IMPRIMIR VOLTAR C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 6. Parasitologia PREVALÊNCIA DE Trypanosoma sp. EM CASCUDOS Liposarcus anisitsi, NA ESTAÇÃO DE PISCICULTURA DA UFMS Elzir Amorim 1   (autor)   elzir-amorim@bol.com.br Fernando Paiva 2   (orientador)   fernando@nin.ufms.br 1. Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal de mato Grosso do Sul- UFMS 2. Departamento de Parasitologia Veterinária, Universidade Federal de mato Grosso do Sul- UFMS INTRODUÇÃO: Os peixes são os vertebrados que apresentam os maiores índices de infecções por parasitoses, isto porque o habitat aquático facilita a propagação, a reprodução e o ciclo de vida da maioria dos agentes patogênicos; além de propiciar outros fatores de relevante importância para sobrevivência de cada grupo de organismos parasitos (MALTA, 1984). Nos sistemas de cultivo intensivo, por usarem altas densidades populacionais, o contato entre os peixes é facilitado. Desta forma, peixes contaminados podem servir como reservatórios para a disseminação de parasitos; sendo que a susceptibilidade à infecção irá variar em função da espécie cultivada (KUBITZA, 1998). Animais criados em cativeiro sofrem um pronunciado estado de estresse fisiológico, que os torna sujeitos a infecções por vários agentes etiológicos, destacando-se os de origem parasitárias. Os únicos vetores conhecidos de Trypanosoma encontrados em peixes são as sanguessugas; porém, pouco se conhece sobre suas relações parasito-hospedeiro (JONES, 1991). O estudo desses parasitos é de grande importância para melhor compreensão da patogenia em peixes. É necessário mais estudos para que se conheça os fatores que afetam o desenvolvimento dos peixes, principalmente as espécies criadas em cativeiro. Este trabalho tem como objetivo, verificar a prevalência de Trypanosoma sp. em cascudos ( liposarcus anisitsi) capturados em tanques da Estação de Piscicultura da UFMS. METODOLOGIA: As coletas foram realizadas na Estação de Piscicultura da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (EP), situada na Reserva Biológica da UFMS, campus de Campo Grande. A EP apresenta uma área de 2 ha, onde estão distribuídos dez tanques medindo 10m x 5m, com profundidade entre 80cm e 1m. Foram capturados 36 cascudos ( Liposarcus anisitsi ) ao acaso, com auxílio de tarrafa. Os exemplares foram medidos, com auxílio de um ictiômetro e em seguida, pesados em balança digital de precisão. As amostras de sangue foram colhidas por punção cardíaca, utilizando seringa tipo insulina. As amostras de sangue foram depositadas em tubos de ensaio, devidamente identificadas, contendo uma gota de anticoagulante EDTA a 1%. Para o diagnóstico de trypanosoma sp., as amostras foram processadas pela Técnica do microhematócrito (WOO, 1969), usando dois tubos de microhematócrito para cada amostra. Os tubos foram preenchidos com sangue, fechados na chama e centrifugados a 10.000 rpm por 5 minutos. Das amostras positivas, foram confeccionadas três lâminas de esfregaços sanguíneos, fixadas em metanol e coradas pelo Giemsa. Nos esfregaços corados foram efetuadas as medidas da distâncias cinetoplasto-núcleo (KN) e núcleo-extremidade anterior (NA). Para realização das medidas, os Trypanosoma foram desenhados em papel com auxílio de microscópio com câmara clara. As medidas foram realizadas através de um programa gráfico para trabalho com mapas (GPS Trakmaker). RESULTADOS: Os peixes examinados tinham em média 26,3(±8,09) cm de comprimento padrão e pesavam em média 403,3 (±349,89) g com o VG médio de 26,8 (±9,05). Dos animais capturados, 72,22% apresentaram formas de Trypanosoma no sangue, detectados pela técnica do microhematócrito (WOO, 1969). No exame dos esfregaços corados, das amostras positivas para Trypanosoma, em apenas 15,38% foram detectadas formas tripomastigotas, indicando que o diagnóstico parasitológico pelo microhematócrito é muito mais eficiente e sensível do que o exame do esfregaço sanguíneo. Os indivíduos parasitados eram significativamente menores que os não parasitados, com tamanho médio de 23,8 (±6,7) e 32,6 (±7,1) cm, respectivamente; pelo teste t de Student (3,62, gl= 36, p= 0,001). Neste estudo os peixes não puderam ser classificados em faixas etárias e a amostra continha espécimes de tamanhos variados. A distância média do KN foi de 10,5 (±1,5)µm; e para NA foi encontrado o valor médio 9,7 (±1,8)µm. O tamanho dos indivíduos de uma espécie de Trypanosoma pode variar significativamente, tanto na mesma espécie de hospedeiro, como em espécies diferentes (WOO, 1994). O índice que determina a posição média do núcleo foi de 0,9 (±0,2). Este valor indica que o núcleo situa-se em posição central. Não determinamos a espécie estudada, pois para uma correta identificação, os fatores como características em meio de cultura, padrões de desenvolvimento no vetor, especificidade por um vetor e especificidade para uma espécie de peixe em particular devem ser considerados. CONCLUSÕES: Apesar de espécies de Trypanosoma ocorrerem amplamente em peixes, à relação destes parasitas com seus hospedeiros, continua sendo pouco estudada. Principalmente os que ocorrem em espécies de peixes de pouco valor comercial. A especificidade de hospedeiro, o vetor e as características em meio de cultura deste parasita são praticamente desconhecidos para espécies encontradas em cascudos e, também, para muitas outras espécies. Observou-se através deste trabalho que, os indivíduos parasitados foram significativamente menores que os não parasitados, e também se conclui que o diagnóstico pela técnica do microhematócrito é mais eficiente do que pelo exame do esfregaço sanguíneo, isto porque houve maior prevalência de Trypanosoma por esta técnica. Este trabalho visou à obtenção de dados preliminares relativos à prevalência de Trypanosoma sp. em cascudos Liposarcus anisitsi. Além disso, são apresentadas informações sobre características morfométricas dos parasitas, importantes para uma determinação futura das espécies deste gênero parasitas de cascudos na região. Instituição de fomento: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Palavras-chave:  Cascudos; Diagnóstico; Parasitas. Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004