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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
O ENSINO DE FILOSOFIA PARA CRIANÇAS NAS ESCOLAS DE MATO GROSSO E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Nivanda França Araújo 1   (autor)   ni_franca@hotmail.com
Peter Buttner 2   (orientador)   
1. Instituto de Educação-Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT
2. Departamento de Filosofia/UFMT
INTRODUÇÃO:
A concepção que temos sobre a necessidade de efetivamente, a escola se comprometer, envolvendo-se cada mais no desenvolvimento de habilidades e competências tem nos aproximado do ensino de filosofia como um caminho possível na busca de uma educação comprometida com o raciocínio argumentativo, colaborando também para o aprofundamento das práticas de convívio democrático nas escolas e, por decorrência disso, também da sociedade. Nesse contexto, este relato pretende apresentar a situação do ensino de Filosofia para Crianças nas escolas que trabalham com essa área de conhecimento em Mato Grosso, procurando identificar qual a formação dos professores que facilitam esse trabalho e quais referências sustentam suas práticas. O diagnóstico da situação do ensino de filosofia no Estado de Mato Grosso, objetivado e esperado por esta pesquisa, é uma necessidade para planejar, organizar e realizar eficazmente a formação dos educadores de filosofia (do filosofar) que deve capacitá-los para iniciar e conduzir um processo educacional mais avançado e eficiente para gerar nos educandos tanto qualidade cognitiva, filosófica, científica e tecnológica, quanto qualidade de vida e de cidadania democrática, caracterizadas pelo desenvolvimento de habilidades e conhecimentos necessários e relevantes para a atualidade e o futuro.
METODOLOGIA:
A metodologia utilizada teve como objetivo encontrar dados em um diagnóstico qualitativo-quantitativo interpretativo da situação do ensino da filosofia em Mato Grosso, capaz de indicar necessidades e iniciativas eficientes para a educação mato-grossense. Foram entrevistados professores, diretores, coordenadores, alunos e pais. As entrevistas possibilitaram uma maior compreensão no entendimento da real situação da Filosofia no estado, pois contribuiu para identificar qual o procedimento pedagógico e a prática da Educação Filosófica, se o ensino de filosofia é tradicional, autoritário, inativo, de mera transmissão e memorização de conhecimentos, se é inovador e avançado (orientado por Matthew Lipman), com autonomia do pensar por parte do aluno, investigativo, interativo, dialogal e dialógico, construtivo e autocorretivo, lúdico e prazeroso e de outras qualidades desta linha. Buscou saber para quê a Educação Filosófica pretende contribuir no currículo e na vida dos alunos, como valoriza as experiências de vida e do cotidiano dos alunos. Possibilitou conhecer a realidade de formação dos professores que orientam o ensino de Filosofia para Crianças, qual o material didático usado, quais pressupostos sustentam essa prática e quais os recursos técnico-didáticos utilizados no encaminhamento dos trabalhos.
RESULTADOS:
Foram pesquisadas sessenta e cinco escolas em Mato Grosso, e destas oito trabalham com a proposta de Lipman. Quanto ao quadro docente, dezenove professores orientam o trabalho da Filosofia nas escolas públicas e particulares do estado. Deste, quinze têm formação em Ciências Humanas, havendo uma evidente revelação de carência do filósofo licenciado.Quanto aos pressupostos da proposta de Lipman, oitenta por cento dos professores têm clareza dos objetivos desse trabalho, e vinte por cento não revelam conhecer os objetivos da educação filosófica. Dezesseis professores percebem que a educação filosófica contribui para a formação de cidadãos críticos, reflexivos, que buscam os “porquês” das coisas, mudam as referências, mudam as atitudes, a forma de ver o texto. Possibilita que os alunos respeitam-se mais, há interação professor-aluno. Um professor abordou que as mudanças na sala de aula e na formação de atitudes acontecem de forma muito tímida. Um professor abordou que ainda está em fase de avaliação do trabalho e um não opinou. Um professor já fez um curso de especialização em filosofia da arte. Nove professores fizeram cursos de capacitação oferecidos pelo PROPHIL e AMEPI (Filosofia para Crianças à luz da proposta de Lipman). Pela pesquisa pode-se inferir que a prática pedagógica desses professores segue a educação para o pensar e que nove professores não têm nenhuma formação em Filosofia..
CONCLUSÕES:
Sabendo que faz-se necessário, cada vez mais, o desenvolvimento de habilidades de pensamento nas crianças, e assim o desenvolvimento de competências do pensar, a Filosofia para Crianças torna-se um caminho prazeroso e significativo na construção de um pensamento investigativo, que pode iluminar o pensamento das crianças. Para isso torna-se evidente a necessidade de um profissional que tenha seus pressupostos fundamentados na proposta de Filosofia para Crianças. A pesquisa realizada nos oportunizou compreender como está estruturado o ensino de Filosofia para Crianças no estado, compreendendo o perfil do profissional que facilita essa prática na sala de aula. Dessa forma o resultado desse diagnóstico possibilitou abrir horizontes como base para planejar, organizar e realizar de forma eficaz um realinhamento na formação desses educadores a fim de capacitá-los para conduzir um processo educacional mais avançado e fundamentado nos pressupostos de Matthew Lipman , proporcionando aos educandos o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias e relevantes para a produção de conhecimentos, qualidade de vida e cidadania.
Palavras-chave:  Filosofia; Educação; Professores.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004