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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
CONDIÇÕES DE VIDA DE ESCOLARES DA ÁREA URBANA DE CUIABÁ - MT
Maria Aparecida de Lima Lopes 1   (autor)   cidalopes@terra.com.br
Lenir Vaz de Guimarães 2   (colaborador)   lvguima@terra.com.br
Maria Silvia Amicucci Soares Martins 2   (colaborador)   amicucci@terra.com.br
Marilisa Berti de Azevedo Barros 3   (colaborador)   marilisa@unicamp.br
1. Depto. de Nutrição e Dietética, Fac.de Enfermagem e Nutrição  UFMT
2. Depto. de Saúde Coletiva, Instituto de Saúde Coletiva  UFMT
3. Depto. de Medicina Preventiva e Social, Fac.de Ciências Médicas  UNICAMP
INTRODUÇÃO:
Estudos sobre condições de vida possibilita identificar desigualdades de acesso a bens e serviços necessários à vida e são fatores condicionantes de saúde da população. Este trabalho teve como relevância gerar indicadores para a melhoria da qualidade de vida de grupos populacionais, que se constitui no atendimento básico dos direitos humanos elementares, como moradia, alimentação, saneamento, educação e saúde, além de contribuir com a escassa literatura sobre o tema. Realizou-se o presente estudo com o objetivo de descrever as condições de vida de escolares da área urbana de Cuiabá-MT.
METODOLOGIA:
A pesquisa consistiu em um estudo descritivo de corte transversal, com entrevistas realizadas em uma amostra aleatória de escolares que estavam cursando a primeira série do ensino fundamental de escolas públicas e privadas da área urbana do município de Cuiabá-MT. As informações relativas às variáveis do estudo foram obtidas com o uso de questionário pré-codificado aplicado por entrevistadores treinados, com as mães ou responsáveis pela criança. As entrevistas foram realizadas durante o ano de 2000. O questionário continha questões relativas aos seguintes tópicos: identificação da criança; características da entrevista; características socioeconômicas (nível de escolaridade dos pais, renda familiar mensal per capita posição na ocupação, desemprego do pai/chefe de família desde o nascimento da criança, número de equipamentos e bens domésticos); características da família e domicílio (chefe da família, número de moradores e de crianças com menos de 5 anos de idade, tipo de domicílio, número de cômodos, tipo de abastecimento de água, ligação com rede de esgoto sanitário e coleta pública de lixo); características maternas (mudança na situação conjugal). Os dados foram digitados em um banco elaborado no programa Epi-Info V.6.04b. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética do Hospital Universitário Júlio Müller-UFMT.
RESULTADOS:
Dos 1300 escolares estimados na amostra foram analisados 1096, significando uma perda de 16,1%. A análise dos dados indicou os seguintes resultados: com relação às variáveis relativas a família e domicílio grande parte dos escolares pertenciam a famílias cujo chefe era o pai (62%), as mães não tiveram nenhuma mudança na situação conjugal (60%), moravam no domicílio com até 5 pessoas (67%), as famílias não possuíam nenhuma criança menor de 5 anos (65,9%), residiam em casa de alvenaria com acabamento incompleto (54,7%), com até 5 cômodos (59,8%) e com acesso a água potável com canalização interna em 69,4% dos domicílios. De acordo com as variáveis socioeconômicas verificou-se que 12,4% e 33,5% dos escolares viviam com renda familiar per capita de menor e igual a 0,25 e maior e igual a 1 salário mínimo, respectivamente; das mães dos escolares 5,9% não possuíam nenhum ano de escolaridade e 33,7% possuíam 9 anos e mais de estudo, enquanto 7,3% dos pais não tinham nenhum ano de escolaridade, cerca de 31% tinham 9 anos e mais de estudo. Segundo as variáveis relativas as condições de trabalho, 58,3% das mães exerciam atividades econômicas e 75,8% dos pais encontravam-se com alguma ocupação, embora 47,0% dos pais já tivessem ficado desempregado alguma vez desde o nascimento da criança.
CONCLUSÕES:
Os resultados revelam indicadores importantes de acesso a bens e serviços dos escolares da área urbana de Cuiabá-MT indicando que 12,4% das famílias dos escolares possuem renda familiar per capita inferior e igual a 0,25 salários mínimos resultante, possivelmente, do baixo nível de escolaridade materna (5,9%) e paterna (7,3%). Esse fator reflete em uma ocupação menos qualificada, na dificuldade de acesso a emprego e a informações que são determinantes das condições de ambiente físico e da aquisição de bens e serviços de melhor qualidade. Dessa forma, os estratos menos favorecidos da população merecem maior atenção das políticas públicas e programas direcionados à melhoria da qualidade de vida.
Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa de Mato Grosso  FAPEMAT/ SVS-MS/ Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso.
Palavras-chave:  condições de vida; nível sócio-econômico; escolares.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004