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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 17. Planejamento e Avaliação Educacional
ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS RESULTADOS DOS EXAMES DE FÍSICA (SUPLÊNCIA ENSINO MÉDIO) E COMPARAÇÃO QUALITATIVA DAS PROVAS, DOS ANOS DE 1999 A 2003 EM BRASÍLIA.
Marco Aurélio Duque Estrada Vieira 1, 2   (autor)   madevieira@bol.com.br
Enrique Iglesias Verdegay 3   (orientador)   
1. Doutorando;ICE - Universidad de Extremadura - UNEX – Espanha;
2. Professor da SEDF
3. Prof. Dr. Titular do ICE - Universidad de Extremadura - UNEX – Espanha
INTRODUÇÃO:
Ao ser convidado para fazer parte de uma banca examinadora de exames de suplência para o ensino médio no Distrito Federal em 2002, o autor deste trabalho deparou-se com um desafio: o que “cobrar” do componente curricular FÍSICA, a pessoas adultas, trabalhadores, que mal estudaram ciências no ensino fundamental, trazendo consigo inúmeras concepções científicas errôneas adquiridas ao longo da vida. Fundamentado na Pedagogia da Esperança de Paulo Freire, foram criadas e adaptadas cinqüenta questões que englobavam toda a Física, porém com a perspectiva voltada para o cotidiano e a realidade daquele tipo de aluno(EJA). Após um resultado surpreendente nas provas, este trabalho começou a ser gerado, e comparado com os resultados anteriores (de 1999 a 2001) e posterior(2003). Comparou-se também os tipos de questões dos 7 exames ( 2 em 1999, 2 em 2000, 1 em 2001, 1 em 2002 e 1 em 2003) e uma relação com os resultados obtidos. Com os resultados obtidos fica bastante claro para as próximas Bancas examinadoras deste tipo de exame, qual o rumo a seguir, o que era desde o início o objetivo deste trabalho.
METODOLOGIA:
Após o exame de 2002 e 2003, a equipe do CESAS - DF , forneceu os dados gerais de todos os componentes curriculares avaliados nos exames, bem como um exemplar de cada prova de Física desde quando o mesmo passou a ser elaborado por aquela gerência. Utilizando o MS-Excel e o SPSS10.0, foram tabulados os dados obtidos e realizou-se uma análise quantitativa dos resultados quanto a notas, médias por idade, médias por região do DF, médias em relação a outros componentes curriculares, alunos habilitados e discriminação das questões elaboradas em 2002 pelo autor deste trabalho. Este último foi necessário para corroborar o surpreendente resultado do ano de 2002. Em relação às questões foi realizada uma análise qualitativa, comparando as questões “técnicas” de Física com as relacionadas ao cotidiano do aluno (que nem por isso deixavam de ser menos “Físicas”).
RESULTADOS:
O resultado em 2002 , surpreendeu em virtude da nota média das provas de Física (49%), que só perdeu para Espanhol (55%), Biologia (54%), e Filosofia (52%). O índice de aprovação seguiu os mesmos passos : Biologia (67,7%), Espanhol (65,2%), Filosofia (60,5%) e Física (49,8%). Comparando com outros anos , o máximo de aprovação que havia se conseguido em Física foi de 12,7% em 2000/2 e o pior índice ocorreu em 2003: 1,36%! Quanto à média das provas de Física , em 2002 foi obtido a média histórica de 49% , que em comparação com os outros anos variou de 21% a 27%. A discriminação das questões em 2002 apontou apenas 5 questões com possibilidades de desvios de comando e um nível de 46% de questões fáceis (fáceis mais médias fáceis) , e 23% de questões difíceis (difíceis mais médias difíceis), contra por exemplo 73% de questões difíceis e 3% de fáceis em 2001! As questões técnicas são mais de 80% do total das questões de Física em todos os anos , a menos de 2002 em que elas são menos de 15%. As questões do cotidiano são as que apresentam maior índice de acerto, a despeito do senso comum.
CONCLUSÕES:
É notório que as avaliações devam ser conduzidas procurando verificar o conhecimento da clientela dentro de certos padrões. Qual a intenção do avaliador de um exame de suplência em Física, utilizar-se de questões notoriamente complicadas, fora do cotidiano daquele que será avaliado? Um exame de suplência não é um concurso público que deva selecionar os melhores concorrentes. Quem presta este tipo de exame são pessoas que na época certa de aprendizado foram “expulsos” da escola devido às condições sócio-econômicas, adversas na maioria dos casos. Pelos resultados obtidos vê-se que exames de suplência onde o cotidiano é abordado numa linguagem clara, têm um índice de sucesso muito maior que aqueles ainda apegados a questionamentos “técnicos”. È preciso mostrar a verdadeira “cara” da Física, e não será com aprovações ridículas de 1,36% (2003) que será mudada a idéia de “monstro”, que alguns professores de Física passam. Espera-se também que a SEDF tome providências para que o dinheiro público não seja desperdiçado. No último exame de suplência em 2003 , de 16080 inscritos, somente 107 dos 7883 que compareceram, foram habilitados em Física!
Palavras-chave:  Avaliação; Ensino de Física; Educação de Jovens e Adultos.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004