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A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 2. Ensino de Física
UNIDADES E MEDIDAS: DA SIMPLICIDADE DO ENSINO À COMPLEXIDADE DAS APLICAÇÕES
Francisléia Vieira Vidal 1   (autor)   franv@click21.com.br
Nilséia Aparecida Barbosa 1   (autor)   nilbarbosa@click21.com.br
José Roberto Tagliati 1   (orientador)   tagliati@fisica.ufjf.br
1. Departamento de Física, Universidade Federal de Juiz de Fora-UFJF
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho trata da importância sobre a relação entre a vida escolar e o cotidiano dos alunos do ensino médio, a respeito do tema “Unidades e Medidas”. Optamos em trabalhar com este assunto por ser pouco explorado pelos professores, devido principalmente ao fato de julgarem que os alunos já o dominam. Podemos no entanto observar sua enorme importância citando o texto “Conta de Maluco” publicado na revista VEJA de 06 de outubro de 1999, que narra a queda, e depois a perda, da Sonda Mars Climate Orbiter, enviada para estudar o clima do planeta Marte, ocasionando um prejuízo de 125 milhões de dólares. A sonda recebeu dados conflitantes envolvendo unidades como metro e quilograma, do Sistema Internacional de Unidades e pé e libra, do Sistema Inglês de Unidades. Essa diversidade de unidades pode ter sido, segundo os cientistas, a causa da queda da sonda. Daí nossa motivação em explorar no presente trabalho a real concepção dos estudantes a respeito da utilização de unidades de medidas. Através da aplicação de questionários em escolas com o intuito de avaliar seus conceitos pré concebidos, buscamos constatar as principais dificuldades dos alunos neste tema. Nosso principal objetivo é mostrar aos professores que se deve dar mais ênfase a este conteúdo, procurando trabalhar de uma forma menos passiva. Deve-se mostrar ao aluno a necessidade de uma discussão mais profunda envolvendo medidas, despertando-o para a importância e valorização da correta utilização das unidades.
METODOLOGIA:
Aplicamos um questionário em duas escolas do ensino médio, uma pública e outra particular, com um total de 110 (cento e dez) alunos. Na escola pública trabalhamos com 77 (setenta e sete) alunos do primeiro e do segundo ano, e na escola particular com 38 (trinta e oito) alunos somente do primeiro ano. O questionário continha 8 (oito) perguntas relacionadas à natureza das unidades, a história de sua evolução e a concepção de volume. Questões que envolviam idéias de volume tinham o intuito de explorar noções de conservação, que embora tenham sido exploradas nas pesquisas de Jean Piaget com crianças pequenas, talvez pudessem (re)aparecer no discurso de adolescentes do ensino médio, que já deveriam ter vencido tal estágio. Através deste questionário, buscamos explorar o cotidiano dos estudantes. Esperaríamos assim contribuir para a formulação de um tratamento mais adequado para a questão do ensino de unidades e medidas.
RESULTADOS:
Os resultados mostraram três características principais que nos permitiram construir uma divisão em categorias ou concepções. Uma primeira categoria pode ser caracterizada como Concepção de Dimensão: são situações nas quais os alunos mostraram não ter noção da idéia de comprimento. Seja por exemplo a seguinte questão: Dois carros A e B estão em movimento um com velocidade de 72 km/h e o outro a 20 m/s, respectivamente. "Qual está com maior velocidade?" o que levou à seguinte resposta: “O carro B, porque em um segundo ele percorreu 20 metros”. Pudemos também perceber e categorizar a Concepção de Quantidade, ao comparar figuras de vários recipientes de formatos diferentes, os estudantes mostraram dificuldade de correlacionar volume com a altura do líquido, que foi observado na seguinte manifestação :“O recipiente mais fino,... a água sobe mais, com isso aumentará seu volume”. Uma terceira categoria, que denominamos Concepção de Números, surge em declarações como: “... ele chegará em 90 m (minutos) e o outro só em 1h e 30 m (minutos)”. Perguntas sobre o que é polegada, ou solicitando estimar em pés determinado comprimento ou ainda questionando o que pesa mais: 1kg de isopor ou 1000 g de chumbo, mostraram grande confusão que parece se estabelecer na cabeça de nossos estudantes de ensino médio, mesmo que anos antes tenham sido capazes de resolver questões ou situações similares.
CONCLUSÕES:
Pudemos constatar diversas dificuldades manifestadas pelos alunos. Como exemplos, estimar distâncias grandes e até mesmo pequenas e situações envolvendo conservação de quantidades como volume. Essas são questões que parecem ser muito simples, mas que podem causar grandes dificuldades. Com isso pudemos mostrar que deve-se dar mais ênfase ao estudo de sistemas de unidades e medidas. Para que os estudantes saibam relacionar corretamente tais conceitos, algumas estratégias específicas e bem planejadas devem ser estruturadas. Sugerimos a busca de alternativas de ensino menos teórica e mais ligada aos acontecimentos do cotidiano. Ao discutir, por exemplo, situações onde o uso inadequado de medidas de grandezas causaram prejuízos e má utilização de equipamentos, podemos despertar nos estudantes uma real motivação para o estudo deste tema tão importante para a ciência e a tecnologia nos dias atuais.
Instituição de fomento: Pro-Reitoria de Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora (PROPESQ)
Palavras-chave:  Pré-conceitos; Unidades e Medidas; Avaliação.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004