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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina
OCORRÊNCIA DE MIÍASES HUMANAS CAUSADAS POR LARVAS DE Cochliomyia hominivorax (DIPTERA: CALLIPHORIDAE) NO BAIRRO DE VILA DE CAVA, NOVA IGUAÇU - RJ
Margareth Maria de Carvalho Queiroz 1, 2   (autor)   mmcqueiroz@uol.com.br
Kátia Regina Cabral Marins 3   (autor)   
Isabel Camargo Dain 1   (colaborador)   
Rubens Pinto de Mello 1, 2   (colaborador)   
Antonio Neres Norberg 2   (colaborador)   
Paloma Martins Mendonça 1   (colaborador)   
Marise Maleck de Oliveira Cabral 1, 4   (colaborador)   
1. Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ
2. Universidade Iguaçu
3. Fundação Técnico Educacional Souza Marques
4. Colégio Pedro II
INTRODUÇÃO:
As moscas varejeiras merecem especial destaque em saúde pública, por produzirem miíases primárias no homem, animais domésticos e silvestres; são insetos holometabólicos, cujas larvas são parasitas obrigatórios de vertebrados. As miíases causadas por Cochliomyia hominivorax são mais prevalentes em regiões de clima quente e úmido de países tropicais e subtropicais. Esta enfermidade ocorre com maior freqüência em indivíduos que moram em zonas de periferias e zonas rurais. Atingindo na maioria das vezes, áreas com lesões descobertas do corpo, onde a oviposição da mosca é mais fácil. A miíase, ocorre principalmente em indivíduos de baixo nível socio-econômico, com hábitos precários de higiene, doentes com distúrbios psiquiátricos, etilistas, diabéticos, imunodeprimidos, pacientes com úlceras varicosas, com acidente vascular cerebral, com hemiparesias, com pediculose, com câncer em estágio avançado, com DST, com gengivites, amigdalites, entre outros. Essas miíases são do tipo tecidual e que podem invadir cavidades, chamadas vulgarmente por bicheiras, são promovidas por larvas biontófagas que parasitam tecidos sadios. Com objetivo de verificar os casos de miíases humanas causadas por C. hominivorax, pacientes atendidos no Posto de Saúde de Vila de Cava, Nova Iguaçu/RJ, foram observados durante o ano de 2002 para identificar os fatores predisponentes e, assim, contribuir para melhor compreensão dos aspectos epidemiológicos desta parasitose naquela localidade.
METODOLOGIA:
As coletas das larvas de moscas foram realizadas na Unidade de Saúde Mista de Vila de Cava, Nova Iguaçu, RJ, no período de janeiro a dezembro de 2002. As larvas foram coletadas pela equipe de enfermagem, com auxílio de pinça e transferidas para um recipiente contendo éter. Tão logo, éramos informados do caso de míiase registrado, imediatamente visitávamos o paciente para maiores informações. Nesta visita , era realizada uma entrevista com o mesmo e entregue o pedido de autorização para participação da pesquisa. As larvas retiradas do tecido do paciente, eram submetidas à solução de cloreto de sódio a 0,9 %, e lavadas por agitação, e em seguida preservadas em tubo de ensaio contendo formol a 10 % e encaminhadas para o laboratório de Biologia e Controle de Insetos Vetores do Departamento de Biologia do Instituto Oswaldo Cruz  IOC/FIOCRUZ. No laboratório, as larvas eram transferidas para recipientes de vidro contendo lactofenol, com a finalidade de promover a clarificação e diafanização do corpo da larva. As larvas eram montadas entre lâmina e lamínula para serem analisadas e identificadas de acordo com a chave dicotômica proposta por LAAKE et al. (1936). As análises foram realizadas através de microscópio estereoscópio e microscópio óptico.
RESULTADOS:
No período de janeiro a dezembro de 2002, registrou-se 12 indivíduos infestados por larvas de C. hominivorax. A presença de miíases foi constatada em apenas cinco meses do ano, tendo o mês de dezembro apresentado a maior ocorrência do número de casos, seguido dos meses de novembro, outubro, setembro e janeiro, respectivamente. As miíases foram encontradas em diversas partes do corpo. Os segmentos corporais mais afetados foram: pernas (50 %), seguidas por cabeça (41,67 %) e costas (8,33 %). Observou-se que o maior índice de miíase apresenta-se em pacientes com o nível de escolaridade e cultural mais baixo. A ocorrência de miíase causada por larvas de C. hominivorax foi predominante nos indivíduos do sexo masculino, que apresentaram 66,67 % dos casos registrados, tendo o sexo feminino apresentado 33,33 %. Em relação à faixa etária dos indivíduos do sexo masculino, registrou-se que a de 21 a 40 anos foi a mais prevalente e entre zero e dez anos não foi observado registro de miíase. Já nos indivíduos do sexo feminino, a maior ocorrência foi observada em crianças na faixa etária de zero a dez anos, seguida pelas faixas etárias de 41 a 50 e 61 a 70 anos e não houve registros de casos de miíases em indivíduos de outras faixas etárias.
CONCLUSÕES:
Registrou-se a ocorrência de 12 casos de miíases humanas, causadas por larvas de C. hominivorax, no Posto de Saúde Mista de Vila de Cava, Nova, Iguaçu, RJ, no período compreendido entre janeiro a dezembro de 2002. Constatou-se que a ocorrência de miíase humana, causada por larvas de C. hominivorax, teve maior prevalência nos indivíduos de baixa renda familiar. Em Vila de Cava, as miíases em humanos foram freqüentes nos meses de janeiro, setembro, outubro, novembro e dezembro, sendo que o mês de dezembro apresentou a maior prevalência. A ocorrência de miíases foi predominante nos indivíduos do sexo masculino, que apresentaram 66,67 % dos casos registrados e o sexo feminino apresentou apenas 33,33%. As miíases foram encontradas em diversas partes do corpo, tais como: cabeça, costas e perna e as partes mais afetadas foram: pernas, seguidas por cabeça e costas, com 50 %, 41,67 % e 8,33 %, respectivamente.
Instituição de fomento: Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ
Palavras-chave:  Miíases Humanas; Cochliomyia hominivorax; Bairro de Vila de Cava, Nova Iguaçu/RJ.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004