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E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 5. Agronomia
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DA ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DOS CONSÓRCIOS DE UNIDADES PRODUTIVAS DA GLEBA IRACEMA NO MUNICÍPIO DE JUÍNA - MT - BRASIL
Patrícia Santos Lopes 1   (autor)   patysan@cpd.ufmt.br
1. Pós-Graduanda em Agricultura Tropical, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária / UFMT
INTRODUÇÃO:
O estudo de caso foi no município de Juína, onde agricultores implantaram o Projeto Agroflorestal em Consórcio Adensado (PACA) e projetos do PADIC (Programa de Apoio Direto às Iniciativas Comunitárias) que estão implementando sistemas de produção consorciados na região estudada. O objetivo foi buscar conhecer a estrutura conceitual de unidades produtivas (UP's) que vêm sofrendo ações das diferentes fontes geradoras de tecnologias principalmente voltadas ao desenvolvimento Agroflorestal. Este estudo tratou a agricultura numa perspectiva sistêmica, esta idéia se prestou a uma descrição estrutural da realidade, onde foi percebida a diferença entre esta, a realidade, e sua representação. De acordo com Azevedo (2002) o ponto de partida é a aceitação da necessidade de um pré-conceito, ou arquétipo, para que os sistemas de produção agrícolas possam ser compreendidos. O conceito que compreende a constituição e a natureza desses arquétipos agrícolas é o sistema de conhecimento. Quaisquer atividades agrícolas, praticadas por agricultores estão inseridas em um conjunto de conhecimentos previamente estabelecidos por cada um dos grupos sociais a que pertence. Esse conjunto de saberes, denominado sistema de conhecimento, é construído a partir do modo pelas quais as pessoas categorizam e codificam, processam e emprestam significado às suas experiências (Arce e Long, 1992) nesse contexto estão os mecanismos de geração, compartilhamento e validação dos conhecimentos do grupo social (Azevedo, 2002).
METODOLOGIA:
Foi amostrado ao acaso 29 UP's do projeto de assentamento (P.A.) Iracema localizado a 80 km de Juína cuja estrada de acesso se da pela vicinal 5 (Br Aripuanã). Este local é dividido em três áreas distintas, subdivididas em 355 sítios, de 50ha por família de agricultores. Foi feito o mapeamento (Espacial e Social) para definição da localização das unidades produtivas e suas respectivas unidades espaciais, em duas etapas: a primeira realizada a partir das informações dos agricultores e da observação dos pesquisadores e a segunda realizada a partir de mapeamento topográfico das UP's usando geoprocessamento. Inicialmente foi elaborado um croqui geral de todo Assentamento por meio de reuniões grupais com agricultores contanto com auxílio da imagem de satélite e posteriormente foram elaborados croquis de cada uma das UP's. Foram feitas entrevistas abertas e semi-estruturas (gravadas, anotadas e depois transcritas e digitalizadas) em duas etapas; na primeira foram entrevistados membros representantes de 14 instituições que atuam no âmbito dos agricultores e em uma segunda com os agricultores do P. A. Iracema. Foram feitas caminhadas de observação direta guiadas pelo produtor, com a utilização de registros fotográficos e com o uso de GPS. As medições realizadas seguiram conforme os planos de informações obtidas nas entrevistas a respeito dos projetos consorciados (etapa 1), e a respeito da caracterização feitas por agricultores e agricultoras separadamente (etapa 2).
RESULTADOS:
Foi feito uma descrição espacial e social geral do P.A. Iracema, como se estrutura e funcionam os sistemas comunitários, de transporte e as condições das estradas, sistema de saúde e educação. Depois se fez o diagnóstico inicial, com o histórico dos produtores e suas origens, rotas de migração, e as razões para escolha da região, as expectativas ao chegar e para o futuro, a composição familiar, disponibilidade de mão de obra, escolaridade. Até chegar ao histórico das UP´s, as dificuldades atual enfrentada e ao chegar à gleba e alguns aspectos da economia. Nessa caracterização foi visto a leitura que cada gênero fez de modo distinto, todavia complementar, da utilização da terra, da mata, do sistema extrativista, assim por diante. Um enfoque, a respeito de como ficaram sabendo de consorciar espécies, o que a coordenação dos projetos estava dizendo para ser feito a respeito da recuperação de área degradada, por que resolveram implantar consórcios e o que fez igual e de diferente, quais as expectativas atuais e na época de implantação dos projetos e dos outros consórcios que surgiram independentemente. Comparação das vantagens e desvantagens dos consórcios segundo pesquisadores e agricultores através das alegações dos pesquisadores x alegações dos agricultores os gargalos relacionados à viabilidade dos SAF's e uma listagem de consórcios encontrados e espécies usadas.
CONCLUSÕES:
O que precisa é acelerar e promover não somente um estudo descritivo, bem como estudos mais aprofundados no âmbito do que foi possível ser feito pelo pequeno produtor, quais as estratégias do agricultor para misturar as plantas. Não se sabe nem ao certo quais são as espécies que estão sendo utilizadas, se desconhece essas interações e como estão funcionando, bem como os arranjos, espaçamentos e práticas de manejos adotados. Entre outras questões, estes procedimentos em funcionamento são os ideais para o agricultor? O que vem sendo proposto no âmbito dos SAF´s foi viável, está sendo viável, são todos questionamentos pertinentes que precisam ser mais bem apurados. Uma questão importante que a teoria de sistemas propõe e não está sendo aproveitado é a respeito do ajuste entre a estrutura do sistema e função dos seus componentes. Dentro do planejamento quando estruturaram os sistemas agroflorestais não foi pensado na função de cada componente e como se relacionam. É preciso salientar que uma boa estruturação, entendimento e aproveitamento das funções dos componentes, dependem do fator informação X educação o qual deve estar inserido em todo o contexto de planejamento e de elaboração do projeto. Trabalhar no sentido de facilitar a projeção de idéias do agricultor a fim de que os sistemas agroflorestais possam refletir em ganhos para os mesmos.
Palavras-chave:  Sistema Agroflorestal; Mato Grosso; Agricultura Tropical.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004