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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia
NEM BOSSA-NOVISTA, NEM-TROPICALISTA: CHICO BUARQUE, LETRAS, MÚSICAS, LIRISMO, POLÍTICA E POESIA.
Carolina Cecio Soares Dias 1   (autor)   carolcecios@bol.com.br
Márcio Rogério Pereira Fonseca Santos 1   (autor)   marciobra2003@yahoo.com.br
Josinaldo Pires Barroso 2   (autor)   
Roberto Augusto Amâncio Pereira 2   (autor)   
José Augusto Borges Vaz 1   (autor)   vaz.augusto@bol.com.br
Dylson Ramos Bessa Junior 2   (autor)   
Flávio Antônio Moura Reis 1   (orientador)   
1. Depto de Sociologia e Antropologia, Universidade Federal do Maranhâo
2. Depto de História, Universidade Federal do Maranhão
INTRODUÇÃO:
Neste trabalho pretendemos analisar os movimentos musicais e Chico Buarque no período correspondente ao final da década de 50 até fins da década de 60 do século XX. Suas gestações se deram no eixo Rio- São Paulo, embora tenham "vindo" da Bahia por influência. A Bossa Nova e o Tropicalismo marcaram movimentos de características opostas de uma geração, já que o primeiro significou uma implosão de nossos valores culturais, expressões através de formas sofisticadas de música de câmara, e o segundo uma implosão de idéias das mais diversificadas e até mesmo deliberadamente contraditórias.
METODOLOGIA:
Na metodologia utilizamos fontes musicais, livros, revistas, entrevistas e documentários.
RESULTADOS:
Constatou-se em nossas pesquisas que Chico evitou o confronto pelos jornais e ao mesmo tempo foi poupado das críticas mais fortes do "Tropicalismo", que negava mais insistentemente Vandré e a "esquerda universitária" da "MPB". Nas esquinas e nos botecos, o oposto de Gil e Caetano, independente de suas vontades, era Chico o favorito. Os estudantes se dividiam entre Chico e Caetano, entre Vandré e Gil, entre o "Tropicalismo" e a "MPB". Ao mesmo tempo em que promete uma possibilidade prazerosa em suas músicas, Chico Buarque trata de desfazê-la. Músicas como "A Banda", "João e Maria", "Olhos nos Olhos", "A Noiva da Cidade", "Cecília" etc. mostram bem este lado melancólico, sensual, insinuador e ilusório de momentos vividos ou que estão em pleno acontecimento. Em outros nuances de sua autoria em composições como "Construção", o raciocínio linear dá lugar a uma (des) ordem onde há uma aparente falta de nexo, se mostra uma canção-denúncia da situação social do trabalhador. O que poderia ser um momento "tropicalista" com um discurso alinear se mostra uma proposta "modernista". Por outro lado, não se verifica uma forma "bossa-novista" de mera contemplação ao amor ou à natureza. É feita uma revelação da condição de operário e de seus momentos surreais de ser um príncipe, por exemplo. Até o momento em que cai do andaime atrapalhando o tráfego e o sábado. Ali o "homem mercadoria" ganha forma de inconveniente, pois não é mais do que uma massa.
CONCLUSÕES:
Em Chico Buarque a estética dos versos são interessantes, pois transporta o ouvinte e leitor ao inesperado, ao trocadilho, ao diverso com rima naquela trajetória individual, porém, coletiva, de mais um operário que cai da construção para "atrapalhar" o trânsito. Em letras como "Deus lhe Pague", "Cálice", "Hino de Duran" exibiu uma clara insatisfação e desespero de uma realidade sufocante que quer asfixiar uma criatividade desafiadora e que exige a liberdade como pólen. A uma negação do Tropicalismo e da Bossa-Nova já que não podemos identificá-lo com estas vertentes, pois não há uma criação fragmentada, sem propósito e sem "projeto" como no caso do Tropicalismo, em que não há um engajamento político, e nem com a Bossa-Nova e sua melodia, apreciação de um belo natural e temática romântica, porém é inegável a influência que Chico recebeu destes estilos, contudo, não ocorrendo um determinante musical destas correntes musicais em suas composições e melodias. Enquanto Chico pensava em resgatar o "samba", o Tropicalismo pretendia dar um enterro decente ao samba, colocando-o como algo inadequado e fechado como vemos em "A Voz do morto" de Caetano Veloso, e assim, se coloca na condição de último movimento musical com a capacidade de se perpetuar. Por outro lado, a Bossa Nova com seu "refinamento" e influências marcantes do Jazz, forjado a partir de uma classe média impõe-se como um gosto musical mais trabalhado. Chico Buarque se coloca e termina sendo uma eterna manifestação de imagens e significados em constante criação, possibilitando o repensar permanente
Palavras-chave:  Música; Poesia; Política.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004