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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 6. Sociologia Urbana
A FOTOGRAFIA COMO NARRATIVA VISUAL
Itamar de Morais Nobre 1   (autor)   itanobre@bol.com.br
Vânia de Vasconcelos Gico 1   (orientador)   gico@digi.com.br
1. Prog. de Pós-Grad. em Ciências Sociais, Univ. Fed. do Rio Grande do Norte - UFRN
INTRODUÇÃO:
A fotografia tem sido abordada, muitas vezes, como linguagem secundária, complementar e ilustrativa. Nesse contexto, a sua significação tem sido posta em oposição à linguagem escrita, devido à tendência de privilegiar-se o texto como meio central da formação do conhecimento e da informação. Desse modo, a fotografia, praticamente, não tem sido valorizada como fonte de informação e como mensagem do universo social no qual evolui o ser humano. No entanto, ela é um signo cuja indicialidade representa as particularidades do seu referente. Através dela podemos perceber as representações concernentes ao meio no qual foi concebida. Ela permite-nos compreender certas dinâmicas e momentos históricos, sem necessariamente termos pertencido-lhes ou convivido com aquilo ou aquele que foi eternizado pelo fotógrafo. A fotografia pode ser considerada suporte empírico de pesquisa, meio revelador da história e do espaço sociocultural no qual o ser humano está inserido, sendo as informações nela contidas uma possibilidade de mediar a comunicação visual, a partir da compreensão dos seus significados. Este trabalho teve o propósito de discutir a fotografia como uma narrativa visual, refletindo sobre as potencialidades do seu significado e dos seus códigos visuais, discuti-la como fonte de pesquisa para a compreensão do processo histórico-social que ela representa, conferindo as qualidades de fonte de informação para a apreensão do contexto social.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi desenvolvida entre os anos de 2001 e 2003 no distrito de Diogo Lopes, comunidade pesqueira do município de Macau, localizado no litoral norte do Rio Grande do Norte, a 200 quilômetros da capital-Natal e no município de Venha Ver, comunidade agrícola, situada à 480 quilômetros da capital, localizada no extremo oeste do mesmo estado. Os dados foram coletados a partir de fotografias produzidas no período, constituindo um itinerário visual sobre os aspectos do cotidiano sociocultural das duas comunidades, observação e pesquisa bibliográfica. Foram selecionadas fotografias-chave, interpretadas pelo pesquisador e por dois grupos de referentes formados em ambas as comunidades, desenvolvendo cada um deles uma leitura do seu próprio universo e do universo sociocultural do outro, cujos atos retóricos foram organizados em mapas de análises para a compreensão da história visual destes universos enquanto repositórios do processo sociocultural.
RESULTADOS:
Foi elaborado um trabalho dissertativo contendo reflexões sobre a proposta apresentada, constituído um arquivo fotográfico sobre as comunidades estudadas e realizadas exposições fotográficas em fóruns científicos e populares. O trabalho também foi voltado para a constituição da memória visual fotográfica destas comunidades durante o período da pesquisa.
CONCLUSÕES:
Ao examinar uma mensagem fotográfica, o interpretante reconstrói um entendimento a respeito de si e do outro, de suas formas de agir, viver, relacionar-se, de suas práticas; ao olhar a fotografia uma porta pode-se abrir e vislumbrar um cotidiano social que não é o do observador, mas ele poderá reconhecer/refazer o seu percurso social. A fotografia, apresentada como fonte de pesquisa, como mediadora do percurso destes interpretantes a fragmentos do seu mundo e a outros fragmentos de realidades que não sejam a sua, ao propiciar-lhes a oportunidade de construir uma leitura de si e do outro, passa a relacioná-lo com a sua cultura e, conseqüentemente, com uma outra cultura. Acrescenta algo mais ao seu saber. Muito mais além, insere o interpretante na problemática do outro, ao torná-lo leitor do outro, assim como, ao torná-lo leitor de si, na sua própria problemática. As fotografias usadas como fonte de pesquisa propiciaram aos interpretantes fazerem uma leitura de si e dos outros, refizeram seus cotidianos sociais, recriando-os em consonância com aqueles observados. Muitos destes observadores realizaram leituras do cotidiano dos outros, semelhante às leituras feitas pelos próprios moradores das comunidades, sem nunca terem ido lá o que demonstra o potencial da fotografia como narrativa visual.
Instituição de fomento: CNPq
Palavras-chave:  Fotografia; Narrativa Visual; Imagem.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004