IMPRIMIR VOLTAR G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 3. Sociologia do Desenvolvimento MOBILIDADE OCUPACIONAL FEMININA COMO ESTRATÉGIA DE REPRODUÇÃO SOCIAL DE FAMÍLIAS DE PESCADORES EM ICOARACI, BELÉM/PA Kirla Korina dos Santos Anderson 1   (autor)   kirla7@hotmail.com Maria Cristina Alves Maneschy 2   (orientador)   crismane@amazon.com.br 1. Curso de Ciências Sociais, Universidade Federal do Pará - UFPA 2. Depto. de Sociologia, Universidade Federal do Pará - UFPA INTRODUÇÃO: O objetivo deste trabalho incide no entendimento do papel feminino na reprodução social de famílias de pescadores, com ênfase para as tarefas que as mulheres desempenham no sentido de assegurar renda. O contexto empírico reside no Distrito de Icoaraci, em Belém/PA, importante entreposto pesqueiro da região. Salienta-se que a divisão sexual do trabalho relaciona-se com o mundo da produção e da reprodução social, no qual as funções reprodutivas (cuidado com as pessoas) são naturalizadas como femininas. A referida distinção das atividades por sexo no segmento produtivo da pesca transfere aos homens o domínio do mar e, às mulheres, a responsabilidade pelas atividades de terra e, conforme o caso, em águas próximas. Assim, o exame do papel da mulher na reprodução social parte da perspectiva sociológica de considerar a incidência dos valores sociais vinculados aos papéis sociais, nas práticas de trabalho das agentes tanto em âmbito familiar quanto extra-doméstico. METODOLOGIA: Seguiu-se de revisão bibliográfica pertinente à categoria gênero, merecendo destaque literaturas que privilegiam tarefas femininas de caráter produtivo em âmbito geral, e em comunidades pesqueiras que se baseiam na atividade pesqueira mais especificamente, como estratégia de sobrevivência do grupo doméstico. Consultou-se documentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, da Secretaria Municipal de Coordenação Geral do Planejamento e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos tendo em vista a análise, em termos estatísticos, da participação no mercado de trabalho da população economicamente ativa de Belém, dos tipos de atividades de maior participação do público feminino e da renda média mensal por sexo. A obtenção de dados empíricos contemplou questões como idade e grau de escolaridade, como também as principais atividades extra-domésticas que realizaram e que realizam, como também procurar identificar os fatores que justificam suas inserções e re-inserções no mercado de trabalho. RESULTADOS: Dentre as atividades produtivas, as mulheres não desenvolvem apenas as ligadas com a pesca, mas em alguns casos pôde-se perceber que arcavam com a combinação de atividades - conserto de redes e vendas de alimentos, por exemplo - que se diversificavam também conforme a fase do ano em que se encontram. A revisão bibliográfica efetuada, reforçada pelas incursões em campo, leva a constatar que a história ocupacional dessas mulheres é marcada por entradas e saídas do mercado de trabalho, tendo como principal fator explicativo a necessidade de complementação no orçamento doméstico. Cumpre ressaltar que os dados oficiais sobre mulher e trabalho apontam a pouca variabilidade de trabalhos femininos em detrimento do caso masculino. Elas têm maior participação em atividades já relacionadas à esfera de atuação feminina - os tradicionais serviços domésticos -, quando se trata de mulheres com baixo grau de escolaridade e pertencentes à famílias de baixa renda, conforme o caso em estudo. CONCLUSÕES: As tentativas de inserção no mercado de trabalho pelas mulheres não eliminam suas responsabilidades pela esfera da manutenção doméstica. Isto implica dizer que as mulheres acabam por acumular várias tarefas para desempenhar, tanto no âmbito da produção como no da reprodução social, compondo o quadro da "dupla jornada de trabalho". Pode-se incorrer às implicações dos valores sociais para os sexos que colocam o espaço da vida privada e, conseqüentemente, da responsabilidade da casa e das pessoas para as mulheres. Repousa nesta responsabilidade a justificativa que as mulheres de Icoaraci dão para sua dupla jornada de trabalho, dizendo que também precisam ajudar no orçamento doméstico. Neste sentido, a participação econômica da mulher pode ser entendida pelo viés dos direitos e obrigações familiares, cujos papéis assumidos pelos integrantes podem ser remodelados com o passar do tempo. Aos poucos a mulher vai se inserindo mais no espaço público, sem deixar de lado as tarefas domésticas, caracterizando a "dupla jornada de trabalho feminina". Instituição de fomento: PIBIC/CNPq Trabalho de Iniciação Científica Palavras-chave:  Trabalho; Gênero; Pesca. Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004