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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
FISIOTERAPIA EM CERVICALGIA CRÔNICA: UM ESTUDO COMPARATIVO
Ana Cláudia Violino da Cunha 1   (autor)   claudiaviolino@uol.com.br
Amélia Pasqual Marques 2   (autor)   pasqual@usp.br
1. Pós-graduanda em Ciências na área de Fisiopatologia Experimental-FMUSP
2. Profa. Dra. do Curso de Fisioterapia da Universidade de São Paulo-FMUSP
INTRODUÇÃO:
A cervicalgia é um dos distúrbios músculo-esqueléticos mais freqüentes, considerando sua prevalência de 71% ao longo da vida na população geral. Manifesta-se, usualmente, por dor na região posterior ou lateral do pescoço, aumento da tensão muscular e restrição da mobilidade articular, podendo ainda ser acompanhada de desequilíbrios posturais. Tais sintomas podem se prolongar por meses ou anos, e o processo de cronificação da doença pode prejudicar a capacidade funcional, a qualidade de vida, alterar os índices de produtividade e levar estes indivíduos a quadros de depressão. Diversas modalidades terapêuticas têm sido utilizadas na prática clínica para tratar pacientes com cervicalgia, porém os dados existentes na literatura são insuficientes para determinar sua eficácia. O presente estudo teve por objetivo avaliar a eficácia de dois protocolos de tratamento fisioterapêutico, baseados em terapia manual e exercícios de alongamento muscular, na melhora da dor, da qualidade de vida e da mobilidade articular de indivíduos com cervicalgia.
METODOLOGIA:
Participaram do estudo 31 pacientes do sexo feminino, portadoras de cervicalgia mecânica crônica, com média de idade de 46,6 ± 7,7 anos. Foram avaliados antes e após o tratamento os seguintes parâmetros: dor através da Escala Analógica Visual; qualidade de vida, pelo questionário SF-36, e amplitude de movimento da coluna cervical, através da goniometria. As pacientes foram divididas em dois grupos: o grupo A (n=15) foi tratado com terapia manual, que consistiu de movimentos passivos da coluna vertebral e cintura escapular, associada a exercícios de alongamento muscular global e grupo B (n=16) tratado com terapia manual associada a exercícios de alongamento muscular segmentar. Os dois grupos realizaram 12 sessões de tratamento fisioterapêutico com uma hora cada. Na análise estatística utilizou-se o teste t pareado, para as variáveis paramétricas e o teste de Wilcoxon para as variáveis não paramétricas. Na análise comparativa entre os grupos, foi aplicado o teste t para amostras independentes para as variáveis paramétricas e o teste U de Mann-Whitney para as variáveis não paramétricas. Considerou-se o nível de significância de 5%.
RESULTADOS:
Comparando os dados da avaliação inicial e final, houve melhora estatisticamente significante na dor no grupo A (p=0,000) e grupo B (p=0,000). Na qualidade de vida o grupo B apresentou melhora significante em todos os domínios do questionário SF-36 (capacidade funcional p=0,003; aspectos físicos p=0,001; dor p=0,000; estado geral p=0,007; vitalidade p=0,001; aspectos sociais p=0,003; aspectos emocionais p=0,018; saúde mental p=0,035) e no grupo A (capacidade funcional p=0,025; aspectos físicos p=0,020; dor p=0,001; vitalidade p=0,010; aspectos sociais p=0,032; saúde mental p=0,050) e nos domínios estado geral, aspectos emocionais e saúde mental não se observaram resultados estatisticamente significantes. A amplitude de movimento da coluna cervical mostrou melhora significante em todos os movimentos: flexão (grupo A p=0,000; grupo B p=0,000); extensão (A p=0,000; B p=0,001); inclinação direita (A p=0,001; B: p=0,000); inclinação esquerda (A p=0,000; B: p=0,000); rotação direita (grupos A e B: p<0,0001); rotação esquerda (A p=0,000; B p=0,000). Na comparação entre os grupos, não houve diferença significante nos itens dor e qualidade de vida, e na goniometria da coluna cervical houve diferença significante entre os grupos apenas no movimento de inclinação direita (p=0,003) e esquerda (p=0,006) com vantagem para o grupo B.
CONCLUSÕES:
Este estudo demonstrou que a intervenção fisioterapêutica baseada em técnicas de terapia manual, combinada a exercícios de alongamento muscular global ou segmentar, é benéfica para o tratamento de pacientes com cervicalgia crônica. Os procedimentos testados contribuíram para a redução da sintomatologia dolorosa e para a melhora da mobilidade da coluna cervical, interferindo no desempenho das atividades funcionais dos sujeitos. Os protocolos de tratamento repercutiram positivamente nos aspectos relacionados à qualidade de vida, minimizando os prejuízos causados por uma disfunção de caráter crônico. Na comparação entre grupos somente foi observada diferença na goniometria dos movimentos de inclinação.
Palavras-chave:  fisioterapia; cervicalgia; dor.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004