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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
ARTROPODOFAUNA ASSOCIADA À COPA DE Calophyllum brasiliense CAMBESS. (GUTTIFERAE), DURANTE OS PERÍODOS DE SECA E CHEIA, NA REGIÃO DO PIRIZAL, PANTANAL DE POCONÉ - MATO GROSSO
Fábio Henrique Oliveira Silva 1   (autor)   f.h@pop.com.br
Carla Lopes Velasquez 1   (colaborador)   cacavelasquez@yahoo.com.br
Marinêz Isaac Marques 1   (orientador)   m.marque@terra.com.br
1. Laboratório de Entomologia 21A, Instituto de Biociências, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
INTRODUÇÃO:
O uso de inseticidas biodegradáveis tem sido um dos métodos mais utilizados para caracterizar as comunidades de artrópodes arbóreos, bem como estrutura de guildas, abundância relativa, riqueza e sazonalidade. Os artrópodes representam o mais diverso e abundante grupo sobre a Terra, correspondendo ao de maior sucesso na exploração dos diferentes habitats, além de serem considerados os principais componentes da fauna arbórea em florestas tropicais, influenciando na estrutura de copa e respondendo sensivelmente às mudanças nas condições do ambiente. Os landis são sistemas inundáveis comuns na região do Pantanal de Poconé, apresentando um fluxo de água corrente durante o período de cheia e funcionando como canais de escoamento durante a estiagem. As características desses habitats é que os tornam distintos dos demais encontrados nesta região, como a sua forma e vegetação, com espécies predominantemente arbóreas e dominância de Calophyllum brasiliense Cambess. (Guttiferae). Este estudo realizado na localidade de Pirizal, município de Nossa Senhora do Livramento  MT, visou avaliar a composição e estrutura da comunidade de artrópodes associados à copa de C. brasiliense durante os períodos de seca e cheia nessa região, permitindo uma avaliação da influência da sazonalidade, bem como inferir a respeito dos padrões de ocorrência destes organismos.
METODOLOGIA:
Para amostrar a comunidade de artrópodes durante o período de seca (outubro de 2000) e cheia (fevereiro de 2001), utilizou-se um exemplar de C. brasiliense Cambess. (Guttiferae) para cada período sazonal, empregando-se o método de "canopy fogging", que consiste em nebulizar copas de árvores utilizando-se piretróides sintéticos não residuais. Para a coleta dos artrópodes, os indivíduos de C. brasiliense selecionados tiveram todo seu diâmetro na base circundado por 16 funis de nylon, cada um medindo 1m de diâmetro. Os procedimentos de nebulização ocorreram às 6:00 horas da manhã, horário escolhido por ser a circulação de ar menos intensa. Em cada árvore amostrada foi realizada uma nebulização e duas coletas subseqüentes. A primeira ocorreu duas horas após a aplicação do inseticida, tempo estimado para a queda dos artrópodes. Neste momento, as paredes dos funis foram lavadas com auxílio de picetas com álcool a 92%, e os frascos coletores trocados por outros, para a realização da segunda coleta. Em seguida, a árvore foi sacudida para que os artrópodes que ainda permaneceram presos às folhas pudessem cair nos funis. Novamente, após duas horas, foi realizada a segunda coleta, seguindo-se os mesmos procedimentos da primeira.
RESULTADOS:
Em duas copas de C. brasiliense foram obtidos 11313 artrópodes em 32m2 de área (353,5 ind/m2), sendo 10.858 indivíduos pertencentes à Classe Insecta e 455 à Classe Arachnida e distribuídos em 18 ordens taxonômicas. Deste total, 9220 ind. correspondem ao período de seca e 2093 ao período de cheia. No período de seca, Thysanoptera (5406 ind.; 337,9 ind/m2) foi mais abundante, seguido por Formicidae (2295 ind.; 143,4 ind./m2), Collembola (447 ind.; 27,9 ind/m2) e Coleoptera (288 ind.; 18 ind/m2). No período de cheia, Formicidae (667 ind.; 41,7 ind/m2), Diptera (348 ind.; 21,8 ind/m2), Collembola (289 ind.; 18,1 ind/m2) e Coleoptera (255 ind.; 15,9 ind/m2), foram os mais representativos. Foram amostrados 543 indivíduos da Ordem Coleoptera, distribuídos em 24 famílias. No período da seca foram coletados 288 indivíduos, sendo Nitidulidae (36,1%), Curculionidae (21%) e Staphylinidae (6,3%) as famílias mais abundantes. Bosthrichidae (1,1%), Bruchidae (0,7%), Lathridiidae (4,4%), Meloidae (0,4%), Phengodidae (0,4%), Platypodidae (0,7%), Scarabaeidae (0,7%) e Scydmaenidae (0,4%) ocorreram somente durante a seca. Durante a cheia, foram coletados 289 ind., sendo as mais abundantes Nitidulidae (40,6%), Curculionidae (21,7%), Corylophidae (8,8%) e Staphylinidae (6,4%). As famílias Tenebrionidae (2%), Alleculidae (1,2%) e Cleridae (0,8%) foram amostradas somente neste período.
CONCLUSÕES:
Através desses resultados, verifica-se a influência do pulso de inundação sobre a composição e estrutura da comunidade de artrópodes associados à copa de C. brasiliense, evidenciando o papel controlador do regime hídrico sobre esse habitat. Os grupos ocorrentes nesta pesquisa correspondem aos mesmos amostrados em estudos realizados em copas de outras espécies vegetais como Attalea phalerata Mart. (Arecaceae) e Vochysia divergens Pohl (Vochysiaceae) nessa mesma região, entretanto com padrão de ocorrência diferenciado. Fato evidenciado pela dominância da ordem Thysanoptera durante a seca e pela variação sazonal na composição das famílias de Coleoptera, possivelmente relacionado às características fenológicas da espécie vegetal em estudo.
Instituição de fomento: Projeto Gran-Pantanal, Convênio Brasil-Alemanha
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Artrópodes; Calophyllum brasiliense; Pantanal.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004