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B. Engenharias - 1. Engenharia - 9. Engenharia Mecânica
Influências dos parâmetros de armazenamento no desempenho de juntas soldadas
Gustavo Gamaliel Alves de Souza 1   (autor)   gustavogamaliel@yahoo.com.br
Giovane Azevedo 2   (orientador)   giovane@coltec.ufmg.br
Eustáquio Apolinário 2   (orientador)   apolina@demet.ufmg.br
1. Departamento de Engenharia Mecânica da Puc-MG
2. Departamento de Mecânica do Colégio Técnico da UFMG
INTRODUÇÃO:
Nos dias atuais os processos de soldagem assumiram um papel de destaque no cenário industrial brasileiro, como exemplo podemos citar a solda em plataformas submarinas, estruturas metálicas, entre outras. Desta maneira torna-se cada dia mais importante um bom controle do processo, devendo-se destacar as condições otimizadas de trabalho.
Um dos fatores determinantes na obtenção de uma junta soldada de alta performance, são os cuidados preventivos a serem tomados com os eletrodos revestidos. Os eletrodos devem ser armazenados em suas embalagens originais, fechadas, em ambiente adequado, com uma umidade relativa do ar inferior a 50%. O revestimento dos eletrodos é higroscópico, isto é, absorve umidade da atmosfera, o que afeta a soldabilidade, além de comprometer a qualidade do metal depositado, causando poros e trincas. A absorção de umidade e sua influência negativa na característica da solda variam segundo o tipo de eletrodo e, por isso, as condições de armazenamento podem ser diferentes.Os eletrodos que apresentarem umidade excessiva, o que geralmente é indicado pela ocorrência de porosidade no início do cordão, deverão ser ressecados.
O presente trabalho tem como objetivo apresentar os aspectos qualitativos de uma seqüência de juntas soldadas, com eletrodos revestidos armazenados em diferentes situações
METODOLOGIA:
A prática realizada foi constituída de seis eletrodos, sendo dois eletrodos básicos, dois rutílicos e dois celulósicos. Foram formados dois grupos, sendo um grupo armazenado em condições ideais e o outro armazenado fora dos critérios de acondicionamento.
Foram executadas as seqüências de soldagem, ou seja, duas chapas foram unidas através do processo de solgadem, SMAW (Shielded Metal Arc Welding) utilizando os eletrodos dos dois grupos, em corpos de prova com as seguintes características: duas barras chatas (para cada experimento) de 3/8” x 2”, aço SAE1020, chanfro de 45o, solda de topo, simples V, com um passe de solda.
As soldas foram efetuadas utilizando-se os mesmos parâmetros e equipamentos de soldagem para os dois grupos.
A seguir retiraram-se amostras para inspeção técnica e desempenho, onde foram comparados os resultados obtidos, como porosidade, dureza, penetração, efeitos na ZTA, resistência e análise de imagens (aspectos visuais, tais como mordedura), nos quais diagnosticamos os defeitos provenientes do armazenamento correto ou não, dos eletrodos.
RESULTADOS:
Eletrodo básico (armazenado na maneira ideal): a solda apresentou baixa porosidade, dureza adequada aos valores previstos pela norma, com penetração adequada, com pouca influência na ZTA, uma resistência compatível com a norma e com um bom aspecto.
Eletrodo básico (armazenado de maneira inadequada): a solda apresentou alta porosidade, com a dureza ainda dentro dos parâmetros, porém mais baixa do que a encontrada na experiência com o outro eletrodo básico (12.3% a menos), com baixa penetração do metal de adição, com uma variação significativa na ZTA em relação ao eletrodo acima e sem um bom aspecto visual.
Eletrodo rutílico (armazenado da maneira ideal): os resultados encontrados foram satisfatórios, ou seja, dentro das normas de soldagem.
Eletrodo rutílico (armazenado de maneira inadequada): a solda apresentou porosidade ligeiramente afetada em relação ao eletrodo padrão, influência pouco significativa na dureza e resistência mecânica do material (6.2% a menos), com influência negativa quanto a penetração, pouca modificação na ZTA em relação ao eletrodo acima e com um aspecto visual inferior ao ideal.
Eletrodo celulósico (armazenado de maneira ideal): os resultado encontrados estão conforme as normas de soldagem.
Eletrodo celulósico (armazenado de maneira inadequada): a solda apresentou alta porosidade, com grande influência na dureza e resistência em relação ao eletrodo ideal (15.6% a menos), com deficiência na penetração, variação significativa na ZTA e uma péssima qualidade visual.
CONCLUSÕES:
O eletrodo básico é muito influenciado pelo mau armazenamento, pois em contato com a atmosfera ele absorve umidade do ar, então quando ele for utilizado para a solda, o hidrogênio presente participa de maneira danosa no processo de soldagem, propiciando a formação de microfissuras que resultarão em futuras trincas na junta soldada.
O eletrodo rutílico foi o que menos sofreu com o mau armazenamento, em relação aos outros dois, apesar de ter apresentado grande diferença na penetração e no aspecto visual, porém houve um grande comprometimento das características, ou propriedades, mecânicas da junta soldada.
O eletrodo celulósico foi o que apresentou uma maior dificuldade na estabilidade do arco elétrico, pois o revestimento, responsável entre outras coisas pela estabilização do arco voltaico, estava seriamente comprometido em função da umidade absorvida, pois esta reagiu com os componentes do revestimento, praticamente inutilizando-o. O aspecto visual do cordão de solda se apresentou deficiente, a penetração do metal base na junta soldada pode se considerar deficitária.
As experiências executadas visavam mostrar os grandes problemas gerados pelo mau armazenamento dos eletrodos, o que foi possível de se concluir, pois todos os eletrodos armazenados de maneira incorreta apresentaram algum tipo de comprometimento na junta soldada, de acordo com as normas da ABS ( Associação Brasileira de Soldagem).
Palavras-chave:  Soldagem; Eletrodo; Junta soldada.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004