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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
Estudo epidemiológico da obesidade em crianças de 7 a 10 anos da cidade de Bauru
Cristina Yamada 1, 2   (autor)   crisyamada@yahoo.com.br
Joana Emilia Pimentel Costa 3   (autor)   _
Silvia Regina Barrile 4   (orientador)   srbarrile@uol.com.br
1. Pós-graduanda do Departamento de Fisioterapia/ Colégio Brasileiro de Estudos Sistêmicos / CBES
2. Ft. do Departamento de Fisioterapia/ Casa de David
3. Pós-graduanda do Departamento Centro de Traumatologia e Ortopedia do Esporte/ UNIFESP
4. Profa. Dra do Curso de Fisioterapia/ Universidade do Sagrado Coração/ USC
INTRODUÇÃO:
A obesidade é um acúmulo excessivo de gordura corporal, freqüentemente tem início da infância e, quanto menor a idade em que a obesidade se manifesta e maior sua intensidade, maior a chance de que a criança seja um adolescente e adulto obeso. Entre os fatores para que um indivíduo se torne obeso, há influências genéticas, ambientais e, sociais. A partir de dados epidemiológicos, tudo conduz a explicações ambientais, pois se nota as inúmeras mudanças nos hábitos de vida da população, enquanto que as características genéticas não sofreram alterações substanciais. O Índice de Massa Corpórea, as pregas cutâneas tricipital no 85O percentil, a classificação pelo padrão de distribuição de gordura, a Relação da Circunferência da Cintura e do Quadril são meios de se detectar e classificar a obesidade. Observou-se que a produção de células adiposas em crianças obesas, dá-se ininterruptamente até os 12 anos, enquanto que em não obesas, há acelerações e desacelerações em diferentes períodos. Desta forma torna-se importante a intervenção precoce nos padrões de obesidade infantil, pois nesta fase estão sendo desenvolvidos potenciais metabólicos influenciadores capazes de estabelecer padrões de obesidade, que se manterão durante a vida adulta. O objetivo deste estudo foi investigar o excesso de peso em crianças na fase escolar, relacionando as causas desse excesso com a idade, sexo, hereditariedade, hábitos de vida (onde se incluem atividade física e sedentarismo).
METODOLOGIA:
Foram sujeitos do presente estudo 272 crianças, com idade de 7 a 10 anos, no período diurno, de 1ª a 4ª series, em 25 escolas particulares da cidade de Bauru. Foi assinado um termo de consentimento livre e esclarecido pelos pais ou responsáveis e autorização dos diretores de cada escola, Foi realizado uma entrevista aplicada pelos pesquisadores deste estudo, sobre atividade física, e sedentarismo, a avaliação antropométrica que constou da obtenção do peso (Kg) utilizando uma balança antropométrica de plataforma, da marca Filizola, com precisão de 0,1Kg, e da altura (m) medida por fita milimetrada, fixada na parede, com precisão de 0,5cm, e posterior cálculo do IMC (peso/altura2). A fita milimetrada foi usada para a medida das circunferências do braço (terço médio do braço), circunferências da cintura e do quadril para o cálculo da relação cintura/quadril; e um adipômetro de plástico com escala de 2mm (cedido pelo Laboratório BristolMyers) para a obtenção da pregas cutâneas tricipital e subescapular. Foi entregue as crianças um questionário para os pais, a fim de obter-se os dados necessários para colher dados sobre a obesidade (peso, altura) e o histórico familiar sobre doenças metabólicas crônicas. Após a coleta destes dados, foi realizada a analise de freqüência absoluta e relativa, de acordo com as variáveis quantitativa e qualitativa, levantadas por meio de estatística descritiva e medidas de associação de casuística, e analisadas no programa Excel 97.
RESULTADOS:
Observou-se que das 85 crianças com 7 anos, 40,48% eram consideradas acima do peso ideal para a sua idade; das 81 com 8 anos 49,38% estavam acima do peso; daquelas 67 com 9 anos 43,28% foram encontradas acima do peso ideal; e das 40 com 10 anos 50% eram consideradas acima do limite ideal. Do total das crianças, 42,22% foram classificadas como risco de sobrepeso ou sobrepeso. Com relação a analise da relação cintura/quadril, verificou-se que as crianças analisadas apresentavam 0,880,08 até 0,890,08 sendo que estes parâmetros estão dentro da normalidade. Já na análise da somatória das pregas cutâneas tricipital e subescapular, observou-se que, da totalidade das crianças estudadas 32,35% estavam acima do considerado ideal. Com relação a atividade física, foi constatado que 41,18% não realizavam exercícios físicos regularmente por mais de 3 vezes na semana, e; quando foram analisadas as horas diárias despendidas com atividades sedentárias, verificou-se que a maioria das crianças ocupavam muito de seu tempo em atividades como vídeo game, computador, e televisão, o que condiz com a suspeita de que as mudanças de hábitos de vida. Na análise feita em relação ao IMC dos pais e das mães, constatou-se que 70,21% pais estavam acima do IMC ideal e 26,32% das mães foram classificadas como acima do peso ideal. Analisando-se a historia familiar das crianças, observou-se apenas 21,69% das crianças sem alguém na família com historia de qualquer doença metabólica crônica.
CONCLUSÕES:
Após análise dos resultados, verificou-se que grande parte das crianças estudadas em fase pré-puberdade, apresentaram aumento de peso, além da normalidade para a idade. Isso foi mais incidente em meninos, diferente do que propõe a literatura, assim como a porcentagem de gordura relacionando pregas cutâneas tricipital e subescapular. Isso parece se relacionar diretamente com o peso dos pais e não das mães. Apesar da maioria fazer atividade física freqüentemente, também dispendiam muito tempo em atividade sedentárias o que propicia um aumento do peso, principalmente massa gorda.Os fatores genéticos parecem se relacionar com um aumento de peso das crianças, apesar de que não se pode considerar apenas estes fatores, sem também observar-se o fatores ambientais e culturais. Também deve-se salientar a grande incidência de doenças metabólicas crônicas na família, o que sugere ainda mais a indicação de atividades físicas como um dos fatores favoráveis para a prevenção da obesidade e doenças metabólicas crônicas.
Palavras-chave:  Obesidade; Infância; Atividade fisica.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004