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C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada
Staphylococcus sp. EM AMOSTRAS DE LEITE DE VACAS PORTADORAS DE MASTITE SUBCLÍNICA: IDENTIFICAÇÃO E PADRÃO DE SENSIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS
Rodrigo Prado Martins 1   (autor)   rodpra@pop.com.br
Marcia Regina Haddad Marques 2   (autor)   marciahopi@yahoo.com.br
Adelino Cunha Neto 3   (orientador)   dinoad@hotmail.com
1. Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
2. Instituto de Biociências, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
3. Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
INTRODUÇÃO:
A mastite continua sendo a mais importante das doenças infecciosas do gado leiteiro em todo mundo. A forma subclínica é de relevância por ter maior incidência nos rebanhos, ocorrendo 15 a 40 vezes mais que a forma clínica, e por tornar seus portadores reservatórios de microrganismos para o rebanho (Sá et al., 1999). A mastite bovina é a causa mais comum do uso de antimicrobianos na pecuária leiteira (White & McDermott, 2001). Geralmente os tratamentos têm a finalidade de eliminar os patógenos causadores de processos mastíticos que segundo Mendonça et al. (1999) são principalmente ocasionados pelos Staphylococcus sp., Streptococcus sp., e pelo Corynebacterium bovis. Desde a introdução de antimicrobianos na medicina veterinária há 50 anos atrás, a produtividade e a saúde animal têm aumentado significativamente. Porém, o uso freqüente, e muitas vezes inadequado dessas drogas têm contribuído para o aumento da resistência bacteriana (White & McDermott, 2001). A potencial difusão de microrganismos zoonóticos via leite, embora rara na era da pasteurização, permanece como um risco especialmente em nichos do mercado de produtos lácteos não pasteurizados ou com falhas na pasteurização (Bradley, 2002). Este trabalho teve como objetivo verificar as espécies e o padrão de sensibilidade a diferentes antimicrobianos de cepas de Staphylococcus sp. isoladas de amostras de leite mastite positivos.
METODOLOGIA:
Estudou-se um rebanho de 31 vacas primíparas e pluríparas em diferentes estágios de lactação de uma pequena propriedade produtora de queijo tipo minas frescal, situada no município de Nossa Senhora de Livramento, a 51 Km de Cuiabá, MT. As 121 amostras de leite foram coletadas em frascos previamente esterilizados e identificados, após a anti-sepsia do óstio e teto com álcool a 70%, e então acondicionadas em uma caixa isotérmica encaminhada ao laboratório de microbiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Federal de Mato Grosso. Semeou-se uma alíquota de 0,1 mL de leite positivos ao teste de Whiteside, em Agar Manitol Salgado. Após crescimento de colônias típicas de Staphylococcus, as cepas foram submetidas à coloração de Gram, testes de catalase, oxidação e fermentação de glicose, coagulase, DNAse, Termonuclease, produção de acetoína, acidificação de lactose, manitol, maltose e sacarose, resistência a novobiocina e nitrofurantoina, crescimento em Agar nutritivo/cristal violeta, Caldo BHI (NaCl a 6,5%), produção de pigmento, atividade das enzimas penicilinase e lípase. As cepas identificadas foram semeadas em Agar Tripitic soy e verificou-se a sensibilidade aos seguintes antimicrobianos: amicacina, ampicilina, amoxacilina, cloranfenicol, eritromicina, gentamicina, kanamicina, novobiocina, penicilina e tetraciclina, sendo essas classificadas em sensível e resistente.
RESULTADOS:
Das 121 amostras de leite coletadas em uma pequena propriedade produtora de queijo tipo minas frescal, situada no município de Nossa Senhora de Livramento, 54 apresentaram positividade para o teste de Whiteside, sendo este total inoculado em meio Agar manitol salgado. Destas apenas 41 apresentaram crescimento de colônias típicas de Staphylococcus sp. e quando submetidas à coloração de Gram e aos testes de oxidação e fermentação de glicose somente 29 apresentaram características do gênero Staphylococcus. Nestas 29 cepas realizou-se o teste de coagulase, verificando que 18 foram positivas e 11 negativas. Utilizando testes bioquímicos complementares identificou-se S. aureus (05), S. intermedius (12), permanecendo apenas 1 cepa como Staphylococcus sp coagulase positiva. Entre as coagulase negativa apenas 3 cepas foram identificadas, sendo S. carnosus (01) e S. warneri (02) e permanecendo 8 cepas denominadas como Staphylococcus sp coagulase negativa. A verificação do padrão de sensibilidade foi realizada em 17 cepas previamente identificadas como S. aureus (05), S. carnosus (01), S. intermedius (08), S. warneri (02) e Staphylococcus sp. coagulase negativa (01). As cepas analisadas apresentaram um percentual de sensibilidade acima de 50% aos antimicrobianos testados, sendo que somente a cepa de S. carnosus apresentou resistência ao antimicrobiano eritromicina.
CONCLUSÕES:
As espécies de Staphylococcus sp identificadas neste estudo foram: S. aureus, S. carnosus,S. intermedius, S. warneri, sendo que algumas permaneceram com a denominação de Staphylococcus sp, acrescida do termo coagulase positiva ou negativa. O S. intermedius foi predominante entre as espécies causadoras de mastite no rebanho estudado. Quanto ao perfil de sensibilidade constatou-se que as cepas analisadas apresentaram-se sensíveis aos antimicrobianos em um percentual acima de 50%, e que a eritromicina foi ineficaz somente no controle do S. carnosus.
Palavras-chave:  Mastite subclínica; Staphylococcus sp.; Antimicrobianos.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004