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G. Ciências Humanas - 5. História - 11. História
A FÁBRICA DE PÓLVORA DO COXIPÓ (1864 - 1906)
Ednilson Albino de Carvalho 1   (autor)   prof.ednilson@terra.com.br
1. Depto. de História,Mestrado em História, ICHS, Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT
INTRODUÇÃO:
Este trabalho objetiva analisar a “Fábrica de Pólvora do Coxipó”, instituição militar instalada em Mato Grosso no período de 1864 a 1906 - início efetivo de sua construção e funcionamento: produção de carvão para o Arsenal de Guerra; conserto dos estoques de pólvoras da Província de Mato Grosso, a fabricação de pólvora propriamente dita, até o encerramento de suas atividades. 1906 sinaliza também, o desfecho do conflito político/militar, protagonizado pelas elites de Mato Grosso, com a morte do então Presidente do Estado “Totó Paes de Barros”, que sintetiza o contexto político desse período.
Objetivando compreender: As razões que levou o Ministério dos Negócios da Guerra da corte Imperial, implantar em Mato Grosso a referida Fábrica; analisar o emprego, as condições de trabalho dos: Escravos da Nação, livres pobres - trabalhadores da vizinhança e as relações destes com a sociedade no período.
Fontes consultadas: correspondências entre os administradores da Fábrica de pólvora, para com a presidência da província, o Ministério dos Negócios da Guerra e com o Arsenal, Acervo do Arquivo Público do Estado de Mato Grosso (APEMT) e Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional (NDIHR).
Esta pesquisa tem relevância pôr narrar a história de um empreendimento temporalmente ligado à Guerra da Tríplice Aliança com o Paraguai, já que situada em região de fronteiriça com freqüentes tensões, portanto de especial importância para a historiografia regional e nacional.
METODOLOGIA:
A elaboração dessa pesquisa utilizou-se da análise dos seguintes Fontes documentais: correspondências das pessoas responsáveis pela instalação e administração da Fábrica de pólvora do Coxipó, para com a presidência da província, Ministério dos Negócios da Guerra e com os empreendimentos co-irmãos como o Arsenal de Guerra de Cuiabá; relatório dos Presidentes da Província e Jornais. Fontes estas do acervo do Arquivo Público do Estado de Mato Grosso (APEMT) e do Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional (NDIHR); além de produções bibliográficas principalmente que tratam do contexto histórico e que possibilitou uma sustentação teórica às questões que permearam esta pesquisa. Numa perspectiva de historia social, problematiza as ações dos agentes do Estado encarregados de montar e fazer funcionar a Fábrica de Pólvora em relação aos grupos sociais de trabalhadores que ali estavam envolvidos.
O presente trabalho foi organizada com o seguinte esquema: Parte I: contextualização histórica da Vila do Coxipó do Ouro; Parte II: Mato Grosso e Cuiabá no século XIX; Parte III: revisão bibliográfica com ênfase nas questões: fronteira e escravidão no Brasil; Parte IV: a Fábrica de pólvora do Coxipó - considerações gerais; Parte V: Considerações finais e Parte V: Fontes e referências bibliográficas.
RESULTADOS:
A perspectiva geopolítica adotada pela Coroa, de ocupação dessa região foi pautada além do processo de povoamento, por uma série de obras militares como: fortes, estradas, incluindo a Fabrica de Pólvora do Coxipó, principalmente a partir da década de 1850. Torna-se importante ressaltar que a construção desta fábrica não foi a primeira tentativa da Corte. Já em 1818, D. João VI havia ordenado por Carta Régia, que o Governador Francisco Magessi, logo após sua posse, fundasse em Mato Grosso uma fábrica de pólvora. Esta fabrica segundo Vigilio Corrêa, não chegou a funcionar, sendo desmontada pelo Presidente Saturnino, “que a encontrou em abandono”.
A Fábrica de Pólvora do Coxipó foi construída por ordem do Ministério dos Negócios da Guerra do Governo Imperial, através da lei nº 1042 de 14 de Setembro de 1859. Teve sua planta confeccionada em conformidade com as normas e modelo da Fábrica Estrela localizada na Corte no Rio de Janeiro. A referida Fábrica foi projetada para produzir pólvora de guerra, tendo em vista as reais possibilidades do desencadeamento da guerra com o Paraguai e as dificuldades no transporte desse material bélico para a Província de Mato Grosso, tanto pela distância e acondicionamento, como pelo eminente fechamento da navegação na região do Prata.
Permeiam a elaboração desta pesquisa as categorias conceituais: Escravidão, Escravos da Nação, livres pobres, trabalhadores da vizinhança e região de fronteia.
CONCLUSÕES:
Arraial da Forquilha, Paragem Forquilha, Arraial de Cima ou Capela, Terra dos Índios Coxiponé, Distrito do Coxipó do Ouro. A 25 quilômetros da Cidade de Cuiabá, à margem direita do rio Coxipó Mirim; estão localizadas as ruínas da Fábrica de Pólvora do Coxipó ambiente da presente pesquisa. Trata-se de uma instituição que foi montada e funcionou no período de 1864 a 1906, nas proximidades da Vila do Coxipó do Ouro.
A referida Fábrica de Pólvora foi instalada na Província de Mato Grosso, uma região de fronteira, entre tantos outros empreendimentos, fornecera parte da mão de obra ali empregada para construções de estradas, pontes e outros serviços nos acampamentos militares durante a guerra com o Paraguai. Em geral atendia ainda aos interesses do governo provincial, nos primeiros anos de sua construção. Assim, concomitante à sua construção, foi sendo paralelamente utilizada para a produção de carvão, destinada ao Arsenal de Guerra de Cuiabá. Ao ser construída nesta região, caracterizada historicamente por conflitos relacionados à ocupação das terras fronteiriça, ao direito de livre navegação no Rio Paraguai e Paraná. Tinha igualmente, uma função de garantir suprimento ao armamento bélico de defesa do Império Brasileiro.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Fábrica; Pólvora; Escravos da Nação.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004