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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
ESTUDO COMPARATIVO DA FAUNA ZOOPLANCTÔNICA DOS RIOS PARAGUAI E PARANÁ.
Joyce Leiko Yamahira 1   (autor)   yamahira@pop.com.br
Kennedy Francis Roche 2   (orientador)   kroche@nin.ufms.br
1. Departamento de Biologia , Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
2. Departamento de Hidráulica de Transporte, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
INTRODUÇÃO:
O rio Paraguai é um dos mais importantes rios do Brasil. De sua nascente, na chapada dos Parecis, nas proximidades da cidade de Diamantino-MT, até sua confluência com o rio Paraná, na fronteira do Paraguai com a Argentina, ele percorre 2.621km, sendo 1.683km em território brasileiro. O rio Paraná, principal formador da bacia do Prata, drena todo o centro-sul da América do Sul, até a Serra do Mar. De sua nascente, no planalto central, até a foz, no estuário do Prata, percorre 4.695km. Em território brasileiro, drena uma área de 891.000km² (IBAMA)
Na grande maioria dos ambientes aquáticos o zooplâncton é formando por protozoários e por vários grupos metazoários. Entre estes destacam-se: os Rotíferos, Cládoceros, Copépodos e larvas de dípteros (insetos) da família Chaoboridae. O zooplâncton possui uma importante função no ecossistema aquático, principalmente na ciclagem de nutrientes e no fluxo de energia (Esteves, 1998).
Estudos da comunidade zooplanctônica no rio Paraná vêm sendo feitos por alguns autores, Bonecker & Lansac-Tôha (1994), Sendacz (1997), entre outros. Na região do rio Paraguai, informações sobre a ecologia do zooplâncton são muito reduzidas o que torna importante a realização de estudos desta comunidade.
Este trabalho tem como objetivo comparar a composição da fauna zooplanctônica dos rios Paraguai e Paraná e verificar se há influência das variáveis físicas e químicas da água.
METODOLOGIA:
As amostras foram obtidas de 15 a 24 de janeiro de 2001, com coletas em 41 pontos, distribuídos ao longo dos rios Paraná e Paraguai, entre as regiões de Corumbá – MS e Foz do Iguaçu –PR, entre as coordenadas 22º40’14”– 57º56’06”; 25º33’42” – 54º35’40”. Dos 41 pontos, 25 estão situados no rio Paraguai e 16 no rio Paraná. Os horários foram distribuídos ao longo dos períodos matutino e vespertino.
A rede utilizada possui abertura de malha de 60 micrômetros, foi levada à 20cm abaixo da superfície da água e mantida por 5 minutos.
O material foi fixado em formaldeído a 4% e levado ao laboratório. As amostras foram coradas com rosa bengal, para melhor visualização. Os organismos foram identificados e contados usando um microscópio óptico Olympus DX41 e lupa Olympus SZ-ST.
Para análise quantitativa, foram feitas subamostras de 25 ml de cada frasco. Os cladóceros foram identificados até espécie, exceto a família Chydoridae, rotíferos até gênero e espécie, copépodos em ordem e cyclopoides até espécie.
Junto com as coletas foi medida condutividade, pH e temperatura. Para verificar a similaridade entre os pontos de coleta dos rios, foi realizada análise de cluster usando o coeficiente de Jaccard. Para comparar a composição de espécies, associado às variáveis físicas e químicas entre os diferentes pontos de coleta, foi feita uma análise de correspondência canônica (CCA).
RESULTADOS:
A temperatura da água no rio Paraguai foi semelhante à do rio Paraná. Os valores de pH médios são neutros em ambos os rios. A condutividade da água variou largamente entre os rios, diminuindo de 148 μS/cm no rio Paraguai, para 47µ S/cm no rio Paraná.
Nas amostras analisadas foi encontrado 29 táxons, sendo 14 Rotifera, dez Cladocera, um Gastrotricha, três Cyclopoida, e um Calanoida. O zooplâncton caracterizou-se por um predomínio de Rotifera, seguido por náuplios de copépodos nos dois rios.
Lecane spp. predominou na comunidade de rotíferos do rio Paraguai. No rio Paraná a espécie dominante foi Keratella cochlearis.
Entre os cládoceros do rio Paraguai, Bosminopsis deitersi foi o mais freqüente nas amostras representando 37% do total. Já no rio Paraná, Bosmina hagmanni esteve presente em 26,53% das amostras.
Entre os copépodos a ordem Cyclopoida foi a mais abundante nos rios Paraguai e Paraná, com 68,75% e 61,11% de freqüência, respectivamente. A espécie Thermocyclops minutus foi a mais freqüente nos dois rios. Thermocyclops decipiens ocorreu somente no rio Paraguai, com 30% de freqüência nas amostras.
Na análise de correspondência canônica, os dois primeiros eixos explicaram 80% da variação entre as amostras. A condutividade foi a mais importante variável.
A análise de similaridade e agrupamento de Jaccard não mostrou diferenças nítidas entre a fauna dos dois rios. Porém os pontos do rio Paraná foram mais agrupados (semelhantes).
CONCLUSÕES:
Nos dois rios houve dominância de rotíferos. O mesmo foi obtido por Lansac-Tôha et al. (1993) em uma planície de inundação do rio Paraná.
A espécie mais abundante de Cyclopoida nos rios foi T. minutus. Segundo Lansac-Tôha et al (1993) os Cyclopoida mais significativos no rio Paraná foram os da espécie de Thermocyclops (T. minutus e T. decipiens).
Os náuplios de copépodos do rio Paraná corresponderam a mais de 17% dos indivíduos das amostras. Segundo Robertson & Hardy (1984) em comunidades de zooplâncton na Amazônia, os rotíferos possuem maior diversidade de espécies, mas copépodos são freqüentemente mais abundantes, isso é verdade primeiramente pela presença de jovens náuplios e copepoditos.
A única variável medida que diferenciou os ambientes foi a condutividade, que diminuiu drasticamente no primeiro ponto do rio Paraná. Isso pode estar ligado ao tipo de geologia da região. O aumento na freqüência de K. cochlearis no rio Paraná pode estar associada a baixos valores de condutividade.
Este estudo é uma análise preliminar das comunidades planctônicas dos dois rios. Mais estudos são necessários, incluindo a análise do fitoplâncton e outras características físicas e químicas para descrever e entender melhor a dinâmica e estrutura destas comunidades.
Instituição de fomento: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Palavras-chave:  Zooplâncton; Rio Paraná; Rio Paraguai.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004