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E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo
DISSIPAÇÃO DE METOLACLOR E CLORPIRIFÓS EM LATOSSOLO CULTIVADO COM ALGODÃO NA MICROBACIA DO CÓRREGO CHICO NUNES
Elessandra Mariot 1   (autor)   jffmariot@pop.com.br
Denise Graziele Góis Santos 2, 5   (colaborador)   
Luana de Souza 2, 5   (colaborador)   
Marcelo Luiz Ferreira Cunha 3, 5   (colaborador)   
Eliana Freire Gaspar de Carvalho Dores 3, 5   (autor)   eliana@cpd.ufmt.br
Oscarlina dos Santos Weber 4, 5   (orientador)   oscsan@uol.com.br
Claudio Aparecido Spadotto 6   (colaborador)   
1. Pós-graduanda do Depto. Solos e Engenharia Rural, Fac. de Agronomia e Medicina Veterinária - UFMT
2. Graduanda de Química do Depto. de Química, Instituto de Ciências Exatas e da Terra - UFMT
3. Prof. Depto. de Química, Instituto Ciências Exatas e da Terra - UFMT
4. Prof. Depto. de Solos e Engenharia Rural, Fac. de Agronomia e Medicina Veterinária - UFMT
5. Pesquisador Grupo de Estudo de Poluentes Ambientais - UFMT
6. Centro Nacional de Pesquisa de Meio Ambiente - EMBRAPA
INTRODUÇÃO:
Na agricultura moderna, grande parte do controle de pragas, plantas daninhas e doenças ainda é realizado através de métodos químicos com a utilização de pesticidas. Esses, por sua vez, ao serem depositados no solo passam por diferentes processos de dissipação como, por exemplo, degradação, volatilização, escoamento superficial e lixiviação. A importância e magnitude de cada um desses processos de dissipação dependem de vários fatores como natureza e propriedade dos solos, topografia, característica físico-química dos pesticidas, práticas de manejo do solo, tipo de cultura, condições climáticas etc. O tempo gasto para que metade da concentração inicial do pesticida no campo se dissipe é denominado tempo de meia-vida. Pesquisadores no mundo inteiro têm somado esforços para criar alternativas que minimizem o impacto desses produtos no ambiente sendo necessário, para tanto, conhecer o comportamento dos pesticidas no ambiente. Diante desse cenário, torna-se evidente a necessidade de se estudar a dissipação de pesticidas em solos agrícolas brasileiros com intuito de adquirir um melhor entendimento sobre os processos e mecanismos que o governam e, em um futuro próximo, adquirir conhecimento suficiente para que se estabeleçam algumas áreas de risco de contaminação ambiental por pesticidas. O presente trabalho traz como avanço científico o estudo da dissipação dos pesticidas metolaclor e clorpirifós no solo para condições de Mato Grosso e o cálculo do tempo de meia-vida.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado numa fazenda da micro-bacia do córrego Chico Nunes, pertencente aos municípios de Dom Aquino e Primavera do Leste, Mato Grosso, localizada nas coordenadas de 15º 25’ de latitude Sul e 54º 32’ de longitude Oeste. Foram instaladas seis parcelas com 10 m de comprimento por 5 m de largura, dispostas em duas linhas paralelas com três parcelas cada, distantes aproximadamente 50 m (1, 2 e 3) e 65 m (4, 5, e 6) da margem do córrego, respectivamente. Os pesticidas aplicados nas parcelas foram clorpirifós e metolaclor. Para o primeiro, Nufos 480 CE foi o produto comercial utilizado, na quantidade de 1,5 L/ha. Para aplicação do metolaclor foi utilizado Dual Gold na dosagem 2,5 L/ha. As coletas de solo foram realizadas antes da aplicação dos pesticidas e após aplicação nos tempos 0, 1, 2, 4, 8, 16, 32, 64 e 128 dias. Em resumo o processo de extração das moléculas dos pesticidas no solo consistiu de: pesagem de 20 g de solo, em seguida adicionou-se solução extratora agitando por 4 h e filtrou-se. Em balão de rotavapor adicionou-se tolueno e concentrou-se. O extrato concentrado foi submetido à extração líquido-líquido com 3 x 30 mL diclorometano. As fases diclorometânicas foram concentradas em rotavapor e o resíduo foi retomado em tolueno. As amostras foram analisadas em CG-EM.
RESULTADOS:
Com base nos dados obtidos foram construídas curvas de degradação por meio do programa SIGMA-PLOT considerando para tanto degradação exponencial de primeira ordem, na qual tem-se a constante de dissipação e o tempo como variáveis. Os coeficientes de regressão foram 0,957 e 0,977 e a constante de dissipação 0,0452 e 0,3778 para o metolaclor e clorpirifós, respectivamente. Os tempos de meia-vida calculados foram de 15 dias para o metolaclor e de 1,8 dias para o clorpirifós. A meia-vida do clorpirifós encontrada foi baixíssima quando comparado com relatos em condições de clima temperado (60 a 120 dias). Ressalta-se que a precipitação chuvosa ocorreu após o 25o dia da implantação do experimento, a substância esteve exposta à intensa radiação UV. Além disso, o experimento foi implantado em área de plantio direto onde há maior atividade microbiana. Vários autores reportaram valores de meia-vida de 15 a 70 dias para o metolaclor, em situação de clima temperado. Esta substância é ligeiramente solúvel em água, daí a explicação da sua rápida dissipação considerando a ocorrência de chuvas intensas e freqüentes na região de estudo. A degradação e/ou a volatilização devem ter sido os principais mecanismos de dissipação ocorridos. Em estudo feito em Latossolo na região de Jaciara-MT foram encontrados tempos de meia-vida de 20 dias para o metolaclor e de 0,8 dias para o clorpirifós, valores estes da mesma ordem de grandeza daqueles encontrados neste estudo.
CONCLUSÕES:
Para as substâncias estudadas não houve diferença significativa entre as curvas de degradação das seis parcelas, em especial daquelas dispostas paralelamente.
A meia-vida do metolaclor foi semelhante ao valor inferior citado na literatura e considerando que não houve ocorrência de chuva até 25 dias após a aplicação do pesticida, a degradação e/ou a volatilização devem ter sido os principais mecanismos de dissipação.
O clorpirifós teve menor persistência no solo que o metolaclor.
Instituição de fomento: Fundo de Amparo a Cultura do Algodão (FACUAL) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
Palavras-chave:  solo; dissipação; pesticidas.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004