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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 1. Climatologia
SIMULAÇÃO DO BALANÇO DE ENERGIA NA CULTURA DO ALGODÃO
Márcia Martim Pereira Gallon 1   (autor)   gallon@cpd.ufmt.br
Eliane Dias de Almeida 2   (autor)   elianediasdealmeida2003@yahoo.com.br
Fernanda Marcielli Santos 3   (autor)   fmarciellis@yahoo.com.br
Gisele Cristina Baldissera 1   (autor)   giselebaldissera@hotmail.com
Marina Meira Coelho 1   (autor)   mmeira@cpd.ufmt.br
José Holanda Campelo Junior 4   (orientador)   jcampelo@terra.com.br
1. Mestranda em Física e Meio Ambiente/ Física/ ICET/ UFMT
2. Mestranda em Física e Meio Ambiente/ Física/ ICET/ UFMT/ Prof. CEFET/ Cuiabá-MT
3. Mestranda em Física e Meio Ambiente/ Física/ ICET/ UFMT/ Bolsista CNPq-MT
4. Prof. Dr. do Depto. de Solos e Engenharia Rural/ UFMT
INTRODUÇÃO:
A cultura do algodão herbáceo (Gossypium hirsutum raça latifolium Hutch) é uma das principais culturas agrícolas no Estado de Mato Grosso, aonde, em espaço de tempo relativamente curto, vem ocupando uma vasta porção territorial, em substituição à vegetação natural do cerrado.
O tipo de vegetação desempenha um importante papel na variação sazonal do ciclo hidrológico e no balanço de energia local e regional.
A essência do balanço hídrico e energético é a conservação de massa e energia, isto é, a diferença entre os fluxos que entram e a saem de um sistema é captada ou utilizada por ele. Nos ecossistemas vegetados essa energia captada pode ser utilizada no aquecimento do ar, das plantas e do solo, na evapotranspiração e nos processos de síntese biológica.
Os modelos matemáticos que simulam o clima tentam representar o comportamento da atmosfera através da interação dos diversos elementos do sistema climático e, para serem eficientes, é necessário que tenham uma representação adequada dos processos de transferência de massa e energia.
No presente trabalho utilizou-se um programa de simulação numérica, o ENWATBAL, para estimar o balanço de água e energia na cultura de algodão, em Mato Grosso.
O objetivo do trabalho foi analisar o comportamento dos fluxos de energia na cultura do algodão, utilizando os resultados de simulação obtidos com o ENWATBAL.
METODOLOGIA:
As parcelas experimentais de algodão foram cultivadas na Fazenda Experimental da UFMT, no município de Santo Antônio do Leverger/MT (latitude 15,8°S e longitude 56°W), com altitude de 140 m. As medidas de crescimento das plantas e amostras de solo foram efetuadas quinzenalmente a partir de 21/11/2003 em dois plantios: o Plantio I foi semeado em 12/09/2003 e o Plantio II, em 07/11/2003. Amostras de solo deformadas para determinação da umidade foram coletadas nos dois plantios em três profundidades: 15, 45 e 75 cm. Com o uso de uma régua, mediu-se a extremidade mais alta do limbo das folhas em sete plantas escolhidas aleatoriamente (quatro plantas medidas no Plantio I e três plantas medidas no Plantio II). A área foliar foi determinada usando uma equação de regressão linear, previamente obtida entre a área das folhas e as maiores medidas de comprimento e largura de uma amostra. A distribuição de raízes foi determinada através de uma estimativa, obtida a partir de dados encontrados na literatura. A condutividade hidráulica e a curva de retenção de água no solo foram determinadas, nos dois plantios, em amostras indeformadas coletadas nas profundidades de 0-65 cm a intervalos de 5 cm. O registro da temperatura do solo foi registrado em um datalogger de 15 em 15 dias, até a profundidade de 0,7 m, em períodos de 24 horas.
RESULTADOS:
Os valores do balanço hídrico para a mesma cultura, segundo Klein et al.(2004) e para a crotalária (Crotalaria juncea L.), conforme Hayashi et al. (2002) mostraram que a disponibilidade de água no solo permitiu o aumento proporcional da energia utilizada como calor latente de evaporação (LE). Galvani et al. (2001) encontraram valores compatíveis com os gerados pelo ENWATBAL para cultura de pepino, variedade Hokuhoo, no ciclo primavera-verão em ambiente natural, validando o programa.
O fluxo de calor sensível (H) foi negativo, significando que a atmosfera forneceu calor para a cultura. O valor de LE superou em módulo o valor de H, podendo ser influenciado por efeitos convectivos e advectivos.
Como a cultura ganhou calor do ar atmosférico, H contribuiu para o aumento da energia disponível, o que tornou LE maior do que o saldo de radiação (Rn), aumentando o consumo de água pela cultura. O baixo valor do fluxo de calor no solo (G) foi influenciado pelo sombreamento da cultura, representado pelo Índice de Área Foliar (IAF) e por alterações nas propriedades térmicas do solo, provocadas pela variação de umidade.
O Plantio I, devido à maior cobertura vegetal, proporcionou uma menor penetração de radiação direta e um menor aquecimento do solo e do ar atmosférico, resultando em um balanço de energia maior que no Plantio II.
CONCLUSÕES:
1- A maior parte do balanço de energia foi utilizada no fluxo de calor latente de evaporação.
2- A contribuição do fluxo de calor sensível nos valores do saldo de radiação serviu para aumentar o valor do fluxo de calor latente de evaporação.
3- O método do balanço de energia pelo programa ENWATBAL apresentou desempenho satisfatório, validando o modelo de simulação para uma cultura de algodão.
Instituição de fomento: Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
Palavras-chave:  ENWATBAL; cultura de algodão; balanço de energia.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004