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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
ESTRUTURA POPULACIONAL DA LIXEIRINHA (Davilla elliptica St. Hil) NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA AZUL, BARRA DO GARÇAS – MT
Jorge das Neves Rosa 1   (autor)   sevenrj@yahoo.com.br
Fernando Pedroni 2   (orientador)   fpedroni@cpd.ufmt.br
Maryland Sanchez 2   (co-orientador)   maryland@cpd.ufmt.br
1. Pós-graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade do Instituto de Biociências / UFMT
2. Depto. de Ciências Biológicas e da Saúde, Instituto de Ciências e Letras do Médio Araguaia/ UFMT
INTRODUÇÃO:
Uma população compreende os indivíduos de uma espécie dentro de uma dada área, apresentando um comportamento dinâmico, mudando com o tempo devido aos nascimentos e mortes. O arranjo dos membros de uma população em um habitat é considerado como padrão espacial e é resultante da ação conjunta de fatores bióticos e abióticos, como competição por espaço, disponibilidade de nutrientes, luz e água sobre os processos de recrutamento e mortalidade. Através de estudos populacionais pode-se inferir a existência de interações positivas ou negativas em muitos sistemas de plantas terrestres. O conhecimento dos padrões espaciais das espécies pode contribuir para a compreensão dos fatores que determinam a estrutura e afetam a dinâmica da comunidade, fornecendo subsídios importantes sobre o padrão de regeneração, equilíbrio populacional entre outros parâmetros, o que é fundamental para qualquer programa de conservação e manejo populacional. Este estudo foi realizado com o objetivo de conhecer a estrutura de tamanho e distribuição espacial de Davilla elliptica uma espécie abundante e de fácil reconhecimento na área de estudo.
METODOLOGIA:
Este estudo foi desenvolvido em uma área de cerrado sentido restrito no Parque Estadual da Serra Azul (PESA), Barra do Garças, MT (15º 52’ S e 51º 16’ W). A região apresenta clima tropical chuvoso, pertencendo ao tipo Aw de Köppen (clima quente úmido), com verão úmido e inverno seco; a temperatura média na região é de 22 ºC e a precipitação média é de 1600 mm anuais. Uma área de 1 (um) ha foi subdividida em 100 parcelas de 10 × 10 m. Num total de 20 parcelas, todos os indivíduos jovens e adultos de Davilla elliptica encontrados foram marcados com uma plaqueta de alumínio numerada e tomadas suas medidas de diâmetro ao nível do solo (com uso de um paquímetro) e altura. Os indivíduos foram mapeados tomando-se as distâncias em relação às duas faces perpendiculares das parcelas (coordenadas X, Y de um eixo cartesiano). A estrutura de tamanho da população foi analisada a partir de distribuições de freqüência para as classes de altura e diâmetro e para analisar a distribuição espacial o índice de dispersão (variância/média).
RESULTADOS:
Foram amostrados 173 indivíduos, com uma densidade estimada de 860 indivíduos por hectare. A estrutura de tamanho da população de D. elliptica por diâmetro apresentou 48%, concentrada na primeira classe de diâmetro, até 15 mm. Da mesma forma, na distribuição dos indivíduos por classe de altura, a maioria, cerca de 53% ficou concentrada nas duas primeiras classes de alturas, até 0,9 m. A distribuição de freqüência de indivíduos em classes de tamanho apresentou a forma de “J invertido”, o que pode indicar uma população estável, com taxas constantes de mortalidade e recrutamento. Esse padrão é característico de populações com potencial de auto-regeneração. Para os parâmetros de tamanho considerados, os valores do coeficiente de Gini encontrados, 0,500 (altura) e 0,360 (diâmetro), indicam que a população está hierarquizada. O padrão de distribuição espacial, na escala estudada, foi agrupado ID= 2,18 t= 3,57 e p= 0,002.
CONCLUSÕES:
A distribuição de tamanho em forma de J invertido, sugere um potencial constante de regeneração para a população de Davilla elliptica na área estudada. O padrão espacial encontrado para esta espécie parece estar relacionado com o grande número de indivíduos jovens encontrado nas proximidades de indivíduos adultos reprodutivos, sugerindo que a dispersão pode ser restrita na área ou a ausência de ação de fatores dependentes da densidade. O agrupamento também pode estar relacionado com sítios mais favoráveis ao recrutamento. Em decorrência deste agrupamento, a competição nas proximidades da planta mãe pode restringir o crescimento dos indivíduos jovens resultando numa população fortemente hierarquizada. O acompanhamento da dinâmica desta população permitirá esclarecer os fatores subjacentes ao padrão espacial e estrutura de tamanho de Davilla elliptica na área estudada.
Palavras-chave:  Estrutura; Distribuição; Davilla elliptica.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004