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E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 2. Manejo Florestal
ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO DA CASTANHA-DO-BRASIL Bertholletia excelsa Humb. & Bonp NAS TERRAS INDÍGENAS DA SOCIEDADE RIKBAKTSA.
João Manoel de Souza Peres 1   (autor)   j.manel@universiabrasil.net
Gilton Mendes do Santos 2   (orientador)   giltons@usp.br
Angélica Aparecida Valentin 4   (colaborador)   aapvgeli@yahoo.com.br
Loise Nunes Velasco 3   (co-orientador)   loisenv@universiabrasil.net
1. Aluno da graduação em Agronomia FAMEV/UFMT
2. Doutorando em Antropologia Social pela USP
3. Engenheira Agrônoma, aluna de Pós-Graduação em Agricultura Tropical FAMEV/UFMT
4. Aluna da graduação de Serviço Social ICHS/UFMT
INTRODUÇÃO:
O crescente desmatamento da floresta amazônica tem sido uma grande ameaça à existência dos castanhais nativos. Por outro lado, o resultado da exploração desses castanhais além de servir de sustento a uma grande parcela das populações da região, tem alcançado altos índices na economia dos estados e das exportações nacionais. Encontrada no Brasil especificamente na região Centro-oeste e Norte, a castanha-do-brasil é uma espécie ecologicamente importante em habitats não inundáveis, predominante entre à Amazônia Central até as Guianas. Sua altura varia de 30 a 50 metros, possui flor branca apresentando duas ou três sépalas e seis pétalas de cor amarelo creme. O desenvolvimento das mudas no campo ou mesmo em cultivo é lento. Apresenta um tronco com diâmetro de 90-105 cm, sua folha possui comprimento entre 20 a 30 cm, tem forma de vida heliófita e o tempo para germinação da semente é maior que 4 meses.A floração e a frutificação coincidem, ocorrendo nos meses de novembro a fevereiro. Este trabalho tem como objetivo a elaboração da estimativa de produção da castanha-do-brasil nas T.I.´s Erikpatsa e Japuíra, do povo Rikbaktsa, localizada na região Amazônia meridional, noroeste do Estado de Mato Grosso, visando um melhor conhecimento e compreensão da população e produção da castanha nestes territórios.
METODOLOGIA:
Foram utilizadas as informações fornecidas pelos Rikbaktsa em levantamento de campo, com a participação de informantes conhecedores dos castanhais, onde os Rikbaktsa apontavam os limítrofes das T.I’s, os trajetos percorridos dentro da área e as distâncias dos castanhais das aldeias. Através de carta-imagem, foi elaborado o mapeamento dos castanhais, identificando rios, estradas, acidentes geográficos e outros pontos conhecidos, mas que precisavam ser registrados. Para este levantamento foram considerados tanto os castanhais explorados (onde os Rikbaktsa já fazem coleta) como aqueles não explorados. Os castanhais são identificados na forma de “reboleira” de plantas, ora denominado agregado. Cada agregado contém de 50 a 100 indivíduos, separados por um ou mais quilômetro de distância, e destes, 50 são considerados em estádio adulto-produtivo, cuja média de produção é de 20 kg de castanha por árvore. A estimativa de produção foi calculada com base a seguinte fórmula: número de agregados x média da população x média de produtividade
RESULTADOS:
Através desses dados, identificamos nas T.I´s Erikpatsa e Japuíra, que somam juntas uma área de 232.444 ha, um total e 108 agregados. Assim, obtivemos a estimativa de produção dos castanhais, em cada agregado e conseqüentemente em toda a área: 108 agregados x 50 árvores x 20 kg = 108.000 kg de castanha.
CONCLUSÕES:
Os dados revelaram que à capacidade dos castanhais nativos presentes nas Terras Indígenas dos Rikbaktsa é superior aquela indicada pela sua atual performance de coleta, em torno de 50 toneladas, referente à última safra (2003/2004). Lembrando que a castanha-do-brasil é o principal produto explorado e comercializado pelos Rikbaktsa, além de recursos financeiros a castanha é também um ingrediente característico de sua culinária. O produto é consumido durante quase o ano inteiro nas formas in natura, mingaus ou adicionados a outros alimentos.
Instituição de fomento: Global Environment Facility-GEF
Palavras-chave:  Rikbaktsa; castanha-do-brasil; Noroeste-MT.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004