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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 2. Geografia Regional
A EVOLUÇÃO URBANA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO E OS SEUS IMPACTOS AO MEIO AMBIENTE: BARRA DA TIJUCA, UM ESTUDO DE CASO.
Marcelle Freitas da Silva 1   (autor)   celle.freitas@zipmail.com.br
Sofia Martins 1   (autor)   Sofia.ffp@yahoo.com.br
1. Depto. de Geografia, Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ
INTRODUÇÃO:
- A cidade carioca fascina a todos que se dispõem a descobrir seus segredos. Personagem, também é cenário coletivo, onde pessoas nascem ou elegem para viver, voluntária ou compulsoriamente pelo anseio de uma nova vida.
Este trabalho objetiva revelar enigmas, mistificados estrategicamente por entidades particulares e públicas, conseqüente da ação antrópica no espaço natural da cidade, especificamente à sua degradação na Barra da Tijuca e adjacências.
A Barra da Tijuca foi urbanisticamente planejada por Lúcio Costa, buscando criar uma cidade perfeita, reunindo urbanização e preservação. Pessoas com bom poder aquisitivo foram atraídas pela comercialização de um novo estilo de vida, a partir de 1970. Acompanhando a dinâmica da cidade, a elite trouxe sua mão de obra, que motivada pela inexistência de políticas públicas de habitação e transporte, que as atendesse, passa a ocupar áreas de pouco valor comercial próximas ao seu trabalho, tornando-se “vizinhos” dos patrões.
O recente desenvolvimento da região, não a impede de concentrar grandes empresas, principalmente no setor de serviços, aumentando a circulação de capital e valorizando cada vez mais a área, sede dos jogos Pan - Americanos de 2007, expressando a sua importância para o município.
A pesquisa é relevante, pois mostra um espaço produzido especialmente para a burguesia, que tem se dividido em territórios de ricos e pobres, e como cada um destes tem contribuído para acelerar o impacto ambiental na área em questão.
METODOLOGIA:
No decorrer da pesquisa foi feito levantamento de material bibliográfico e de dados numéricos, junto agências públicas, como Fundação Estadual de Engenharia e Meio Ambiente (FEEMA), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (SERLA) entre outros.
Foram realizados monitoramentos das imagens de satélite, permitindo constatar a evolução do bairro, as reformas urbanísticas, os aterros, a ocupação de encostas e a redução do espelho d’água das suas principais lagoas e canais.
Além disso, os trabalhos de campo, possibilitaram uma melhor observação da paisagem e da degradação ambiental nos diferentes territórios da Barra da Tijuca. Feitas algumas entrevistas com moradores, que vieram para a região em diferentes épocas, e principalmente, morando em condições distintas, comprovaram-se os processos evolutivos do bairro e as conseqüências que foram decorrentes deste
RESULTADOS:
A cidade do Rio de Janeiro sempre se destacou no cenário econômico nacional, sendo a sede do império português até 1889 e abrigando a capital do país até 1960. Com isso a cidade atrai ao seu solo uma burguesia, repleta de necessidades, como, lazer, habitação e mão de obra.
A construção do espaço carioca continua sendo realizada em função de uma política que valoriza o espaço de quem detem o capital, gerando uma desproporção entre a importância da sua economia e o atendimento das necessidades da maioria da população. O que é diagnosticado, quando se observa a distribuição desigual dos serviços e equipamentos urbanos, a construção de condomínios luxuosos se contrapondo ao crescente número de submoradias, a expansão das favelas, a degradação do meio ambiente e o conseqüente esgotamento dos recursos naturais.
Todos esses fatos são novos para a Barra da Tijuca, já que ela manteve-se imune ao crescimento da cidade por quatro séculos. O objetivo de se urbanizar e ao mesmo tempo preservar o espaço não foi atingido, visto que as lagoas estão sucumbindo como conseqüência dos aterros clandestinos, da ocupação inadequada das faixas marginais, pelos assoreamentos e principalmente pela deposição de esgoto, cerca de 1.200 toneladas por minuto. Segundo a FEEMA, nos últimos anos houve uma redução de 8,5% do espelho d’água deste complexo lagunar, que além de receber os sedimentos erodidos pelas chuvas também recebe lixo, entulho de obras e esgoto.
CONCLUSÕES:
Ressalta-se que os pontos mais críticos encontram-se distantes da entrada do mar, já que o assoreamento impede a circulação hidrodinâmica, e que coincidentemente são também áreas ocupadas por submoradias, que lançam o seu lixo e esgoto direto nas lagoas, diminuindo sua profundidade.
O último não vem apenas das favelas, no Canal de Marapendi, por exemplo, a adutora da CEDAE o lança in natura de forma intermitente, os condomínios da região que são obrigados a ter estações de tratamento, também o fazem. Como conseqüência disso, temos a presença de 50 mil coliformes fecais em apenas 100ml de água, segundo análise bacteriológica realizada pela FEEMA no Canal de Marapendi, tornando as águas intoleráveis para a balneabilidade.
Com muitos moradores obtendo liminar na justiça abonando o pagamento de taxas referentes ao tratamento de esgoto, sob a alegação de inexistência do serviço, os órgãos públicos têm sido pressionados, buscando fazer obras, como o emissário submarino, que vem sendo apontado como solução para o problema. Porém este deverá tratar apenas 900Lt de esgoto / seg. ao passo que a produção atual é de 3,2 mil Lt / seg., quase quatro vezes mais. Para reversão deste processo faz-se necessário uma maior participação dos poderes públicos, coibindo ações que venham a prejudicar o meio ambiente, principalmente através do cumprimento das suas responsabilidades e de uma ampla campanha de conscientização da população.
Palavras-chave:  Degradação ambiental; Ação antrópica; Urbanização.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004