IMPRIMIRVOLTAR
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
UMA ANÁLISE DAS VARIAÇÕES LATITUDINAIS DE TEMPERATURA NA AMAZÔNIA MATO-GROSSENSE.
Suzethe Costa Souza 1   (autor)   suzethe@pop.com.br
Gilda Tomasini Maitelli 1   (orientador)   maitelli@terra.com.br
1. Depto. de Geografia, Instituto de Ciências Humanas e Sociais - UFMT
INTRODUÇÃO:
O centro norte do Estado de Mato Grosso, integrante da Amazônia Legal, estende-se na direção latitudinal, de 15º até 7º de L.S, localizando-se na zona tropical e interior do continente sul-americano. O relevo da região raramente ultrapassa 700m de altitude e tem como principais acidentes o Planalto dos Parecís que estende-se de oeste para leste e a Chapada dos Guimarães, no centro leste do Estado.Na direção centro para norte, a vegetação de cerrado vai gradualmente dando lugar a Mata de Transição que antecede a Floresta Amazônica, presente no extremo norte do Estado. A região é drenada principalmente por rios pertencentes às Bacias Amazônica, Paraguaia e Tocantina. A região teve uma ocupação acelerada nos últimos anos e a vegetação nativa foi retirada em grande parte, para a implantação de centros urbanos e atividades tais como exploração da madeira, criação de gado e cultura de grãos além do cultivo do algodão. Dessa forma a cobertura vegetal, os solos, os recursos hídricos sofreram alterações significativas que por sua vez, alteraram o balanço de energia e o balanço hídrico da área, ocasionando mudanças nas interações entre a superfície e atmosfera, contribuindo para as mudanças climáticas.Dessa forma, o presente trabalho pretende analisar o perfil latitudinal de temperatura do ar com medidas à superfície, desde Cuiabá até Alta Floresta, e relacionar as observações climatológicas com a latitude, altitude e as diferenças de uso do solo resultantes de ações antrópicas.
METODOLOGIA:
As observações referentes à temperatura foram realizadas em oito localidades: Cuiabá, Rosário Oeste, Diamantino, Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sinop, Itaúba e Alta Floresta, que se localizam, de sul para norte, desde o paralelo de 16º até 9º de Lat.Sul, no eixo da BR 163, com altitudes que variam de 150 metros a 450 metros, em relação ao nível do mar. Para tal finalidade foram utilizados abrigos meteorológicos contendo psicrômetros convencionais (um termômetro de bulbo úmido e um termômetro de bulbo seco), com medidas tomadas diariamente, às 8:00h, 14:00h e 20:00h, no período de setembro a dezembro de 2003, pelos técnicos da EMPAER e do INMET. Os dados foram encaminhados para o Laboratório de Climatologia, Dep. de Geografia/UFMT para processamento e análise.
RESULTADOS:
As variações térmicas observadas de setembro a dezembro/2003, na região da Amazônia Mato-grossense, indicaram que a cidade de Cuiabá, localizada a 15º de L.S e a 152m de altitude, era a mais aquecida em relação às demais localidades. No mês de setembro, estação chuvosa, em Cuiabá, foi registrado o valor térmico médio de 28.5ºC enquanto que em Alta Floresta, situada a 9º de L.S e a 283m de altitude, a temperatura média era de 27.1ºC; nos meses de outubro e novembro, a cidade menos aquecida, foi Vera, situada a 12º de L.S e a 415m de altitude, com temperatura média de 27.0ºC. Quanto às médias térmicas horárias, a localidade de Alta Floresta mantinha-se sempre menos aquecida no horário das 20:00h, enquanto que no horário das 14h, em geral, horário de mais intensa radiação solar, a influência da latitude era mais evidente, indicando os maiores valores de temperatura em comparação com as demais localidades.A avaliação dos resultados evidenciou que a influência das baixas latitudes nas condições térmicas da Amazônia Mato-grossense é, muitas vezes, superada pelas condições da urbanização e presença da vegetação nativa. Estes fatos podem ser exemplificados comparando Cuiabá, cidade mais aquecida, localizada em maior latitude, com tecido urbano construído mais abrangente, com as cidades de Vera e Alta Floresta, que embora se localizem em latitudes mais baixas, possuem temperaturas mais amenas garantidas pela urbanização menos intensa e pela vegetação de floresta que circunda as áreas.
CONCLUSÕES:
A avaliação da influência da posição geográfica de uma região, latitude e altitude, nas suas condições térmicas, permite conhecer outras fontes que interferem no clima local e regional. Estes estudos mostraram que, nas regiões tropicais, de baixas altitudes, as ações antrópicas são importantes agentes modificadores do clima. Assim, outras variáveis climatológicas, além da temperatura do ar, tais como, umidade do ar, ventos, precipitações, entrada de radiação solar, nebulosidade, devem ser avaliadas e associadas aos desmatamentos, urbanização e outras ações antrópicas, para compreender as interações entre a superfície e a atmosfera e suas implicações nas mudanças climáticas.
Instituição de fomento: FAPEMAT
Palavras-chave:  Latitude; Variações Térmicas; Ações Antrópicas.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004