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F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Economia - 1. Crescimento, Flutuações e Planejamento Econômico
CAPITAL HUMANO E CONVERGÊNCIA DE RENDA ENTRE AS MICRORREGIÕES DE MINAS GERAIS
Elydia Silva 1   (autor)   
Geraldo E. Silva Jr. 2   (co-orientador)   geraldo@ufv.br
Rosa Fontes 3   (orientador)   rfontes@ufv.br
1. Depto. de Economia, Universidade Federal de Viçosa - UFV
2. Depto. de Economia, Universidade Federal de Viçosa -UFV
3. Depto. de Economia, Universidade Federal de Viçosa - UFV
INTRODUÇÃO:
O estado de Minas Gerais possui uma dinâmica econômica que se destaca entre os estados do país. Porém diversos trabalhos enfatizam a existência de sérias disparidades regionais de renda per capita, que tenderiam a se perpetuar, de forma que existiriam clubes de convergência no estado. Pois, apesar de sua dinâmica e riqueza, Minas Gerais se caracteriza por uma forte diversidade econômica entre suas regiões e microrregiões, apresentando uma economia dual, em que microrregiões relativamente desenvolvidas se contrastam com outras estagnadas, com atividades de subsistência, penúria e fome. A identificação das fontes de disparidades regional se constitui em elemento essencial para o planejamento do desenvolvimento econômico e social do estado. Segundo as novas teorias de crescimento econômico, a acumulação de capital humano seria um importante fator de crescimento e poderia explicar parte das diferenças regionais de renda e produção. Assim, a equalização da acumulação de capital humano seria importante para o processo de crescimento estadual com distribuição de renda regional igualitária. Portanto, o objetivo central deste trabalho foi analisar a importância das diferenças na acumulação de capital humano sobre o crescimento econômico e as diferenças de renda per capita das microrregiões do estado de Minas Gerais, no período de 1980 a 1996.
METODOLOGIA:
Este estudo seguiu a metodologia proposta por Barro e Sala-i-Martin (1992, 1996), para verificar a existência de convergência de renda per capita entre as microrregiões mineiras, no período de 1980 a 1996. A análise é feita a partir de regressões do tipo cross-section, nas quais a taxa de crescimento per capita é a variável dependente. A equação de b-convergência absoluta é:
(1/T) ln (Yt / Yi,o) = B1 + B2 ln(Yi,o) + ui;
onde: Yi,t é o PIB per capita da microrregião i, no ano t; e, T é número de anos do período.
A equação de b-convergência condicional é:
(1/T) ln (Yi,t/ Yi,o) = B1 + B2 ln(Yi,o) + B3 X + ui;
onde: X é um vetor de variáveis regionais relativas ao estoque de capital humano no período inicial da amostra.
A velocidade de convergência é dada por:
B2 = - [ (1- e – Bt)/ T];
onde: B é a velocidade de convergência.
Uma correlação negativa entre a taxa de crescimento e a renda per capita inicial (B2 < 0) indica que está ocorrendo convergência da renda per capita. A existência de convergência condicional indica que, após controladas as variáveis contidas no vetor X, existirá convergência da renda per capita. As regressões foram estimadas pelo método dos Mínimos Quadrados Ordinários, com o auxílio do software EViews. Os dados foram obtidos na Base de Dados do CEDEPLAR e no IPEA.
RESULTADOS:
Inicialmente, realizou-se o teste de b-convergência absoluta de renda, em duas etapas. Na primeira, considerou-se as 66 microrregiões e na segunda, excluíram-se 3, Belo Horizonte, Ipatinga e Grão Mogol, consideradas outlies. Segundo os resultados, não houve convergência absoluta de renda per capita entre estas economias, no período, pois a variável PIB per capita em 1980 teve coeficiente positivo, o que indica que as microrregiões mais ricas cresceram mais que as mais pobres; sendo que tal coeficiente foi significativo, ao nível de 10%, apenas na segunda etapa. Contudo, o R² foi muito baixo, o que confirmou que esta variável é insuficiente para explicar as diferenças na taxa de crescimento das economias. Procedeu-se, então, ao teste de b-convergência condicional, também em duas etapas. Na primeira, considerou-se todas as microrregiões, na segunda, excluiu-se Belo Horizonte. Em ambas o estoque de capital humano foi positivo e significativo, a 1%, sendo que, quando este é incluído, o estado entra em uma dinâmica de convergência de renda, com a variável PIB per capita passando a ter coeficiente negativo e significativo. Ou seja, quando são controladas as variáveis relativas ao estoque de capital humano, as microrregiões mais pobres tendem a crescer mais que as mais ricas. Isto indica que a equalização do estoque de capital humano é necessária para que haja redução das desigualdades de renda. Sedo que, esta ocorreria com meia-vida de 126 anos na primeira etapa e 81 na segunda.
CONCLUSÕES:
Minas Gerais, estado relativamente rico e que se destaca entre os mais dinâmicos do Brasil, detêm um alto grau de heterogeneidade interna, com contrastes regionais intensos e alta concentração de renda. Por isso, este estudo buscou verificar se as diferenças no estoque de capital humano estariam influenciando na manutenção das diferenças de renda per capita entre suas microrregiões. Segundo os resultados encontrados, o estado estaria passando por um processo de convergência condicional da renda, de forma que as diferenças no nível de capital físico e os retornos decrescentes a este fator não seriam suficientes para levar o estado a uma equalização em nível microrregional. Seria necessário, então, que houvesse a equalização de outros fatores regionais para que, posteriormente, pudesse haver uma equalização do nível de renda. O fator testado neste estudo foi o estoque de capital humano, cujo resultado indica que sua diferença regional é uma das causas da manutenção da diferença de renda per capita. Segundo as regressões estimadas, não há convergência de renda per capita. Porém, se o nível de capital humano fosse equalizado, esta convergência ocorreria com meia-vida (tempo necessário para que as microrregiões mais pobres reduzam à metade a distancia que as separa das mais ricas) em torno de 126 anos, quando considerando-se Belo Horizonte e 81 anos quando se exclui esta microrregião.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Crescimento; Capital Humano; Convergência de renda.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004