IMPRIMIRVOLTAR
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 2. Bioquímica dos Microorganismos
EFEITO DOS ÓLEOS ESSENCIAIS E EXTRATOS FOLIARES DE DIFERENTES ESPÉCIES SOBRE O CRESCIMENTO MICELIAL DE ISOLADOS DOS FITOPATÓGENOS Colletotrichum gloeosporioides E Lasiodiplodia theobromae, BEM COMO SOBRE OUTROS MICRORGANISMOS, 'in vitro'
Flávia Farias da Silva 1   (autor)   flavia_coite@yahoo.com.br
Ana Paula dos Santos Teixeira 1   (colaborador)   apsteixeira@yahoo.com.br
Cristiane de Castro Laranjeira Rocha 1   (colaborador)   cclrocha@gazetaweb.com
Kelly Fernanda Seara da Silva 1   (colaborador)   kelfer@bol.com.br
Eunice Soares dos Santos 1   (colaborador)   xess@ig.com.br
Ana Maria Queijeiro López 1   (orientador)   amql@qui.ufal.br
1. Depto. de Química, Universidade Federal de Alagoas-UFAL
INTRODUÇÃO:
No Brasil, a fruticultura ocupa 2 milhões de ha, gerando 4 milhões de empregos diretos e um PIB agrícola de US$ 11 bilhões, o que o torna o maior produtor mundial de frutas. Na região nordeste, o clima tropical eleva o potencial agroindustrial de culturas como as da manga (Mangifera indica L.) e do caju (Anacardium occidentale L.). Porém, a produtividade de ambas pode ser afetada pela antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides Penz., e pela podridão basal, causada pelo fungo Lasiodiplodia theobromae (Pat.) Griffon & Maubl. A busca por novas medidas de controle dessas doenças tem conduzido estudos sobre moléculas oriundas de plantas resistentes a esses patógenos. Considerando que a ação antibiótica de certos extratos foliares e óleos essenciais já é conhecida, e que alguns de seus constituintes estão também presentes nos óleos de anacardiáceas, este trabalho visou avaliar o efeito de óleos de Citrus aurantium (laranja), Cymbopogon nardus (citronela),Eucalyptus globulus (eucalipto), Pinnus sylvestris (pinho) e Schinus terebinthifolius (aroeira), e de extratos foliares de Aloe vera (babosa), Cantharis vesicatoria (cantaridas), Mentha pulegium (poejo),Ocimum canum (alfavaca) Phyllanthus amarus (quebra-pedra), Zizyphus joazeiro (Juá), sobre o crescimento micelial de diferentes isolados dos fungos mencionados, bem como sobre alguns patógenos do homem.
METODOLOGIA:
Assim, foram conduzidos ensaios in vitro, onde os óleos mencionados, contendo diferentes concentrações de α e β pineno, limoneno, α e β felandreno, canfeno, cineol e citronelal, foram emulsionados com 10 μL de Tween 80% e adicionados aos meios ágar Sabouraud (fungos) e agar-Nutriente (bactérias), de forma a obter uma concentração final de 1, 5, 10 e 15 ppm . Em seguida, os meios foram autoclavados (121 ˚C, 20 min), vertidos em placas de Petri e deixados solidificar. Discos de 0,5 cm de diâmetro do micélio das culturas fúngicas (7 dias a 30 ± 1˚C, no escuro) foram inoculados no centro das placas, e o diâmetro médio das colônias foi determinado em intervalos de 24-144 h (30 ± 1˚C). Por comparação com o crescimento micelial dos isolados nos meios isentos de óleo essencial (controle), obteve-se a percentagem de inibição do crescimento micelial. No tocante às bactérias Klebsiella sp, Sthaphylococcus aureus, Salmonella sp, Escherichia coli e Streptococcus sp, e à levedura Cândida albicans, após inoculá-las nos meios, através da homogeneização de uma suspensão aquosa (250 μL) de células (1 X 105/mL) de culturas com 24 h (30 ± 1˚C, no escuro), avaliou-se o efeito dos óleos e extratos comparando-se o número de colônias desenvolvidas com aquelas dos tratamentos controle. O delineamento experimental foi totalmente casualizado, com três repetições e três réplicas por tratamento.
RESULTADOS:
Dentre os tratamentos testados, o óleo essencial de citronela, em todas as concentrações testadas inibiu em 100% o crescimento micelial de todos os isolados de C.gloeosporiodes e L.theobromae e as colônias de Salmonella sp, C. albicans e E. coli. O óleo de pinho mostrou a mesma eficiência em concentrações ≥ 10 ppm. Por outro lado, o óleo de laranja só inibiu em 50% o crescimento do isolado de C. gloeosporioides de folha de cajueiro de Maceió se utilizado na concentração de 15 ppm. Os demais óleos (aroeira e eucalipto) apresentaram pouca eficiência na redução do crescimento micelial dos fungos e bactérias estudados (inibição inferior a 50%, apenas quando em concentrações elevadas). As propriedades inibitórias desses óleos essenciais devem-se à interferência de seus constituintes na síntese de alguns processos metabólicos vitais desses microrganismos. O óleo essencial de aroeira, por outro lado, até estimulou a esporulação de colônias de C. gloeosporioidese a produção de picnidios de L.theobromae. Com relação aos extratos, apenas aquele oriundo de folhas de quebra-pedra, em concentrações ≥ 5 ppm, foi capaz de inibir completamente todas as bactérias e levedura testadas, reduzindo em cerca de 50-82% o crescimento dos fungos. Altas concentrações (≥ 10 ppm) de extrato de aroeira inibiram totalmente Salmonella sp e Klebsiella sp. O extrato de poejo (≥ 10 ppm) só inibiu o crescimento de Salmonella sp.
CONCLUSÕES:
Os óleos essenciais de pinho e de citronela, nas concentrações de 5-15 ppm, apresentam potencial atividade contra o desenvolvimento in vitro. de isolados dos fitopatógenos C. gloeosporioides. e L. theobromae., e contra os patógenos do homem Salmonella. sp, C.albicans e E. coli. Testes estão sendo efetuados in vivo. no controle dos fungos fitopatogênicos.
Instituição de fomento: FAPEAL, CNPq/PIBIC
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  óleos essenciais; antimicrobianos; extratos foliares.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004