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A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 2. Ensino de Física
UMA ESTRATÉGIA PARA O ENSINO DOS MOVIMENTOS DE ROTAÇÃO
Francisléia Vieira Vidal 1   (autor)   franv@click21.com.br
Nilséia Aparecida Barbosa 1   (autor)   nilbarbosa@click21.com.br
José Roberto Tagliati 1   (orientador)   tagliati@fisica.ufjf.br
1. Departamento de Física, Universidade Federal de Juiz de Fora-UFJF
INTRODUÇÃO:
A discussão sobre a aversão à disciplina Física demonstrada pela maioria dos estudantes de ensino médio foi um dos aspectos para buscarmos uma melhor dinâmica de trabalho. Optamos em trabalhar com conceitos relacionados ao “Movimento de Rotação” por ser um tema pouco explorado no ensino médio. A realização de seminários, atividades em grupo e aplicação de questionários, constituíram os principais subsídios para a investigação e análise do processo. Tendo em vista o fraco desempenho destes alunos, observado por seus professores e a nós relatado, idealizamos este trabalho com o objetivo de mostrar a importância do professor como mediador no processo de ensino-aprendizagem, bem como as interações entre os estudantes por meio de discussões em grupo. Utilizando como referencial teórico as idéias do psicólogo russo Vygotsky, a teoria segundo a qual o aprendizado pode ser (re)construído através da intervenção explícita de um mediador. Dessa forma deve-se analisar não só o nível de desenvolvimento real, ou seja, o que consiste em avanços cognitivos já consolidados pelo indivíduo (aquelas capacidades e funções que ele já domina completamente), mas também o nível de desenvolvimento potencial, isto é, sua capacidade de realizar tarefas com a ajuda de outras pessoas (mais experientes).
METODOLOGIA:
Trabalhamos, em uma primeira etapa, com cerca de 100 alunos do ensino médio de duas escolas públicas estaduais, durante o segundo semestre letivo de 2002. Desenvolvemos palestras na sala de aula utilizando uma base giratória de maneira que os estudantes compreendessem a importância do momento de inércia nos movimentos de rotação. A seguir outros conceitos como velocidade angular e momento angular foram explorados. Em uma segunda etapa, trabalhamos com aproximadamente 200 alunos do ensino médio de outras três escolas públicas, nos dois semestres letivos de 2003. Nesta nova etapa, além das palestras como já relatado, os alunos eram divididos em pequenos grupos para realização de atividades dinâmicas diferentes para cada grupo. Para isso nos apoiamos nas atividades propostas dos textos didáticos da coleção do Grupo de Reelaboração do Ensino de Física da Universidade de São Paulo (GREF). Utilizamos para tais, objetos simples como: palitos, embalagens descartáveis de filmes fotográficos, elásticos e fitas adesivas. Nosso principal objetivo foi fazer com que eles discutissem e questionassem conceitos importantes como a conservação do momento angular, o conceito de momento de inércia e suas influências nas rotações. Aplicamos a seguir um questionário de modo a fazer um levantamento das concepções dos estudantes. Após a realização das palestras e dos trabalhos em grupo, buscamos registrar relações entre sua visão científica e aplicações ao cotidiano sobre o movimento de rotação.
RESULTADOS:
Analisando algumas frases do questionário aplicado pudemos observar que é possível categorizar as respostas em blocos ou categorias bem definidos. Numa primeira categoria podemos classificar uma situação que chamaremos de "Observação do Meio". Uma afirmativa que bem exemplifica essa categoria é a seguinte: “Já havia notado movimento de rotação à minha volta através da roda da bicicleta, helicóptero, ventilador, etc”.Outra categoria, que chamaremos "'Efeito Mediador" enfatiza a necessidade da mediação para promover a aprendizagem, estando razoavelmente de acordo com os preceitos da teoria de Vygotsky como pode ser observado na frase a seguir: “Muitas das vezes não paramos para observar os fenômenos, precisamos de alguém para que possamos enxergar”. Finalmente podemos esboçar uma terceira categoria onde se percebe a influência do método científico quase sempre evocado pelo professor na sala de aula. Chamaremos esta ultima categoria de "Confirmação Experimental" que podemos exemplificar com a seguinte frase: “Através das experiências vemos os fenômenos e confirmamos a sua insólita existência”.
CONCLUSÕES:
O uso de atividades experimentais como estratégia para o ensino de Física tem sido apontado por professores e alunos como uma das maneiras mais frutíferas de se minimizar as dificuldades da aprendizagem desta disciplina de modo significativo e consistente. Contudo, sabemos que a maioria dos manuais de apoio ou livros didáticos consistem de orientações do tipo “livros de receitas”, associadas fortemente a uma abordagem tradicional de ensino, restritas a demonstrações fechadas. A realização de atividades como palestras e trabalhos em grupos, cuidadosamente planejados, fugindo dos padrões normalmente utilizados no ensino da Física, pode gerar resultados promissores. Citando Vygotsky, o desenvolvimento pleno do ser humano depende do aprendizado que realiza em determinado grupo cultural, a partir da interação com os outros indivíduos. Dessa forma avaliamos que é possível obter melhores resultados para o ensino de Física utilizando formas alternativas como a que apresentamos neste trabalho.
Instituição de fomento: Pro-Reitoria de Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora (PROPESQ)
Palavras-chave:  Vygotsky; Mediação; Rotações.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004