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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
OS BENEFÍCIOS DAS TECNICAS DE FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA EM CRIANÇAS COM DIPLEGIA LEVE E MODERADA COM O OBJETIVO DE MELHORAR A MARCHA
Crisitna Yamada 1, 2   (autor)   crisyamada@yahoo.com.br
Ênio Funchal 3   (orientador)   _
1. Pós graduanda do Departamento de Fisioterapia/ Centro Brasileiro de Estudos Sistêmicos/ CBES
2. Ft. do Dep. De Fisioterapia/ Tabernáculo Espírita para Excepcionais Casa de David
3. Prof. Ms. Dep. de Fisioterapia/ Pontifícia Universidade Católica do Paraná/ PUCPR
INTRODUÇÃO:
A Encefalopatia Crônica Infantil, ou Paralisia Cerebral (PC), é um distúrbio não evolutivo no cérebro imaturo, caracterizado clinicamente por disfunções motoras e posturais. O tipo mais comum nos prematuros é a diplegia espástica, que tem como sua principal característica a paresia em músculos dos membros inferiores, apesar de acometer também tronco, face, e membros superiores em menor gravidade. Quando alcançam a marcha, a maioria destes indivíduos tem esta função deficiente, sendo denominada como marcha em tesoura. Na marcha humana normal, o Sistema Nervoso é o responsável pela identificação da musculatura que deve ser utilizada para determinado movimento e a geração de estímulo para o controle do nível de força muscular que será requerido naquele músculo. A Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) é um método neurofisiológico que se baseia na obtenção da resposta máxima dos músculos solicitados através das técnicas de FNP, visando estabelecer o mais alto grau funcional dos pacientes. O método utiliza-se de várias técnicas, e entre elas, movimentos que definem duas diagonais para cada parte do corpo: cabeça e pescoço, tronco superior, tronco inferior, e extremidades. O objetivo do presente estudo foi verificar a melhora da realização da marcha nas crianças com Paralisia Cerebral Diplégica Espástica através de movimentos ativos resistidos com ganho de força muscular e alongamento dos músculos encurtados, obtendo uma marcha mais funcional.
METODOLOGIA:
Foram sujeitos deste estudo 4 crianças com idade de 7 e 8 anos, de ambos os sexos, portadoras de Paralisia Cerebral Diplégica Espástica leve ou moderada, e bom grau de cognição, pertencentes a Associação Paranaense de Reabilitação. Após o cosentimento do responsável pela instituição, os pais também assinaram um termo de consentimento para a realização deste estudo. Posteriormente, as crianças foram submetidas a uma avaliação para a classificação pela idade motora, grau de espasticidade segundo a Escala de Ashworth (verificando-se presença de contratura e deformidades), condições e tipo de marcha, análise da sua funcionalidade (equilíbrio na posição sentada, levantando da cadeira, equilíbrio estático em pé, mudanças de decúbito), e postura. Depois disto, os indivíduos foram filmados, com filmadora VHS, realizando a marcha nas barras paralelas, mensurando-se também o comprimento de suas passadas (pré-teste) através de marchas com giz branco e fita métrica para uso como referência quantitativa e qualitativa. Foi aplicado, então, um protocolo de tratamento segundo os princípios da FNP direcionado a reabilitação da marcha. Antes e depois de cada sessão, os indivíduos foram submetidos a mensuração de suas passadas, e filmagem. Após o tratamento, cada criança foi feita uma reavaliação que constava dos mesmos itens da avaliação inicial. Cada criança foi analisada separadamente, sendo enumeradas de 1 a 4 para a facilitar compreensão dos resultados.
RESULTADOS:
As passadas da criança 1, ao final de cada sessão, com o pé esquerdo, aumentavam de tamanho apesar de constatar-se que, entre uma sessão e outra, havia uma regressão no tamanhos das passadas pelo intervalo entre as sessões, e ao final do tratamento, observou-se um significativo aumento (26cm para 40 cm); ocorrendo o mesmo com o pé direito, comparado com a primeira sessão, ao final do protocolo, pode-se notar um significativo aumento do tamanho das suas passadas (24 para 54cm), desta maneira, suas tarefas funcionais, ao final do tratamento, eram realizadas com maior facilidade. O paciente 2 obteve aumento significativo (26cm para 39cm para o pé esquerdo, e 24 cm para 35cm para o pé direito), assim obteve-se grande melhora postural durante a marcha realizando também suas tarefas (mudança de decúbito, mudanças posturais) com menor dificuldade. O terceiro indivíduo aumentou o tamanho de sua passada de 20cm para 44cm com o pé direito, e 21cm para 44cm para o pé esquerdo, mas não obteve relevância significativa ao observar as outras tarefas. A criança 4 não obteve grande relevância á mensuração das passadas, mas pode-se notar maior evolução ao realizar a marcha observando sua postura, e equilíbrio estático e dinâmico.
CONCLUSÕES:
Foi verificada grande evolução do ponto de vista funcional de 3 das 4 crianças estudadas, visto a evolução das passadas. Isto se deve não apenas ao método empregado, mas apenas ao método empregado, mas também às orientações para os auxiliares de locomoção existentes na instituição e outros profissionais que estão em contato continuo com as crianças, e que contribuíram para que este estudo obtivesse um bom resultado. Evidentemente, as inúmeras dificuldades ao se realizar estudos com crianças como o difícil acesso às instituições, atividades extra-classe e problemas de saúde, e a resistência a realização de alguns exercícios prejudicaram a pesquisa. Apesar disto, o tamanho das passadas das crianças aumentou e a evolução do ponto de vista funcional foi de grande relevância graças ao aumento de força muscular, alongamento dos músculos encurtados e dissociação de cinturas escapular e pélvica, resultando em um melhor controle de tronco e equilíbrio que a técnica proporcionou. Diante dos dados obtidos, com base no referencial teórico e respeitando as atividades deste estudo, pode-se concluir que este estudo obteve resultado favorável para a melhora da marcha dos pacientes estudados.
Palavras-chave:  Marcha; Diplegia espástica leve ou moderada; Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004