 80 a 90%, 85 a 90%, 85 a 95%, 90 a 95%, 90 a 100% e 95 a 100%). Pela correlação constatou-se que entre FB e CB foi alta e negativa (r = -0,99) bem como a correlação entre CB e lactato (r = -0,98), enquanto a correlação entre FB e lactato foi alta e positiva (r = 0,97). Mesmo a FB e CB apresentando alta correlação, não responderam de maneira proporcional ao aumentar a intensidade.
CONCLUSÕES:
A partir dos resultados foi possível concluir que: a) os níveis de lactato e FB aumentaram com a intensidade do nado, porém não proporcionalmente, observando maiores oscilações na passagem de 95% a 100%, enquanto que para o CB ocorreu o inverso, decresceu conforme aumentou a intensidade e também apresentaram oscilações na passagem de 95% a 100%. B) nas intensidades baixas os atletas demonstraram melhor interação das variáveis biomecânicas e fisiológicas, sendo essa dificultada ao aumentar a intensidade do nado; c) houve alta correlação entre as variáveis, sendo entre FB e CB negativa, e , entre FB e lactato positiva e CB e lactato negativa. Em síntese, a pesquisa evidenciou que a série de 8x200 metros livre foi adequada para avaliar as alterações fisiológicas e biomecânicas na técnica de nado, bem como serviram para demonstrar o quanto os atletas tem dificuldade em ajustar a velocidade de nado com FB e DB, pois o controle dessas variáveis é um desafio para técnicos e atletas no sentido de melhorar a performance. Por outro lado, esses dados mostram a necessidade de buscar um melhor controle dessas variáveis para melhora do desempenho atlético, condição alcançada através do planejamento de treino adequado aos nadadores.
Instituição de fomento: CAPES
Palavras-chave:  Natação; Limiar Anaeróbico; Biomecânica.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004