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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 7. Psicologia do Ensino e da Aprendizagem
AS "IDÉIAS PSICOLÓGICAS" SOBRE AS MELHORES CONDIÇÕES DE APRENDIZAGEM- PROVÍNCIA DO PARANÁ (1854-1889)
Sheila Maria Rosin 1   (autor)   Sheilarosin@onda.com.br
1. Profª Drª do Depto de Teoria e Prática da Educação - UEM
INTRODUÇÃO:
Com o presente estudo objetivamos mostrar que as "idéias psicológicas" acerca dos processos de ensino e aprendizagem desenvolvidos pela Psicologia científica já estavam espraidas pelos documentos que discutiam questões educacionais antes mesmo de serem organizadas de forma sistematizada como objeto de estudo de uma ciência. No período estudado o objetivo da escola primária - ler, escrever e contar - vinha sendo substituído por outros mais amplos e fecundos. No contexto de valorização da escola primária, para além das funções que ela até então desempenhava, aparece a preocupação com a criança em situação escolar. Como afirma Norodowski, (1993) a criança é a base para a construção teórica do aluno. Desta forma, assuntos ligados às melhores condições para a aprendizagem como o método de ensino, o prédio e o material escolar, o número de crianças por turma, o sistema de graduação, o horário das aulas e a idade dos alunos dão a tônica aos documentos e revelam a preocupação com aspectos psicológicos do processo de ensino e aprendizagem.
METODOLOGIA:
Tomamos como fonte para a pesquisa os relatórios dos presidentes, vice-presidentes e professores do ensino primário redigidos no Paraná entre os anos de 1854 depois que a província torna-se independente da província de São Paulo e 1889 quando, por ocasião da Proclamação da República, o Paraná deixa a condição de província do Império para tornar-se Estado. Os documentos revelam, que em meio a uma infinidade de problemas a resolver, no âmbito educacional existe um crescente interesse pela criança, pelo seu desenvolvimento físico, intelectual e psicológico. Deste modo, a escola deveria respeitar as características infantis por meio de práticas pedagógicas adequadas e condições físicas atrativas.
RESULTADOS:
Nos documentos estudados aparecem referências quanto às condições externas de aprendizagem. Quando o assunto é o prédio escolar, autoridades e professores manifestam a preocupação de adequá-lo à criança verificando em sua construção: o local, a disposição, o material empregado, a fachada, a cor e a climatização. Os móveis escolares, denunciados pelos governantes por seu "aspecto repugnante" são tidos como um dos motivos para a infreqüência nas aulas. Advertem que mesas e bancos não obedecem aos padrões exigidos pelos higienistas e defendem que é preciso acomodar o banco à criança e não o inverso. O reconhecimento da necessidade de bons materiais escolares (quadro de leitura; imagens e mapas murais; contadores mecânicos; caixas e museus escolares) adequados à realidade da criança também é constante nos documentos. Outra discussão diz respeito ao melhor horário para aprender. Percebe-se então que o ensino teria melhores condições de êxito dependendo do horário do dia em que ocorresse. A manhã é defendida como o melhor período para se aprender pois nas primeiras horas do dia a criança estaria descansada. É recorrente nos documentos também a idéia de que as diferenças entre os alunos (idade, temperamento, aptidões e inteligência) tornariam improdutivo o trabalho do professor. Admite-se a necessidade de se separar as crianças em classes de acordo com a idade das mesmas, graduando também os conteúdos que seriam distribuídos de acordo com os níveis de desenvolvimento dos alunos.
CONCLUSÕES:
A investigação que procedemos nos documentos escritos por professores e presidentes da província do Paraná, no século XIX, nos possibilitou conhecer as "idéias psicológicas" que estavam sendo veiculadas por meio deles e que foram, posteriormente, desenvolvidas pela Psicologia em seus vários campos de atuação. A educação, um desses campos, fica com as idéias referentes às condições psicológicas da aprendizagem. Diante desse contexto, assuntos relacionados à psique infantil e à melhor maneira de ensinar e aprender passaram a ser recorrentes nos documentos. As discussões apresentam o reconhecimento das peculiaridades da infância em condições de aprendizagem cuja difusão se intensifica no fim do século XIX e continua no século XX como campo de investigação das ciências psicológicas e mais especificamente como conteúdo da Psicologia da Criança, da Aprendizagem e do Desenvolvimento.
Palavras-chave:  Psicologia; Educação; Ensino e aprendizagem.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004