IMPRIMIR VOLTAR G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 6. Psicologia do Desenvolvimento Humano EDUCAÇÃO: A FAMÍLIA COMO ELEMENTO BÁSICO DE INCENTIVO Ana Maria Monte Coelho Frota 1   (autor)   anafrota@ufc.br Rita Cláudia Aguiar Barbosa 2   (autor)   rcab@ufc.br 1. Professora Dra. do Departamento de Economia Doméstica, UFC 2. Professora Assistente do Departamento de Economia Doméstica, UFC INTRODUÇÃO: O Brasil é marcado por profundas desigualdades sociais, sujeito a imensos desafios que dificultam a construção de uma identidade como nação efetivamente democrática. O índice de concentração de renda do Ceará, segundo dados do último censo do IBGE (2000) é de 0,628. Isso demonstra que a concentração de renda neste estado encontra-se consideravelmente alta. A taxa de escolarização, para a população de 7 a 19 anos deixa perceber que está se apresentando uma maior taxa de escolarização na população mais jovem. Supomos que a problemática da situação dos jovens que habitam o Conjunto Palmeiras, região periférica da cidade de Fortaleza, Ceará, Brasil, se agrava devido às deficiências em termos de políticas sociais compatíveis com as necessidades da população, aliada à falta de perspectivas de um futuro com estabilidade financeira e profissional e realização pessoal e afetiva. Nesta pesquisa buscamos traçar um perfil sócio-econômico dos adolescentes pobres da periferia de Fortaleza, habitantes do conjunto Palmeira, no tocante à educação. Especificamente, seu objetivo é desenvolver um estudo sobre as condições da educação dos adolescentes entre 10 e 19 anos, em situação de risco. Sua relevância está claramente definida pelos dados que oferece com relação à realidade vivida pelos adolescentes do Palmeiras, servindo como substrato para trabalhos sociais que venham a ser desenvolvidos com esta população, assim como para políticas sociais. METODOLOGIA: O Conjunto Palmeiras encontra-se situado no bairro Jangurussu, zona oeste de Fortaleza, a uma distância de 15 Km do Centro do município. Espaço desprovido de infra-estrutura básica, tem no período de chuvas um agravante de seus problemas, uma vez que seu terreno se constitui em um grande baixio, cortado por um riacho, aliado a uma drenagem insuficiente e uma pavimentação precária. Esta situação leva os moradores a conviverem com constantes desabrigos, doenças e dificuldade de mobilidade de sair para o trabalho, escola e lazer. Segundo resultados gerais do levantamento sócio-econômico do Conjunto Palmeiras feito em 1999, a população geral de jovens entre 10 a 19 anos era de 5.634. Foi feita uma projeção desta população para 2001 (ano da pesquisa), com base na taxa geométrica de crescimento. Desta estimativa, tiramos um percentual de 5%, que é o tamanho da amostra utilizada nesse estudo. Deste modo, a amostra desta população de adolescentes na idade de 10 a 19 anos foi de 334. Trabalhamos com questionários com questões fechadas, de múltipla escolha. Para a elaboração final do questionário executamos uma pré-testagem, com o intuito de aproximar a linguagem e opções de respostas com a realidade daqueles jovens. Para a coleta dos dados usamos a técnica do passeio aleatório. RESULTADOS: Constatamos que a maior parte dos jovens está cursando a 5° série do ensino fundamental Muitos adolescentes estão fora de faixa. Quanto à expectativa de escolarização, enquanto os mais velhos fazem referência à 8° série, os mais novos mencionam o 2° grau. Quase todos os discursos contém o reconhecimento do valor da escolaridade prolongada. Apesar da pauperização desta população estudada, somente 1,14% referiu-se à importância da merenda escolar e 2,56% à bolsa escola como elementos atrativos para a permanência na escola. Quanto ao grau de repetência dos jovens, temos uma percentagem muito alta (59,66%). As séries em que ocorre um maior numero de repetência são a 4°, 5° e1° séries do ensino fundamental. Com relação à situação dos jovens que abandonaram a escola, vemos que a 5º série do ensino fundamental é o ponto da educação formal no qual mais pessoas deixam o estudo. A escolaridade dos pais dos jovens do Palmeiras é muito semelhante à apresentada por seus filhos. Analisando a escolaridade dos homens, temos que a maior incidência encontrada foi a escolaridade até a 4° série. Das mulheres, a maior incidência fica para as 4º e 5º séries. Os resultados apontam para uma tendência de nível de escolarização formal com maior índice nos anos intermediários do ensino Fundamental (5°, 6° e 7° séries). Há, contudo, uma indicação de escolaridade nos nível de Ensino Formal Médio, distinguindo-se dos índices de educação formal dos pais exibidos nos dados coletados. CONCLUSÕES: É indiscutível a importância da escola como espaço de apoderamento e de construção de saber, indispensável para o exercício da cidadania. Para os adolescentes de baixa renda, a escolarização ainda se encontra deficitária, necessitando ser melhorada. É, contudo, compreendida como a via possível de acesso ao crescimento social. A 5° série se apresenta como a série que mais produz repetência e abandono escolar, indicando a necessidade de se constituir num foco de atenção nas escolas. É possível perceber uma tendência de educação formal maior para os adolescentes do que para seus pais. Além disso, também existe uma certa correlação entre o maior índice de escolaridade dos pais com o de seus filhos. Instituição de fomento: CNPq e UFC (Bolsas de pesquisa) Palavras-chave:  jovens em situação de risco; família; educação. Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004