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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
ESTRUTURA POPULACIONAL DE Anadenanthera colubrina BREN. (MIMOSACEAE) NUMA MATA SEMIDESCÍDUA, MIRASSOL DO OESTE, MATO GROSSO
José Julio de Toledo 1   ()   juliotoledo@pop.com.br
Augusto Cesar da Costa Castilho 1   ()   a_cesar@cpd.ufmt.br
Mirian Francisca Martins Queiroz 1   ()   mirianfmartins@uol.com.br
Germano Guarim Neto 1   ()   gguarim@terra.com.br
1. Instituto de Biociências, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
INTRODUÇÃO:
A distribuição da flora é condicionada pela latitude, freqüência de queimadas, profundidade do lençol freático e inúmeros fatores antrópicos, como abertura de áreas para atividades agropecuárias, retirada seletiva de madeira e queimadas para manejo de pastagens (Ribeiro & Walter 1998). As distribuições espaciais exibidas por populações em seu ambiente natural, incluem uma infinita variedade de padrões que são difíceis de descrever em termos precisos (Clark & Evans 1954) constituindo uma das principais características da estrutura populacional (Nascimento et al. 2002). Embora o estudo da distribuição das espécies arbóreas seja fundamental para gerar subsídios ao seu manejo eles ainda são escassos, principalmente no Brasil (Nascimento et al. (2002). Legendre & Fortin (1989) afirmam que os padrões espaciais são um ponto crucial em várias teorias ecológicas, pois indivíduos próximos no espaço e no tempo estão mais sujeitos a serem influenciados pelos mesmos processos locais. Anadenanthera colubrina, conhecida popularmente como angico, é uma árvore caducifólia muito freqüente em matas de solos argilosos ou arenosos férteis (Ratter et al. 1978; Almeida et al. 1998). Sua madeira é utilizada para lenha, móveis, carvão (Lorenzi 1992) e sua casca possui propriedades medicinais (Siqueira 1981; Pott & Pott 1994). Portanto, torna-se importante o estudo sobre sua dinâmica populacional para subsidiar estratégias de manejo na região.
METODOLOGIA:
O estudo foi conduzido em outubro de 2003, na Fazenda Progresso (15º 40' 27,7" S 58º 2' 58,1" W) em Mirassol do Oeste, Mato Grosso. A altitude da região varia em torno de 250m, os solos predominantes são o podzólico vermelho amarelo e areias quartizosas álicas (SEPLAN 1995). Foram delimitadas aleatoriamente 5 parcelas de 20m X 50m, numeradas com algarismos romanos, onde todos os indivíduos de A. colubrina com diâmetro da altura do peito (DAP) ³ 2,5cm foram marcados para determinação da altura e posição dentro da parcela. Determinou-se a percentagem dos indivíduos em classes de altura em intervalos de 5m e classes de DAP em intervalos de 5cm. Cada parcela foi subdividida em quadrados de 5m X 5m para o calculo da freqüência, tornando possível a determinação do padrão de distribuição dos indivíduos através do índice de dispersão de Morisita (Id) e índice de dispersão padronizado de Morisita (Krebs, 1989), utilizando o programa Methods 5.1 (Krebs, 1998). Para verificar a existência de diferença da altura e DAP entre as parcelas, foi realizada uma ANOVA fator único e comparação de médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (Zar, 1974). Também foi determinado o coeficiente de correlação de Pearson (r) entre DAP e altura em cada parcela. Para as análises foi utilizado o programa SPSS 10.0 (1999).
RESULTADOS:
Obteve-se 95 indivíduos nas 5 parcelas com uma área basal de 46,99 m2.ha-1. A maior densidade foi encontrada na parcela II (270 ind.ha-1). As parcelas III e IV apresentaram as maiores áreas basais (19,2 e 13,77 m2.ha-1, respectivamente). Os indivíduos com maior diâmetro (50,1 a > 60 cm) foram constatados apenas na parcela III, enquanto que a maioria, com DAP entre 5,1 a 20 cm foi obtida na parcela I, II e V. Nas parcelas III e IV houve predomínio dos indivíduos mais altos (20,1 a > 30 m), enquanto na parcela I, II e V os indivíduos mais baixos (< 5 a 15 m). A parcela II apresentou menor DAP (p < 0,05) e as parcelas V, I e II as menores médias de altura (p < 0,05). Os maiores diâmetros e alturas foram encontrados nas parcelas IV e III (p < 0,05). A distribuição dos indivíduos em todas as parcelas exibiu um padrão aleatório (p > 0,05), o que pode estar ligado à homogeneidade dos solos da área ou à insuficiência da área amostrada para definir padrões de agrupamento. Obteve-se correlação positiva entre DAP e altura para todas as parcelas podendo-se sugerir a ausência de competição por luz com outras espécies.
CONCLUSÕES:
O efeito de borda e a facilidade de extração de madeira nas parcelas I, II e V são fatores que determinam a predominância de indivíduos menores nessas parcelas, pois as mesmas estão mais próximas de uma área de pastagem. Como o padrão de distribuição espacial de A. colubrina foi considerado aleatório, os custos para manejo na área podem se tornar mais elevados. Contudo é necessário estudar uma maior área amostral para obter conclusões seguras. Tendo em vista que a espécie é explorada para diversos fins, seriam necessárias estratégias para o manejo específico visando determinados empregos. Por exemplo, considerando as 5 parcelas amostradas, pode-se verificar que os indivíduos de interesse madeireiro se encontram nas parcelas III e IV por serem árvores com maiores áreas basais, enquanto que, as outras parcelas (I, II e IV) com árvores mais jovens, poderiam ser utilizadas para fins medicinais ou mesmo para carvão. É certo, entretanto, que para a conservação dessa espécie na área serão necessárias medidas que garantam o recrutamento dos indivíduos jovens, como impedir a entrada do gado da pastagem e a prevenção de incêndios antrópicos na área.
Palavras-chave:  Anadenanthera colubrina; estrutura populacional; estratégias de manejo.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004