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H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 4. Sociolingüística
FLEXAO DE NUMERO, NO SINTAGMA NOMINAL, DO PORTUGUES FALADO EM BARRA DO BUGRES/MT
MARINEZ SANTINA NAZZARI 1   (autor)   ilcorpos@cpd.ufmt.br
1. INSTITUTO DE LINGUAGEM UFMT
INTRODUÇÃO:
INTRODUÇÃO: As flexões de número no português podem ser feitas seguindo a prescrição da gramática normativa, que marca o plural em todos os elementos ou conforme as regras do português popular, que usa o sistema econômico, marcando o plural em apenas um elemento do sintagma nominal (SN), normalmente o primeiro. Trabalhos que investigam as variações da língua objetivando o entendimento principalmente, dos fatores que determinam as variações, sejam eles de ordem interna ou externa e a descrição de suas regras, tem sido feitos por inúmeros lingüistas. Naro & Sherre em seu artigo “Sobre As Origens Do Português Popular Do Brasil” fazem um inventário de algumas dessas investigações filiadas à teoria da variação lingüística: o português falado no Rio de Janeiro por pessoas de procedência geográfica diversa (Braga & Sherre, 1976), português de Minas Gerais, falado no Triângulo Mineiro (Braga,1977), o português do Rio de Janeiro (Sherre, 1978 e 1988), o português do Rio Grande do Sul, falado em Porto Alegre (Ponte, 1978), o português do Pará, falado na micro-região Bragantina (Nina, 1980) e o português falado em Brasília (Dias, 1993). Nossa proposta é contribuir nesse campo de pesquisa verificando a flexão de número, no sintagma nominal, do falar de Barra do Bugres-MT.Todas essas pesquisas têm a sua importância relacionada ao uso desses conhecimentos na educação lingüística, já que a expressão do número apenas no primeiro termo do SN é um traço estigmatizado.
METODOLOGIA:
METODOLOGIA: O corpus foi coletado conforme preconiza a sociolingüística variacionista, que entende ser a narrativa uma forma de coleta de dados em que o informante pensa mais “no que falar” do que “no como falar”. Dessa forma o vernáculo é apreendido. Cinco mulheres narram suas histórias mescladas à história de Barra do Bugres e suas trajetórias profissionais. São mulheres acima de quarenta anos, professoras, que completaram o terceiro grau. Três delas nasceram em Barra do Bugres e duas migraram de outras regiões.Gravamos durante quarenta minutos com cada informante na sua residência para que ficassem mais à vontade. Transcrevemos eliminando os dez primeiros minutos e os dez últimos, recortando assim, para análise, os vinte minutos centrais. Desses retiramos as locuções nominais no plural.
RESULTADOS:
RESULTADOS: Nas locuções nominais produzidas pelas cinco informantes as flexões de número seguem as regras da gramática normativa numa proporção média de 80,81% e em 18,19% das realizações seguem regra popular de aplicação do plural. Em alguns casos há uma retomada da expressão ao se perceber que a concordância não foi aplicada conforme a norma padrão. Todas as informantes realizaram concordâncias em que o elemento indicador do plural aparece apenas no elemento inicial do sintagma ou no elemento final.
CONCLUSÕES:
CONCLUSÃO: Concluímos que a escolaridade é determinante no uso da flexão prescrita pela gramática normativa. É o contato com o registro escrito e, portanto, aquele que se baseia na norma padrão, que faz o falante internalizar essa forma de realização do plural. A escolaridade, juntamente com o acesso aos outros bens culturais produzidos socialmente é que compõe as forças centrípetas. Forças essas que freiam as mudanças lingüísticas.
Palavras-chave:  flexao de numero; concordancia nominal; sociolinguistica.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004