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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
UMA EXPERIÊNCIA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PARQUE INDÍGENA DO XINGU: A ESCOLA E O MANEJO DE RECURSOS NATURAIS
Artema Santana Almeida Lima 1   (autor)   artema@bol.com.br
Tariwaki Suiá Kaiabi 3   (autor)   
Kátia Silene Zorthêa 2   (autor)   
Wemerson Chimello Ballester 2   (autor)   wemerson@socioambiental.org
Marcus Vinícius Chamon Schmidt 2   (autor)   marcustope@socioambiental.org
Wareajup Kaiabi 2   (colaborador)   
Yurupiat Kaiabi 3   (colaborador)   
Yamaradi Yudjá 3   (colaborador)   
Tymairõ Kaiabi 3   (colaborador)   
Paula Mendonça 2   (colaborador)   
1. Secretaria de Estado de Educação - SEDUC-MT
2. Instituto Socioambiental - ISA
3. Associação Terra Indígena do Xingu - ATIX
INTRODUÇÃO:
O Parque Indígena do Xingu (PIX) localiza-se na região nordeste do Estado de Mato Grosso, possui uma grande diversidade biológica, resguardadas em seus Biomas de Mata e Cerrado, compondo uma grande biodiversidade. Na área vivem 4.175 índios de 14 etnias, com distintas línguas e culturas (Tupi, Ge, Karib, Aruak, e Trumai), distribuídos em mais de 50 localidades e internamente divididos em 3 regiões, apresentando uma grande sócio diversidade. Com a intensificação do contato com a sociedade envolvente, surgiram inúmeros problemas de ordem sócio-ambiental os quais, demonstravam a necessidade de implantar um atendimento educacional diferenciado que possibilitasse encontrar caminhos numa perspectiva sustentável para os Povos Indígenas. Com base nesta realidade o Instituto Socioambiental (ISA) e a Secretária de Estado de Educação de Mato Grosso (SEDUC), atendem esses povos com uma educação escolar diferenciada respeitando o estudo da língua materna e suas culturas. Neste contexto evidencio-se a importância de desenvolver projetos ambientais escolares direcionados a conservação e o manejo de recursos naturais. Este trabalho teve como objetivo fazer uma reflexão sobre a importância de se abordar o tema manejo de recursos naturais na escola indígena, identificando os principais aspectos que estabelecem uma conexão desta prática com os conteúdos curriculares das escolas indígenas.
METODOLOGIA:
Este trabalho foi realizado em julho de 2003 na Escola Indígena Diauarum onde se buscou o exercício de ações integradas entre a escola e o programa de manejo de recursos naturais. Trabalhou-se com uma turma de 14 alunos indígenas, sendo 12 da etnia Suiá e 2 da etnia Yudjá. Escolheu-se a espécie Carica sp. (mamão) para ser manejada no viveiro, tendo em vista a facilidade de obtenção de sementes em grande número e facilidade de germinação. Aplicou-se um questionário semi-estruturado para conhecer como a espécie Carica sp. é manejada pela comunidade indígena. Fez-se visitas a um viveiro de mudas onde os alunos indígenas puderam observar a diferença entre o viveiro da natureza e o viveiro de mudas. Na visita ao viveiro de mudas trabalhou-se com as sementes, com a terra, com o plantio e identificou-se quais as espécies estão sendo produzidas no viveiro. Fez-se também uma visita ao meliponário onde os alunos indígenas conheceram o manejo das abelhas nativas Meliponai sp. Para análise e compreensão dessas práticas vivenciadas, textos e ilustrações foram produzidos na sala de aula pelos alunos indígenas.
RESULTADOS:
A partir das atividades realizadas em sala de aula e das práticas, observou-se que os alunos tiveram uma maior compreensão de como funciona o manejo de espécies vegetais no ambiente natural e em viveiros. “O viveiro do manejo é uma “cópia” do viveiro da natureza. Para saber um pouco como é a natureza os não índios observam e imitam no viveiro do manejo o que acontece na natureza”. Para os alunos o viveiro é o lugar onde tem plantação de mudas, é local da produção das mudas, recolhendo sementes do mato, regando e cuidando. Percebeu-se que a partir dos trabalhos realizados os alunos sistematizaram noções sobre interações das espécies vegetais com insetos e mamíferos que carregam suas sementes. Os alunos aprenderam as várias etapas para o plantio de mudas e os cuidados necessários para a implantação e manutenção de um pomar. Nos textos produzidos pode-se perceber que os alunos conseguiram compreender que o viveiro de mudas é uma ferramenta para ajudar a plantar mais e que pode apressar o desenvolvimento das plantas produzindo mudas sem chuva. No meliponário os alunos conheceram como a abelha Meliponai se adaptou em caixas que imitam os locais naturais para o estabelecimento das colméias, como elas se dividem socialmente para a produção de mel, como acontece a polinização e o seu modo de vida natural. “Os não índios observam como a abelha se comporta na natureza e copiam o seu jeito de se organizar para poder manejá-la”.
CONCLUSÕES:
A partir da análise do resultado do trabalho percebemos que a escola indígena deve ter em suas propostas curriculares projetos de manejo de recursos naturais como uma forma de valorizar as experiências cotidianas dos alunos no que diz respeito ao meio ambiente e a cultura. Para os alunos indígenas essas experiências práticas vivenciadas são de grande importância, pois proporcionam uma maior compreensão dos conteúdos curriculares. A escola indígena deve trabalhar com a promoção desses projetos ambientais numa perspectiva para a conservação e manejo de forma sustentável para a gestão dos recursos naturais em Terras Indígenas. Dessa forma sugerimos que a escola indígena consulte a comunidade para que esses projetos estejam de acordo com a necessidade local, ressaltando também o conhecimento tradicional sobre o uso de espécies importantes.
Instituição de fomento: Secretaria de Estado de Educação-MT/ Instituto Socioambiental- ISA
Palavras-chave:  Educação ambiental; Parque Indígena do Xingu; Manejo de recursos naturais.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004