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G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 7. Etnologia Indígena
ORGANIZAÇÃO SOCIAL RIKBAKTSA
E O SISTEMA DE COLETA E COMERCIALIZAÇÃO DA CASTANHA-DO-BRASIL
Angélica Aparecida Valentim 1   (autor)   aapvgeli@yahoo.com.br
Gilton Mendes do Santos 2   (orientador)   giltons@usp.br
Loise Nunes Velasco 3   (colaborador)   loisenv@universiabrasil.net
Anibal Machado Tannuri 4   (colaborador)   amtannuri@bol.com.br
João Manoel de Souza Perez 5   (colaborador)   j.manel@universiabrasil.net
1. Aluna da graduação de Serviço Social ICHS/UFMT
2. Doutorando em Antropologia Social pela USP
3. Engenheira Agrônoma, aluna de Pós-Graduação em Agricultura Tropical FAMEV/UFMT
4. Mestre em Desenvolviemento e Agricultura/CPDA/UFRJ
5. Aluno da graduação em Agronomia FAMEV/UFMT
INTRODUÇÃO:
Com uma população aproximada de 1060 pessoas, a sociedade indígena Rikbaktsa está distribuída em três Terras Indígenas (Erikpatsa, Japuíra e Escondido), dentre as quais identificamos 35 grupos locais (aldeias) e cinco conglomerados (conjunto de aldeias). Localizada na Amazônia Meridional, na Bacia do Juruena ao noroeste do estado de Mato Grosso, caracteriza-se por ser uma sociedade dualista, ou seja, constituída por duas metades, que entre outras razões, servem como mecanismos para regular os casamentos. As metades Rikbaktsa estão associadas a elementos da natureza, sendo chamados por eles de Makwaraktsa e Hazobiktsa, o que corresponde respectivamente à Arara Amarela e à Arara Vermelha. Cada metade subdivide-se em seis clãs, cujos nomes reportam-se à espécie de vegetais e animais como forma de identificação. A economia Rikbaktsa sustenta-se, em sua maioria, na agricultura, na caça e na pesca, sobre saindo à comercialização da castanha-do-brasil, que também é utilizada para o consumo. No ano de 2003, a equipe do Núcleo de Pesquisa Natureza e Cultura-GERA, da Universidade Federal de Mato Grosso, com o financiamento do Global Environment Facility-GEF, começou a desenvolver o Programa Integrado da Castanha-PIC, cujo objetivo consiste em organizar o sistema de coleta, seleção, armazenamento e comercialização da castanha-do-brasil na região, buscando promover o uso sustentável da biodiversidade existente nestas áreas e o desenvolvimento econômico da sociedade Rikbaktsa.
METODOLOGIA:
O Trabalho teve como preocupação principal identificar as unidades sociais, que no caso dos Rikbaktsa são constituídas dentre outras formas, pela aproximação geográfica, relações de parentesco e organização política em torno de um mesmo líder, o cacique. Estas unidades sociais estão organizadas por conjuntos de aldeias que possuem autonomia política e econômica em relação a outras.
RESULTADOS:
Levando em consideração esta organização típica dos Rikbaktsa, a equipe do projeto desencadeou a estruturação administrativa do Programa Integrado da castanha. Para isso, todas as atividades foram implementadas tendo esta base social como referencia. A partir das 35 aldeias foram eleitos, pelos próprios Rikbaktsa, 25 representantes (coordenadores locais) e 5 representante de conglomerado (coordenadores gerais). Esses coordenadores assumem papeis relevantes no desenvolvimento do projeto, organizando as comunidades para a prática da coleta, armazenamento, seleção e comercialização da castanha.
CONCLUSÕES:
Diante a expansão agrícola e pecuária, e principalmente a exploração mineral e madereira vigente na região, o Programa Integrado da Castanha surge como alternativa de sustentabilidade econômica e conservação da biodiversidade nas Terras Indígenas. O esforço do projeto foi pensando na base social Rikbaktsa e por ela propor a organização do Programa, já que são os próprios Rikbaktsa os atores fundamentais nesse processo.
Instituição de fomento: Global Environment Facility-GEF
Palavras-chave:  Rikbaktsa; Organização; Coleta.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004