IMPRIMIRVOLTAR
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 5. Agronomia
MANEJO ALTERNATIVO AGROECOLÓGICO
PARA COTONICULTURA FAMILIAR, MT
Fabiano Rodrigues da Matta 1   (autor)   Eng. Agr. M.Sc. / frmatta@terra.com.br
Edgar Alfredo Tzi Tziboy 1   (autor)   Eng. Agr. Dr. / edgartzi@univag.com.br
Alessandro Ferronato 1   (autor)   Eng. Agr. M.Sc. / aleferro@terra.com.br
Ana Claudia Girardo Botelho 1   (colaborador)   Eng. Agr. M.Sc. / aclaudia@univag.com.br
Mirian Arabela Serrano 1   (colaborador)   Bióloga M.Sc. / arabela@univag.com.br
Hilário Hartmann 2   (colaborador)   Eng. Agr. / hilario.hartmann@bol.com.br
Antonio Leite da Cruz 2   (colaborador)   Tec. Agr.
1. 1 Professor / Pesquisador do Centro Universitário de Várzea Grande - UNIVAG / GPA Ciências Agrárias
2. 2 Extensionista Agrícola da Empresa Matogrossense de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural - EMPAER
INTRODUÇÃO:
O estado de Mato Grosso está localizado geograficamente na parte central da América Latina, região Centro Oeste do Brasil. Este é caracterizado pela presença de três ecossistemas diferenciados, Floresta, Cerrado e Pantanal.
Atualmente, a base econômica do Estado tem alicerces na produção agropecuária, destacando-se as culturas de soja, algodão e a pecuária extensiva. Com relação à cotonicultura, Mato Grosso desponta-se como o maior produtor nacional de algodão, com 303 mil hectares cultivados e produtividade de até 3.600 kg/ha (CONAB, 2003). Este desempenho deve-se a incorporação de tecnologias “modernas”, pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, fertilizantes químicos e maquinários pesados em monoculturas, comprometendo o equilíbrio do agroecossistema, pela redução da biodiversidade e degradação de recursos naturais, além de restringir o cultivo da cultura pelo elevado custo de produção agrícola.
A agricultura familiar foi a responsável pelas primeiras produções de algodão no Estado. O manejo agroecológico pode ser uma alternativa interessante para este setor pela utilização de tecnologias alternativas e pela possibilidade de produção integrada à conservação dos recursos naturais, visando maior rentabilidade financeira.
O trabalho teve como objetivos avaliar os efeitos da adubação verde, do uso de defensivos fitossanitários alternativos e de consórcios para a cultura do algodoeiro. Este foi realizado pelo UNIVAG, com financiamento do FACUAL, e parcerias com FETAGRI e EMPAER.
METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado no município de Cáceres, no Campo Experimental da EMPAER/MT, período de outubro de 2002 a setembro de 2003. A pesquisa subdividiu-se em três experimentos: arranjos de cultivo em consórcio; adubação verde do algodoeiro; controle fitossanitário com defensivos alternativos.
Os arranjos de cultivo constituíram-se da combinação entre a cultura do algodoeiro (Gossypium hirsutum L.) cv. BRS Itaúba, com milho (Zea mays) cv. BR106 e com crotalária (Crotalária juncea). As culturas foram semeadas, nos dias 14 a 16 de janeiro de 2003, com a utilização de matraca manual. A avaliação dos arranjos foi feita com base no índice de equivalência de área (IEA).
A adubação verde do algodoeiro (Gossypium hirsutum L.) cv. BRS Itaúba, foi testada através do uso de leguminosas (crotalária juncea, mucuna preta, feijão guandu e testemunha), cultivadas e incorporadas antes do florescimento, previamente ao plantio de algodão, perfazendo 4 tratamentos com 4 repetições. Os adubos verdes foram semeados em 26 de novembro e incorporados em 23 de janeiro, sendo implantado o algodão em 12 de fevereiro.
O controle fitossanitário alternativo envolveu 9 tratamentos, sendo eles: 5, 10 e 20% de urina de vaca; 10, 20 e 40% de caldo de esterco bovino; e 2,5, 5 e 7,5% de calda sulfocálcica, todos diluídos em água. Os produtos testados foram pulverizados a cada quinze dias. A variável analisada foi o nível de dano e de controle das principais pragas do algodoeiro.
RESULTADOS:
Os resultados obtidos demonstram a viabilidade da produção consorciada do algodoeiro com o milho, apresentando índices superiores a 1 (IEA > 1, consórcio benéfico), com valor de 1,96, no consórcio entre o algodoeiro (5 linhas) e o milho (3 linhas). Para que o monocultivo produza o mesmo que 1 hectare do consórcio faz-se necessário 96% mais terras do que no cultivo consorciado. As associações do algodoeiro com a crotalária foram consideradas em detrimento para produção, IEA < 1.
Na experimentação de adubos verdes para cultura do algodoeiro, os resultados indicaram aumento do teor de matéria orgânica, sendo que, os tratamentos com crotalária e feijão guandu apresentaram maiores teores de matéria orgânica no solo seguidos dos tratamentos com mucuna e testemunha. Apesar de não apresentarem diferenças significativas estatísticas entre os tratamentos, o maior valor absoluto de produção de algodão ocorreu no tratamento com crotalária, 1400,00 kg/ha, seguido da testemunha, 1226,34 kg/ha, do feijão guandu, 1113,69 kg/ha, e da mucuna, 1108,26 kg/ha.
Foram realizadas amostragens quinzenais das populações de pragas. As principais pragas que ocorreram foram: 1) Pulgão (Aphis gossypii); 2) Curuquerê (Alabama argillacea); 3) Lagarta das maçãs (Heliothis sp. e Spodoptera frugiperda); 4) Lagarta Rosada (Pectinophora gossypiella); 5) Percevejo manchador (Dysdercus sp.). Os tratamentos baseados na urina de vaca e na calda sulfocálcica demonstraram-se promissores para repelência de pragas.
CONCLUSÕES:
A investigação de sistemas agropecuários sustentáveis, com a capacidade de produção integrada à conservação dos recursos naturais, faz parte do desafio para o manejo agroecológico.
Neste momento, podemos afirmar que os melhores arranjos para o cultivo do algodoeiro foram identificados em associações com a cultura de milho.
Os adubos verdes, incorporados previamente à cultura do algodão, incrementaram a produtividade do algodoeiro, destacando-se a espécie Crotalaria junceae.
Os mais eficientes defensivos alternativos foram o BioUV (urina de vaca diluída em água) e a Calda Sulfocálcica (pó de enxofre e cal virgem).
Os estudos devem continuar para melhor compreensão dos mecanismos agroecológicos, presentes e atuantes nos diferentes agroecossistemas, assim como, para o estabelecimento concreto de tecnologias alternativas para uso na cotonicultura familiar.
Instituição de fomento: FACUAL - Fundo de Apoio à Cultura do Algodão em MT
Palavras-chave:  agroecologia; algodão ecológico; agricultura familiar.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004