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G. Ciências Humanas - 5. História - 7. História Política
RELAÇÕES BRASIL-URUGUAI: ENTRE A COOPERAÇÃO ECONÔMICA E AS DIVERGÊNCIAS POLÍTICAS (1964-1973)
Teresa Cristina Schneider Marques 1   (autor)   tcsmarques@hotmail.com
1. Depto. de História, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
INTRODUÇÃO:
Após o término da Guerra da Cisplatina em 1828, as relações entre o Brasil e o Uruguai ficaram marcadas pelas amistosidade entre ambos, tanto no campo econômico como no campo político. Tal amizade entre os dois vizinhos latino-americanos passou a ser ameaçada em 1964, quando teve início a ditadura militar no Brasil. O Uruguai era considerado um país com amplas liberdades democráticas, e sua população se posicionou contrária ao regime militar brasileiro, e além disso, o Uruguai garantia amplas liberdades aos brasileiros lá exilados. Tal posicionamento do governo uruguaio desagradava aos governantes militares brasileiros, que temiam que os movimentos de esquerda no país vizinho pudessem influenciar os movimentos de oposição ao regime no plano interno. Logo, as relações entre o Brasil e o Uruguai foram abaladas por tais divergências políticas e ideológicas, embora as relações econômicas e comercias continuassem a seguir de maneira bastante satisfatória para ambos. Em 1973 o Uruguai sofreu - assim como a maioria dos países do Cone Sul -, a interferência das Forças Armadas no seu regime político através de golpe, passando a haver portanto, maior identificação entre ambos os regimes políticos.
METODOLOGIA:
Na realização desta pesquisa foram utilizadas fontes impressas obtidas junto ao Itamaraty, tais como os relatórios anuais, além da pesquisa em jornais do período. Foi feito ainda, a leitura e análise da bibliografia referente às temáticas em questão (Ditadura militar, exílio e Relações Internacionais).
RESULTADOS:
A pesquisa indica que no período posterior à Segunda Guerra Mundial, o Brasil procurou manter uma posição de destaque na agenda dos países latino-americanos, visando dessa forma garantir o desenvolvimento econômico e relativa independência das potências mundiais do período. Para tanto, a diplomacia brasileira também procurou se aproveitar do bipolarismo imposto pelas duas potências nucleares - EUA e URSS -, visando dessa forma conquistar o maior número de parceiros comerciais possíveis, independente das suas possíveis posições ideológicas. No entanto essa tendência foi interrompida a partir do golpe de 1964 no Brasil: procurando voltar a economia nacional para o capital externo, os países latino-americanos deixaram de ser prioridade, e as posições ideológicas passaram a ter maior peso nas tomadas de decisões do governo brasileiro no plano internacional. Sendo assim, as relações com o Uruguai passaram a ser abaladas devido as suas divergências ideológicas, embora as relações comerciais continuassem a correr de forma satisfatória.
CONCLUSÕES:
Após a realização da pesquisa, pode-se concluir que o autoritário sistema político estabelecido no Brasil em 1964 influenciou as suas relações internacionais, principalmente no que tange a países latino-americanos, tais como o Uruguai. O Uruguai, um país conhecido pelas suas amplas liberdades democráticas, enfrentou problemas nas suas relações bilaterais com o Brasil, que havia adotado um regime político marcado pelo autoritarismo. A pressão realizada pelo governo brasileiro junto ao governo uruguaio, colaborou para o endurecimento do regime político no Uruguai, o que culminou com o golpe militar no país em 1973. A partir dessa data, a repressão no Uruguai passou ter grande maior alcance, e passou a haver portanto, uma maior identificação entre os dois regimes, o que conseqüentemente pôs um fim a tais divergências políticas e ideológicas.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Relações Internacionais; Uruguai; Ditadura Militar Brasileira.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004